Publicado em 21/10/2025 - 10:14 / Clipado em 21/10/2025 - 10:14
Nova Combinação de Terapias Mostra Resultados Inéditos Contra o Câncer de Bexiga
Estudo internacional pode estabelecer um novo padrão de tratamento para pacientes em estágio avançado da doença
Fernando Maluf
Um novo estudo trouxe esperança para pessoas com câncer de bexiga em estágio avançado. Até pouco tempo atrás, a melhor opção de tratamento era a quimioterapia antes da cirurgia, que ajudava a reduzir o risco de metástases e aumentava as chances de cura. Mas essa estratégia não servia para todos: muitos pacientes não podiam receber esse tipo de quimioterapia e acabavam tendo como única alternativa a cirurgia, com resultados nem sempre satisfatórios.
O trabalho mostrou que a combinação do imunoterápico pembrolizumabe com o anticorpo conjugado à droga enfortumabe vedotina, administrada antes e depois da cirurgia, promoveu melhora significativa na sobrevida livre de eventos, na sobrevida global e na taxa de resposta patológica completa em comparação à cirurgia isolada. É a primeira terapia sistêmica perioperatória a demonstrar superioridade nesse cenário, abrindo caminho para um possível novo padrão de tratamento.
No Brasil, o câncer de bexiga merece atenção especial. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), são diagnosticados cerca de 11,3 mil novos casos por ano, o que representa aproximadamente 3,3% de todos os casos de câncer entre homens. Embora não esteja entre os mais incidentes, a doença apresenta prognóstico variável e desafiador. Nos tumores não invasivos de músculo, a sobrevida em cinco anos pode chegar a 90%, mas cai para 60% ou menos nos casos invasivos. Além disso, a taxa de recidiva após a cirurgia ultrapassa 50% em dois anos.
Por isso, os resultados do estudo são tão relevantes. Eles representam não apenas uma vitória científica, mas também um avanço com impacto humano direto, oferecendo mais sobrevida, qualidade de vida e esperança para pacientes que até então enfrentavam limitações terapêuticas importantes. Também ampliam as opções para aqueles que não podiam se beneficiar da quimioterapia convencional.
O desafio agora está em transformar essa inovação em acesso. Os resultados marcam um novo capítulo na luta contra o câncer de bexiga. O próximo passo é garantir que a esperança gerada pela ciência não se restrinja a poucos, mas alcance quem mais precisa.
*Dr. Fernando Maluf é médico oncologista, cofundador do Instituto Vencer o Câncer e professor livre-docente da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.
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