Publicado em 05/01/2022 - 08:05 / Clipado em 06/01/2022 - 08:05
Reinfecção não deve desvirtuar vacinação e cuidados contra covid-19
Alerta é de especialistas esclarecendo sobre mitos e verdades acerca do assunto
Os recentes anúncios de reinfecção por covid-19 em pessoas já imunizadas com as vacinas anticovid estão criando um grande debate sobre a eficácia e notícias falsas que questionam a qualidade dos imunizantes. A cantora Preta Gil, o ex-jogador Ronaldo, o cantor Caetano Veloso e outros divulgaram que receberam o diagnóstico positivo para a doença e levantaram diversas dúvidas, entre elas: se a vacina é eficaz, porque ela não acaba com a pandemia?
Para alertar sobre os perigos da desinformação e responder perguntas como essas, o Centro SoU_Ciência (Centro de Estudos Sociedade, Universidade e Ciência da Universidade Federal de São Paulo - Unifesp) preparou um material informativo que fala sobre mitos e verdades na reinfecção por covid-19, mesmo em pessoas vacinadas. Um dos mitos é acreditar que somente a vacina é capaz de dar fim à pandemia.
Combate
A infectologista Andréa Beltrão, em Belém, explica que “muitas vacinas já foram responsáveis por controlar e até mesmo extinguir muitas doenças graves, como a poliomielite e a varíola”. “A vacina pode não ser a única responsável pelo fim da pandemia, mas ela sem dúvida alguma está sendo responsável pelo controle da doença. Cada um precisa fazer a sua parte e assumir suas responsabilidades para dar fim à pandemia”, frisa a médica.
O aumento de casos de infecção de covid-19, mesmo com grande índice de vacinados, ocorre “pelo surgimento das novas variantes, que só vão parar de surgir quando a maioria da população mundial for vacinada”. “Depois que essa pandemia passar não vamos poder continuar pensando que somos de países ou raças diferentes. As medidas precisam ser coletivas para que a pandemia termine ou pelo menos tenha um melhor controle”, enfatiza Andréa Beltrão.
Para a infectologista, a dose de reforço é importante, “principalmente para aqueles que tomaram as duas doses da coronavac, por essa vacina ter uma menor eficácia que as demais, e para população que não é capaz de ter uma boa resposta vacinal”. “Podemos saber quem tomou a coronavac, mas não sabemos quem terá uma melhor resposta vacinal. Não podemos dizer que só os idosos respondem menos à vacina. Se os estudos mostrarem que há uma melhor resposta com uma quarta dose, por que não fazer uma quarta dose”.
Defesas
Andréa Beltrão destaca que para se evitar a propagação de desinformação sobre a vacinação, deve-se propagar informações focando na solução e não só no problema. Ressalta que “problema atrai problema; tudo na vida precisa de equilíbrio”. “Acredito que todos estão muito bem informados, mas só ouvem o que querem ouvir”.
A vacina serve para estimular o organismo a produzir defesas contra uma certa doença, reforça a médica. A produção dessas defesas, no caso os anticorpos, depende da imunidade de cada um. “E como melhorar essa imunidade? Tendo uma vida mais saudável possível: dormindo 8h por dia, praticando atividade física, tendo mais equilíbrio emocional ( praticando o respeito, amor e empatia) e uma alimentação mais saudável”, acrescenta.
Medidas
Outro ponto importante é o alerta que diversos cientistas e entidades fazem sobre o risco de aglomerações e o abandono nas medidas de proteção, como o uso de máscaras e álcool em gel. "As vacinas estão salvando milhões de vidas, elas oferecem a camada de proteção mais importante, mas precisamos das medidas não farmacológicas, como a continuidade do uso máscaras, a sequência do distanciamento físico, evitando locais fechados e com aglomeração para o combate ao coronavírus”, explica Luiz Carlos Dias, professor da Unicamp, membro do comitê científico do SoU_Ciência e membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC).
O SoU_Ciência repassa que atualmente o Brasil tem quase 76% da população vacinada com a primeira dose, 67,2% completamente imunizada e 13,4% já com a dose de reforço. “Ainda temos cerca de 24% ou pouco mais de 51 milhões de pessoas no Brasil sem nenhuma dose, além de cerca de 35 milhões de crianças na faixa de 0-11 anos que, se forem vacinadas, farão o Brasil ultrapassar 90% de sua população imunizada. Avançamos muito em um ano, o que representa uma vitória gigantesca da ciência, da defesa da vida contra o ódio, contra o negacionismo e contra os antivacinas. Isso, apesar das adversidades e da falta de campanhas nacionais de esclarecimento da sociedade por parte do Ministério da Saúde e do desserviço prestado por alguns políticos, jornalistas, líderes religiosos, ex-atletas, pseudocientistas e médicos charlatães que insistem em combater as vacinas com muita desinformação”, conclui Luiz Carlos Dias.
Veículo: Online -> Site -> Site O Liberal - Belém/PA