Publicado em 13/07/2021 - 14:33 / Clipado em 13/07/2021 - 14:33
Recém lançado, centro de pesquisas SOU_CIÊNCIA vai investigar relações entre sociedade, universidade e ciência
por TIAGO MARCONI
“O momento que vivemos é dramático.” Com essa constatação dura, o SOU_CIÊNCIA abre seu manifesto. O centro de estudos criado com o objetivo de pesquisar as relações entre sociedade, universidade e ciência (daí o nome, SoU_Ciência) foi lançado no último dia 8 de julho, não por acaso a data em que se celebram o Dia Nacional da Ciência e o Dia do Pesquisador Ciêntífico.
O drama a que a frase inicial se refere deve-se, claro, à pandemia de covid-19, mas também à situação política do país, seja especificamente em relação à pesquisa científica – “Passamos de um orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (incluindo CNPq, Finep, FNCT) de R$ 11 bilhões (em média, entre 2012-2015) para R$ 3 bilhões em 2020 e menos de R$ 2 bilhões em 2021”, destaca o manifesto – seja de forma mais ampla: “forças contrárias à Vida e à Democracia implementam um projeto nocivo ao país. Contrárias à Igualdade, à Diversidade, à Sustentabilidade, à Cultura, às Universidades e à Ciência, articulam o aprofundamento do caos como estratégia de dominação, de autoperpetuação no poder e de predação econômica e ambiental”.
Pesquisar as conexões entre sociedade, universidade e ciência não chega a ser uma novidade. “O diferencial aqui é que é um centro independente, não é ligado à gestão [pública], não é de uma universidade só, nasceu na Unifesp e está sediado na Unifesp, mas não é só da Unifesp”, explicou ao Ciência na rua, em entrevista por Whatsapp, Soraya Smaili, coordenadora geral do centro. Smaili é mestre e doutora em farmacologia e professora titular da Escola de Farmacologia da Escola Paulista de Medicina, na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), onde foi reitora por dois mandatos, de 2013 até maio deste ano.
A variedade de instituições representadas no SoU_Ciência está bem destacada no site. Entre pesquisadores associados e integrantes do comitê científico, há gente das federais de Goiás, Rio de Janeiro, Santa Catarinal, Rio Grande do Norte, da Universidade de Brasília, das três estaduais paulistas, do Instituto Federal do Rio Grande do Sul e da Universidade da Califórnia em Berkeley.
O SoU_Ciência tem três linhas de pesquisa: o primeiro, Avaliação de Políticas para a Educação Superior e CT&I, diz respeito à universidade e à sociedade, os modelos de educação superior, acesso e ampliação do ensino superior desde a década de 1990; o segundo, Financiamento da Ciência, Universidades e Institutos, visa a fazer um levantamento histórico do tema; e o terceiro, Universidades na garantia de direitos, da democracia e da vida, tem por objetivo final contribuir para que as universidades sejam instituições cada vez mais relevantes, aprimorando métodos, ações e políticas, na garantia da cidadania e da vida em um futuro próximo de reconstrução nacional.
Importante: as chamadas dos editais para bolsas de pesquisa, nos níveis de pós-doutorado e iniciação científica, estão abertas até sexta-feira, 16 de julho.
“O centro é um local de pesquisas, de discussão, de debates e também de opinião”, conta Smaili. “Serão artigos, textos de opinião, que podem ser escritos pelos nossos pesquisadores associados, mas também alguns pontos de notícias, como o ‘Ciência em pauta’, em que utilizamos notícias importantes da atualidade e comentários dos nossos pesquisadores que se relacionem com aquele tema especificamente”. Em breve haverá também uma seção ‘Universidade em pauta’, com foco mais específico. “A ideia é termos pelo menos uma notícia por dia no ‘Ciência em pauta’ e também artigos de opinião de uma a duas vezes por semana. Além dos nossos estudos, que, conforme tivermos, estaremos também divulgando”, acrescenta a coordenadora.
Para que a relação entre ciência e sociedade não fique apenas como objeto de pesquisa, o SoU_Ciência pretende estabelecer parcerias na área de divulgação científica e seus pesquisadores estarão disponíveis para palestras em escolas (e universidades, claro). De acordo com Smaili, já há solicitações.
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