Publicado em 31/01/2022 - 08:54 / Clipado em 01/02/2022 - 08:54
Desigualdade na distribuição de vacinas e disseminação de notícias falsas preocupam especialistas
Por Aline Carlêto
Com lugares que vacinaram apenas 50% da população e fake news sobre imunizantes, coordenadora do Centro de Saúde Global vê pandemia longe do fim
A farmacologista e coordenadora do Centro de Saúde Global (CSG), Soraya Smaili, apontou que dois fatores têm contribuído para a pandemia perdurar. Além da desigualdade na distribuição de vacinas, a disseminação de notícias falsas acerca dos imunizantes torna a luta contra Covid-19 ainda mais difícil.
Enquanto alguns especialistas apontam o fim da pandemia com o alto número de contágio, Soraya Smaili vê essa realidade distante. “As UTIs estão novamente lotadas em muitas cidades do Brasil, dado o avanço da variante Ômicron. Esta situação está estimulando o movimento antivacina”, explicou a farmacologista.
Apesar do alto contágio, Soraya Smaili menciona levantamentos dos Estados Unidos e Europa. Segundo a especialista, de 80% a 90% das hospitalizações nesses lugares são de pessoas não vacinadas ou que tomaram apenas uma dose.
Além disso, a desigualdade na distribuição de vacinas fortalece o movimento antivacina. Mesmo com alto número de vacinação no Brasil, há estados onde a imunização está abaixo de 50%. “Falta de diretrizes claras e unificadas por parte do Ministério da Saúde, já que o Programa Nacional de Imunização (PNI) encontra-se há meses sem comando”, ressaltou Soraya Smaili.
Os sintomas leves que têm sido relatados por conta da variante Ômicron é outro fator que dificulta a especialista enxerga o fim da pandemia. “A prevenção continua e deve ser reforçada com o uso de máscaras adequadas, fugir das aglomerações e isolamento dos casos positivos”, apontou a farmacologista.
Segundo Soraya Smaili, a variante pode ser três a quatro vezes mais contagiosa do que a anterior, e pode se alastrar rapidamente, como aconteceu na África do Sul, depois na Europa e nos Estados Unidos. “Aqui (no Brasil), corremos um sério risco com o número elevado de casos que já estamos verificando em pouco tempo”, alertou Soraya Smaili.
A dose de reforço protege 90% das pessoas contra hospitalizações. Os adultos não vacinados têm 13 vezes mais chances de ter caso grave da doença. Os dados foram levantadso pelo SoU_Ciência. Além disso, mostrou que cerca de 5,5% da população afirmou não confiar na vacina e 30% da população brasileira não está completamente vacinada.
A disseminação de notícias falsas coloca em risco a população e os cientistas. “Temos também que investigar e combater a contrainformação que vem de todos os lados, inclusive com ameaças aos cientistas e médicos, por meio de mídias sociais e outros mecanismos pouco transparentes. Tudo isso atrasa a vacinação, a exemplo do que ocorreu recentemente com a vacinação infantil”, apontou a Soraya Smaili.
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