Publicado em 03/08/2022 - 07:55 / Clipado em 03/08/2022 - 07:55
Vagas ociosas na pós-graduação da UFSM atingem 27% e a tendência é aumentar
por Rebeca Kroll
A seleção de alunos para a pós-graduação da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) registrou uma queda no número de inscritos. O edital para cursar o segundo semestre deste ano apresentou 27% de vagas ociosas. O índice é um dos maiores já registrados na instituição e tende a aumentar.
A Pós-Graduação da UFSM disponibilizou 941 vagas em 58 programas. No entanto, recebeu apenas 682 inscrições, resultando em 259 vagas não preenchidas. A redução é percebida desde o início do ano, quando o processo seletivo para o primeiro semestre apresentou 20% de ociosidade. Neste processo, foi aberto um edital extraordinário com o objetivo de completar a demanda, mas o desinteresse continuou. Das 303 vagas ofertadas, somente 175 foram ocupadas.
— Nós temos uma situação bastante preocupante porque tudo indica que esse percentual de 27% vai aumentar. Pois, é um processo seletivo, não é porque a pessoa se inscreveu que necessariamente ela está com o ingresso garantido. Além disso, ainda tem a questão de que os alunos aprovados, podem não confirmar a vaga — explica a pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa, Cristina Nogueira.
Segundo ela, esse processo já era esperado e vem ocorrendo também em níveis regional e nacional. Na UFSM, a ociosidade de vagas atinge todas as áreas do conhecimento e abrange até mesmo programas de excelência.
— Isso está muito relacionado ao cenário nacional de cortes de bolsas e de investimento. O mercado de trabalho para os pesquisadores no Brasil são as universidades e, neste momento, nós não temos possibilidade de concursos. As universidades estão sofrendo cortes importantes no seu orçamento, tanto na ciência quanto na educação. Tudo isso, certamente, tem se refletido no baixo interesse dos profissionais para realizar qualificações. — diz Cristina.
A importância da produção científica
Os impactos desta redução de ingressantes na pós-graduação serão sentidos não só na UFSM, mas no cenário nacional como um todo, pois a produção de ciência no Brasil se faz nas instituições de ensino superior. Segundo o Instituto Sou Ciência, 50% da produção científica brasileira é feita por pós-graduandos.
— A partir do momento em que nós não temos ingresso dos alunos na pós-graduação, nós estamos perdendo uma mão de obra qualificada. Quando não se investe em ciência e educação, o país perde oportunidade de progredir. Nós vamos na contramão da maior parte dos países desenvolvidos ao fazer isso. Não resta dúvida quanto menos alunos na pós graduação, menos ciência — afirma a pró-reitora.
De acordo com Cristina, a ociosidade nas vagas afeta também a excelência da instituição. A pesquisa e a ciência são fatores importantes para uma boa classificação da universidade nos rankings de ensino. Para a pró-reitora, no momento em que se perde nesse quesito a tendência é ter problemas no futuro.
— Nós estamos trabalhando juntamente com os programas para reverter esse cenário. Não podemos ficar esperando o nosso futuro ser afetado e por isso estamos discutindo internamente alternativas. Uma possibilidade é a criação de editais mais focados para públicos específicos e que inclusive possam atrair estrangeiros — destaca Cristina.
Outra medida passível de ser adotada é incentivar os alunos de graduação a praticarem ciência, através de bolsas de pesquisa, de iniciação científica e de inovação tecnológica.
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