
Publicado em 20/08/2022 - 07:26 / Clipado em 20/08/2022 - 07:26
Amamentação reduz riscos de várias enfermidades para o bebê e para a mãe
George Garcia
No Agosto Dourado, mês em que se estimula amamentação o RDTv desta sexta-feira (19/08) recebeu o médico ginecologista e obstetra, Sérgio Makabe, que é diretor da área de Medicina da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul) e também vice-presidente da comissão nacional de aleitamento materno, da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. Ele listou uma série de benefícios para o bebê e também para a mãe que amamenta.
“O leite materno é o alimento mais importante para o ser humano, evita muitas doenças tanto para a mãe como para o bebê. Por isso é importante o aleitamento materno exclusivo, ou seja, só o leite materno durante os primeiros seis meses de vida, depois desse tempo se inclui água, chá ou bolacha e nós aconselhamos que o aleitamento possa seguir até os dois anos de idade”, explica o médico.
Segundo o especialista a amamentação pode evitar muitas mortes. “O bebê que é amamentado tem menos alergia, tem menos asma brônquica, tem menos problemas de intestino, é menos sujeito a obesidade e é também um bebê que tem a parte cognitiva, o raciocínio, muito melhor. Para a mãe, por exemplo, temos a diminuição do câncer de mama, câncer do endométrio, câncer de ovário. Sabemos que o aleitamento promove também na mãe uma diminuição das doenças cardiovasculares, como enfarto, alteração de colesterol e doenças reumáticas. Então as vantagens do aleitamento materno para o bebê e para a mãe são inúmeras, além da afetividade entre a mãe e o bebê e de que é um alimento que é de graça. O aleitamento melhora a massa óssea da mulher então a mulher que amamenta tem menos problemas de osteoporose. Tudo isso são grandes benefícios para as mulheres além dos benefícios muito mais importantes também para o bebê”, diz Makabe.
Orientação
Segundo o ginecologista e obstetra as mães devem ser orientadas sobre a amamentação correta já no pré-natal e assim evitar problemas como fissuras, que muitas vezes levam a mulher a parar de amamentar. “Tem mãe com mamilo invertido, mas o bebê mama na auréola e não no mamilo, mesmo essas podem amamentar. Mas as técnicas de amamentação, o médico deve orientar sobre elas e também após o nascimento do bebê, para evitar fissuras, e a paciente vai sofrer. Essa é uma das causas de desmame precoce, porque a mãe não aguenta. O problema é a posição de amamentar que está errada, a pega está errada”, explica.
Makabe desfaz alguns mitos de que o uso de uma buchinha pode evitar as fissuras. “Não precisa passar nada no mamilo porque durante a gravidez existe um preparo normal e o corpo vai preparando, os próprios hormônios da gravidez preparam a mama para a amamentação. O problema da fissura é a posição. A mulher tem que ser treinada. A fissura pode deixar algumas bactérias entrarem e causa a Mastite ,que é uma inflamação. Só precisa de um antiinflamatório, tem que persistir e não parar de dar o leite materno”, orienta.
O especialista da USCS insiste nos benefícios para a criança. “É muito importante para o bebê pela prevenção de doenças nutricionais e metabólicas. O bebê amamentado tem menos chances de ter diabete, menos chances de ter problemas de colesterol, tem menos chance de ter obesidade. Leite materno estimula o sistema imunológico da criança, que além de mais saudável tem menos processos alérgicos.
Fórmulas
No mercado há formulas para nutrir bebês que não tiveram o leite materno, mas Makabe garante que nada pode substituir o leite materno. “As propriedades que levam a proteção metabólica e nutricional, não há como substituir. As fórmulas vão fornecer proteínas e nutrientes para os bebês. Não quer dizer que o bebê que não teve o leite materno vai ser problemático, mas o leite materno é único, nós não conseguimos fabricar alguma fórmula que possa chegar perto do leite materno”.
Existem algumas situações em que mãe não pode amamentar. “A mãe que é HIV positiva, no Brasil a gente não permite que a mãe amamente. A mãe com tuberculose em períodos de contaminação não deve amamentar, mas pode tirar o leite e dar para a criança. Nos casos de hepatites que passam pelo sangue e secreções, a mulher primeiro tem que tomar as vacinas imunoglobulinas depois ela pode amamentar. As mulheres que fazem quimioterapia, dependendo do agente quimioterápico, nós também recomendamos não amamentar. São poucas as situações em que a gente diz para não amamentar, inclusive a mulher com câncer de mama pode pois hoje as evidências não mostram que a amamentação piora a doença”, orienta o especialista.
Amas
Já foi muito comum a situação de uma criança ser amamentada por outra mulher, a chamada ama de leite. Para o médico Sérgio Nakabe, não há problema nessa situação. “O problema seria alguma contra-indicação, mas se ela já está amamentando outro bebê, não vejo problema, acho que é um ato muito solidário. No caso de uma mãe ser impedida de amamentar é melhor ter uma ama de leite do que uma fórmula. Se a mãe não pode, não tinha leite, é óbvio que nesses casos as fórmulas precisam ser utilizadas”.
Prótese
Há também muitas dúvidas de quem tem prótese de silicone nos seios, se isso pode ou não prejudicar a amamentação. O médico diz que em algumas situações isso pode acontecer então a mulher deve conversar com o cirurgião plástico antes de colocar prótese. “Depende se a prótese é colocada em cima do músculo ou atrás do músculo. Se está atrás não altera em nada, dependendo do lugar da prótese ela pode bloquear os ductos mamários, mas também depende da mulher e da mama. Por isso a gente recomenda; se vai por prótese de silicone, se ainda não tem filhos já pense na importância da amamentação e discuta com o cirurgião que tem o desejo de amamentar. As pacientes que fazem redução de mama, dependendo da redução mamária ela pode reduzir os ductos mamários. Essas cirurgias tem que ser programadas e o cirurgião plástico também tem que ter essa noção de que a mulher deve estar apta a amamentar seja reduzindo a mama ou colocando prótese. Muitas pacientes minhas têm prótese e amamentam tranquilamente”.
Por fim o médico diz que é preciso a conscientização de toda a sociedade para facilitar a amamentação. “O marido tem que ajudar, a família, os chefes, os políticos para facilitar os bancos de leite, os locais públicos devem estar mais adequados para amamentação é uma conscientização de todos”, conclui.
Veículo: Online -> Site -> Site Repórter Diário - Santo André/SP
Seção: Saúde