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Publicado em 24/03/2023 - 18:31 / Clipado em 24/03/2023 - 18:31

Tuberculose segue com casos em alta e população carente é a mais vulnerável


George Garcia
 

A tuberculose é uma doença bem antiga e associada a muitas mortes no passado, hoje, no entanto há tratamento e os serviços de saúde estão preparados e aparelhados para dar atendimento, mas as populações que vivem em habitações precárias, pessoas em situação de rua, idosos e portadores de HIV+ estão mais sujeitos a complicações. No ABC o número de casos cresceu no ano passado. Quatro das sete cidades da região que responderam ao questionamento feito pelo RD somaram em 2021 670 casos da doença, no ano passado foram 633,uma pequena variação de -5,5%. Esta sexta-feira (24/03) acontece o Dia Internacional de Combate a Tuberculose e há diversas ações governamentais para marcar a data com campanhas e ações de diagnóstico e tratamento.

Em Diadema foram 143 casos diagnosticados de tuberculose em 2021. Já em 2022, o número saltou para 192 casos e neste ano já são 33 confirmações da doença. A prefeitura informou que realiza neste mês a Busca Ativa de Tuberculose, entre os dias 15 e 28 de março. “Momento em que há a intensificação das atividades. Também participam da busca ativa, equipes do Consultório na Rua, rede hospitalar e CDP (Centro de Detenção Provisória) para identificar quem apresenta os sintomas da doença e realizar o exame específico. Desde fevereiro, médicos da rede municipal participam do curso de Atualização em Tuberculose (TB) para Profissionais da Atenção Básica, promovido pela SPDM/PAIS para atualizar as informações do Plano Nacional de Combate à Tuberculose e os protocolos para o manejo da doença. O município ainda realiza acompanhamento e tratamento supervisionado dos pacientes”.

Em Mauá o número cresceu mais e houve internações. Em 2021 a cidade registrou 140 casos e 33 internações por tuberculose, no ano passado foram 163 casos, com 35 internações. Neste ano já são 43 casos e não há pacientes internados a rede municipal. Em nota, a prefeitura de Mauá, informou que faz capacitações multiprofissionais, roda de sensibilização com os ACSs (Agentes Comunitários de Saúde) e campanha de busca ativa de sintomático respiratório todos os meses, com intensificação em março e setembro.

A prefeitura mauaense informou ainda que não há falta dos medicamentos usados no tratamento, são eles: rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol. “A faixa etária mais acometida pela doença em 2021 foi entre 20 e 29 anos, e em 2022, de 30 a 39 anos. Em 2023, entre 20 e29 anos. A necessidade de cuidados maiores é com os pacientes que apresentam maior vulnerabilidade social, econômica e, consequentemente, alimentar. E também os pacientes que após iniciarem o tratamento na UBS (Unidade Básica de Saúde) apresentem “efeitos adversos maiores” e devido a isso são referenciados para o CEMMA (Centro de Especialidades Médicas de Mauá)”, detalha a prefeitura.

Em São Caetano os números da doença caíram sensivelmente nos últimos dois anos. Em 2021 foram 27 casos, 22 no ano passado e neste ano foram confirmadas cinco pessoas com tuberculose e não houve nenhuma internação desde 2021. “Para controle da tuberculose o município está reforçando junto à Atenção Básica e Pronto Atendimento a busca ativa , principalmente naqueles pacientes sintomáticos respiratórios. A faixa etária que apresenta maior necessidade de cuidados dentre os infectados são os idosos, devido a associação com outras patologias”, diz nota do Palácio da Cerâmica.

Santo André tem o maior número de casos, dentre as quatro cidades que responderam ao questionamento do RD. Em 2021 foram registrados 260 casos de tuberculose em moradores de Santo André, sendo que 112 pessoas  precisaram de internação. Em 2022 foram 256 casos e 54 pessoas precisaram de internação. Em 2023, até o momento, foram notificados 70 casos e 11 pessoas precisaram de internação. “Atualmente, 135 pacientes estão em tratamento de tuberculose na rede municipal de saúde. Dentre os infectados, crianças com menos de cinco anos e adultos com mais de 60 anos precisam de um cuidado maior”, informou a prefeitura andreense.
Ação da prefeitura de Santo André na rua Coronel Oliveira Lima. (Foto: Helber Aggio/PMSA)

Santo André relatou uma série de ações de prevenção, detecção e combate à tuberculose, entre elas está o fluxo de dispensação de medicamentos, atualização do pessoal da saúde, criação de um Grupo Técnico de Tuberculose na secretaria da Saúde, monitoramento dos casos de tuberculose na rede de Saúde (unidades, hospitais, Centro de Detenção Provisória e outros) e ações neste mês de março, o Mês Mundial da Tuberculose com ações de prevenção, testes rápidos de HIV e ação do Consultório de Rua para abordagem e busca de pacientes vulneráveis com suspeita da doença. A prefeitura também sustenta que não há falta dos medicamentos para tratamento da doença.

Os municípios de São Bernardo, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra não responderam.

 

Tratamento

Segundo o médico infectologista e professor da Faculdade de Medicina do ABC, Juvencio Furtado, o número de casos atendidos nos hospitais públicos não param de crescer. “Todos os dias recebemos casos”, conta. Para o especialista o fator social é o principal quando se trata da tuberculose. “Quem vive em regiões com conglomerado de pessoas, cortiços e quem está em situação de rua está mais sujeito à doença, porque as pessoas ficam mais juntas e já são pessoas com outras doenças, como o HIV+, que têm algum imunocomprometimento ou subnutrição”, explica.

“Os pacientes como HIV+ que estão sem tratamento ou que tomam remédios de forma errada tendem a desenvolver uma gravidade maior da doença. Tem tratamento que pode ser ambulatorial ou com internação, mas o problema é que a situação social continua, e a doença pode se agravar ou o paciente se contaminar de novo. O paciente se trata na internação, mas depois volta para as ruas, passa a não tomar os remédios direito e o tratamento é longo, são quatro comprimidos que devem ser tomados por quatro meses, e muitas vezes o paciente abandona o tratamento”, descreve o infectologista.

Juvencio Furtado conta que dois fatores são os principais quando se trata de tuberculose, o primeiro é a demora no diagnóstico e o segundo é o abandono do tratamento. “Isso somado as aglomerações e a situação de pobreza agravam a doença que pode deixar sequelas e elas podem vir em qualquer parte do corpo, não apenas no pulmão, porque a tuberculose pode atingir outros órgãos como o sistema nervoso central ou os rins”, completa o especialista.

 

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Seção: Saúde