
Publicado em 27/04/2025 - 11:53 / Clipado em 28/04/2025 - 11:53
Crise do IPTU: Moradores e parlamentares denunciam valores abusivos no Rio de Janeiro
Entre ruínas e impostos: a batalha dos proprietários contra o abandono forçado no centro do Rio
Na encruzilhada entre o abandono e impostos elevados, imóveis do centro carioca se deterioram enquanto proprietários enfrentam dificuldades
Em meio à crescente preocupação com o abandono de imóveis históricos na cidade do Rio de Janeiro, um debate acalorado toma forma sobre as causas profundas desse problema urbano. O vereador Dr. Rogério Amorim (PL) levantou uma questão controversa durante audiência pública realizada na última quinta-feira: a possibilidade de que os altos valores do IPTU estejam contribuindo diretamente para o abandono de edificações em áreas centrais da cidade.
Durante seu pronunciamento, Amorim defendeu os proprietários desses imóveis, argumentando que muitos não conseguem arcar com os custos excessivos do imposto municipal, que segundo ele possui "base de cálculo errada e preço supervalorizado". O parlamentar denunciou que a situação é ainda mais grave nos casos de imóveis invadidos, onde os donos continuam obrigados a pagar impostos por propriedades às quais sequer têm acesso.
"O abandono se deu por falta de fôlego dos proprietários. Temos um IPTU completamente errado, com valores que tornam impossível que muitos proprietários mantenham seus imóveis", destacou o vereador em sua fala contundente, que expôs a complexidade de um problema que vai além da simples questão do abandono patrimonial.
A audiência pública, convocada pela Comissão de Assuntos Urbanos, ganhou caráter de urgência após um trágico desabamento ocorrido em março deste ano, quando um casarão de três andares colapsou na Rua Senador Pompeu, no Centro, resultando na morte de um homem de 38 anos. O incidente trouxe à tona a preocupante situação de centenas de edificações em estado crítico na região central.
Levantamentos apresentados durante a sessão pelo presidente da comissão, Pedro Duarte (Novo), revelam números alarmantes: das 783 construções vistoriadas por seu mandato, 112 imóveis históricos foram demolidos ou não localizados, 107 estão desocupados e 109 são subutilizados. A subprefeitura do Centro complementa o cenário preocupante, apontando aproximadamente 160 prédios em avançado estado de deterioração, representando riscos concretos à segurança pública.
O debate sobre o futuro desses imóveis mobilizou mais de 30 órgãos públicos, desde secretarias municipais até instituições federais como o IPHAN, além de entidades como o CREA-RJ e a Firjan. A busca por soluções que contemplem tanto a recuperação do patrimônio histórico quanto a justiça fiscal para os proprietários se mostra um desafio complexo para a administração pública carioca, que precisará equilibrar preservação patrimonial e sustentabilidade econômica.
"Precisamos sair daqui com uma solução concreta, entendendo que não é só a desapropriação que resolverá o problema. Temos que olhar com muito carinho para essas questões", concluiu Amorim, propondo uma reflexão mais profunda sobre um tema que afeta não apenas o espaço urbano, mas também a memória e a identidade cultural da cidade maravilhosa.
Por Ultima Hora
Veículo: Online -> Site -> Site Última Hora Online