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Publicado em 18/09/2021 - 09:25 / Clipado em 20/09/2021 - 09:25

Seguir a ciência é o único caminho para evitar a barbárie, afirma a Dra Soraya Smaili


Nesta semana, fatos surpreendentes ocorreram. A vacinação de adolescentes contra covid-19 foi suspensa, contrariando estudos científicos, e em também tomamos conhecimento da história dos médicos que foram obrigados a prescrever cloroquina e fármacos


Ana Paula Rogers


Após um ano e meio de pandemia no Brasil, sabemos que a ciência é o caminho possível para evitarmos danos ainda maiores. É o que defende a Profª Dra. Soraya Smaili, farmacologista da Escola Paulista de Medicina, que foi Reitora da Unifesp no período 2013-2021 e é coordenadora do Centro de Saúde Global (CSG) da universidade e do Centro SOU Ciência, lançado em julho.

Duas notícias desta semana, relacionadas à pandemia, reforçam a importância da ciência na tomada de decisões. A primeira diz respeito à imunização dos adolescentes, que foi suspensa pelo governo federal, contrariando estudos científicos. Isso porque, depois de um consenso entre especialistas e dados aceitos pela Anvisa, houve o entendimento de que os adolescentes de 12 a 17 poderiam receber a vacina da Pfizer

“A imunização de jovens contra a covid-19 seria importante para aumentar a cobertura vacinal, quanto maior o número e percentual da população recebendo a vacinação, maior será a proteção da população, com a diminuição do número de casos e de mortes”, afirmou a farmacologista Soraya Smaili, uma das coordenadoras do Centro de Saúde Global da Unifesp.

Como informado, até o dia 02 de setembro o país havia registrado cerca de 2.400 mortes de pessoas com menos de 19 anos por covid-19, sendo 43 óbitos por milhão. Em comparação com os EUA, esta foi uma taxa mais elevada, já que lá foram 444 mortes em pessoas com menos de 21 anos (5,8 por milhão). No Reino Unido, foram 3 mortes por milhão. Ou seja, as taxas de mortalidade do Brasil foram cerca de 7 a 15 vezes maiores que as dos EUA e do Reino Unido, respectivamente, segundo dados da AAP (American Academy of Pediatrics). Além disso, no Brasil, a Anvisa aprovou a utilização da vacina da Pfizer nesta faixa etária e a vacinação havia começado em vários estados. Segundo nota do estado de São Paulo 70% com primeira dose. "Infelizmente tudo isso parou e fomos surpreendidos com a orientação contrária por ordem do Presidente da República. A medida contraria especialistas, as sociedades científicas e ciência. Só não estamos a um passo do caos por que a população brasileira quer se vacinar e confia na ciência, como mostrou a recente pesquisa do SoIU_Ciência", afirma Soraya Smaili.

A outra situação desta semana, foi denunciada por médicos que prestaram serviços para a Prevent Sênior, e que foram obrigados a prescrever a cloroquina e outros fármacos do chamado kit covid para o tratamento da covid-19 em idosos atendidos no pronto atendimento. Segundo as informações, as condições em que isso foi realizado, não tiveram qualquer base científica e muito além, podem ter ferido severamente os protocolos da ética em pesquisa com seres humanos. “Este episódio remonta aos métodos cruéis utilizados no passado, que utilizaram seres humanos para experimentação e com desprezo pela vida humana. A ciência levou décadas para estabelecer protocolos rigorosos para a realização de pesquisas clínicas, existem princípios de transparência e de segurança com a vida humana. Um acontecimento como este representa um retrocesso enorme e um desrespeito à ciência, o que pode nos remete ao caminho da barbárie”, finaliza Soraya.


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