
Publicado em 29/08/2021 - 10:11 / Clipado em 30/08/2021 - 10:11
SUS, ciência e universidade se valorizam na pandemia, sugere pesquisa – 29/08/2021 – Equilíbrio e Saúde
A pandemia Covid-19 aumentou o número de brasileiros que valorizam o SUS (Sistema Único de Saúde), ciência, universidades públicas e hospitais universitários.
De acordo com levantamento recente do centro de estudos Sou_Science (Sociedade, Universidade e Ciência), antes da chegada do coronavírus, 40% dos brasileiros atribuíam importância muito elevada ao SUS. Hoje, esse número subiu para 62%.
Ao mesmo tempo, o percentual dos que dão pouca ou pouca importância ao Sistema Único de Saúde caiu de 14% para 9%.
O estudo confirmou a percepção de gestores e profissionais de saúde, que já apontaram o ressurgimento do SUS.
Sou_Ciência, centro de estudos da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), entrevistou 1.268 pessoas, sobre o declínio demográfico com base na Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) 2018 e no Censo 2010, ambos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) )
A pesquisa, realizada em parceria com o Instituto Idéia de Big Data, também mostrou o apreço pela ciência, cuja importância antes da pandemia era muito elevada, era de 47%, e agora subiu para 70%.
A porcentagem de pessoas que dão pouca ou muito pouca importância à ciência caiu de 12% para 5%.
A valorização da ciência ocorre mesmo entre aqueles que consideram o governo de Jair Bolsonaro bom ou bom (sem partido), embora o presidente tenha feito muitas demonstrações de desaprovação do método científico.
Segundo Pedro Fiori Arantes, professor de história da arte da Unifesp e um dos coordenadores do Sou_Ciência, o próximo passo da pesquisa é entender melhor esse fenômeno, que ele chama de perfis cruzados. “Os pocketnaristas são a favor da ciência e da universidade e, por outro lado, temos críticos do governo que não são a favor da ciência e da universidade”, disse.
Para Arantes, uma possível explicação preliminar para os perfis cruzados é o fato de os partidários do presidente terem renda e escolaridade superiores à média da população.
Os pesquisadores também coletaram dados associados à vacinação contra Covid-19. Do total de respostas, apenas 5,5% afirmaram não tomar nenhuma dose e nem pretendiam tomar. O resultado é semelhante ao da pesquisa Datafolha, que apontou adesão às vacinas.
O papel das universidades públicas e hospitais universitários é outro eixo de pesquisa. Nesse caso, o percentual de associados de altíssima importância passou de 42% para 59%.
Sou_Ciência também questionou os entrevistados sobre o aumento do número de universidades e instituições federais no país. Pouco mais da metade (52%) afirmou ser favorável à continuidade da expansão do ensino superior público gratuito e ao aumento desse tipo de investimento. Um segmento minoritário (8%) defendeu a privatização das universidades e / ou cobrança de mensalidades, além de reduzir os investimentos no setor.
Para Soraya Smaili, ex-reitora da Unifesp e uma das coordenadoras do Sou_Ciência, aumentar a confiança no SUS, nas universidades públicas e na ciência brasileira está interligado. Segundo ele, o Brasil tem 40 hospitais universitários que formam uma rede de atendimento decisiva durante uma pandemia e que têm um grande impacto na percepção das pessoas sobre a saúde pública.
“Nossas universidades desempenham um papel importante na promoção da saúde, realizando exames diagnósticos, fazendo pesquisas clínicas para novos tratamentos e também obtendo vacinas contra a Covid-19”, disse.
A política de cotas raciais é outro ponto articulado na pesquisa. Pouco menos da metade dos entrevistados (44%) disse ser a favor da continuidade da política pública, enquanto 19% defendeu seu cancelamento.
Outro ponto que os pesquisadores estão investigando são os métodos usados quando os entrevistados buscam informações confiáveis sobre pandemias, prevenção, tratamento e vacinas. Televisão aberta (44%), redes sociais (39%) e revistas e jornais (35%) foram os mais comentados com muitas respostas possíveis.
Pedro Fiori Arantes disse que este dado mostra que, mesmo com as redes sociais, a mídia tradicional ainda é vista como a mais segura e confiável para grande parte da população.
As comunicações oficiais do governo federal (27%) e de órgãos estaduais e municipais (31%) parecem estar um pouco atrasadas. As declarações oficiais do Bolsonaro foram citadas como uma fonte confiável de informação por 9% dos entrevistados.
Sites de institutos de pesquisa e universidades foram indicados por 32%.
“Essas informações são promissoras, no sentido de que a população está disposta a ouvir e buscar informações nas universidades, mas há uma enorme desigualdade [no acesso a esses canais] entre as pessoas de maior renda e escolaridade e as de baixa renda e menor escolaridade ”, disse Arantes, que enxerga o grande desafio da ciência no Brasil para torná-la mais acessível a uma parcela maior da população.
“É importante que universidades e cientistas promovam, divulguem amplamente e reconheçam melhor os canais”, disse Arantes.
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