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 Blog do Lúcio Sorge

Publicado em 07/09/2021 - 09:49 / Clipado em 08/09/2021 - 09:49

Tire suas dúvidas sobre a redução de intervalo entre doses no Brasil


O PNI (Plano Nacional de Imunizações) prevê que, a partir de 15 de setembro, os estados e municípios consigam antecipar a segunda dose das vacinas contra a covid-19. De acordo com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a previsão é que, até esta data, 100% dos adultos acima de 18 anos tenham recebido uma dose de vacina contra a covid-19, sendo assim possível acelerar a conclusão dos esquemas vacinais. 

Algumas cidades, como Maceió e São Paulo, com a possibilidade de antecipação por meio da xepa das vacinas, começaram a completar os ciclos de seus moradores. O R7 conversou com especialistas para tirar todas as dúvidas sobre essa nova estratégia de vacinação do Brasil.  


Quais imunizantes poderão ser antecipados e qual será o novo intervalo entre doses?

Somente as vacinas da Pfizer e da AstraZeneca terão os intervalos reduzidos de 12 semanas para 8 semanas. A CoronaVac segue com a estratégia de até 28 após a primeira aplicação. 

"Vamos trazer para o intervalo de 8 semanas. Temos uma quantidade boa de Pfizer e AstraZeneca, mas, se tivermos algum problema com a AstraZeneca, pode ser 12 semanas. Só se tiver um problema de entrega, a partir da 12ª semana pode ser usada uma vacina heteróloga, no caso da Pfizer", explicou o ministro durante entrevista coletiva à imprensa no dia 25 de agosto. 

Confira como está o mapa da vacinação no Brasil em tempo real. 


Por que o Ministério da Saúde decidiu diminuir o intervalo entre as doses?

A evolução da variante Delta no Brasil e o avanço da aplicação de primeira dose foram apontados por Queiroga como os motivos para reduzir o período entre as duas aplicações. 

"Em função sobretudo da Delta e da necessidade de aumentar a proteção da população, estávamos tratando de reforço de dose e da antecipação para completar os esquemas vacinais", afirmou o ministro na mesma entrevista. 

Um estudo publicado pelo New England Journal of Medicine, no dia 21 de julho, apontou que duas doses da vacina anticovid da Pfizer/BioNTech ou da Oxford/AstraZeneca são mais eficazes contra a variante Delta do coronavírus Sars-CoV-2. A pesquisa se baseou em dados do Instituto de Saúde do Reino Unido no mundo real, que analisou 20 mil casos da cepa que surgiu na Índia, em outubro de 2020. 


Essa redução do intervalo entre as doses é segura?

A imunologista Brianna Nicoletti, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, salienta que não há risco em reduzir o intervalo entre doses. "É seguro antecipar as doses no que diz respeito aos efeitos adversos ou a possíveis alergias. A grande vantagem é ter a maior parte da população completamente imunizada quando temos a evolução de novas variantes acontecendo e aumentando o número de casos, e eventualmente casos graves", explicou ela.


Qual são as vantagens de tomar a segunda dose antes dos 3 meses?

"Diminuir o intervalo é extremamente interessante. Assim, temos mais gente totalmente vacinada em um espaço de tempo menor. Com isso, estamos mitigando a doença e produzindo uma segurança para a sociedade. Associado ao uso de máscara, vamos proteger mais a população e, de maneira indireta, também os que ainda não estão aptos para serem vacinados", observa Soraia Smaili, farmacêutica, professora de farmacologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e coordenadora do centro SOU_Ciência.


A antecipação da segunda dose vale para quem já se vacinou ou só para quem tomará a partir de agora?

De acordo com o Ministério da Saúde, a partir de 15 de setembro as pessoas que receberam Pfizer ou AstraZeneca há oito semanas poderão ir aos postos de vacinação para receber a segunda dose.  

No caso de São Paulo, existe a possibilidade de receber a segunda dose pela xepa.


Faz diferença receber a vacina com intervalo de 2 meses e 40 dias em vez de 3 meses, por exemplo?

A imunologista não vê obstáculos nessa redução. "Tomar na xepa com intervalo menor não tem problema nenhum. Pode variar, sim, o período que a vacina estará em ação. Porque depois de um tempo, por conta das variantes e do nosso sistema imunológico mesmo, a gente vai perdendo a memória imunológica para o vírus, então, adiantar, eventualmente, pode diminuir isso. Mas, nós não sabemos como vai ser no ano que vem, se teremos outras variantes e quando teremos de nos vacinar de novo. Acredito que agora adiantar um pouco seja uma boa tentativa de diminuir transmissão e risco de infecção", observa Brianna. 


O que os fabricantes falam sobre essa mudança?

A bula da AstraZeneca indica que a aplicação da segunda dose deve ser realizada entre quatro e 12 semanas após a primeira aplicação. 

No caso da Pfizer, a indicação é de um espaço de 21 dias. O Ministério da Saúde adotou o prazo de 12 semanas baseado em estudo feito do Reino Unido que mostrou uma maior resposta dos anticorpos nesse período.


Quem tomar agora a Pfizer vai seguir intervalo de 21 dias?

Cada município tem a liberdade de escolher a estratégia de vacinação. Porém, o PNI e a distribuição de doses de imunizantes pelo Ministério da Saúde seguirão o cronograma de oito semanas.


No caso da AstraZeneca, o intervalo de 3 meses não é o mais indicado?

"Temos estudos feitos no Reino Unido que mostram que a eficácia da AstraZeneca é melhor no intervalo de 12 semana. Mas, nesse momento, diminuir a transmissão é muito importante, para também diminuirmos a quantidade de mutações do vírus", diz a imunologista Brianna Nicoletti. 


Vai ter vacinas para todas as pessoas?

Segundo Ministério da Saúde, a expectativa do recebimento de doses neste mês garante que haverá vacinas disponíveis para todos.

"Com o quantitativo recebido em agosto, o Ministério entrega as doses suficientes para completar a D1 [primeira dose] dos brasileiros vacinados. Em setembro, a expectativa de receber mais de 60 milhões de doses, esse é quantitativo que nos dá segurança para seguir com as medidas que foram acertadas. Temos conforto suficiente em função de doses da Pfizer, para poder suprir a demanda da antecipação e a terceira dose para idosos e imunodeprimidos", afirmou Rodrigo Cruz, secretário-geral do Ministério da Saúde, em entrevista coletiva à imprensa no dia 25 de agosto. 


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