Publicado em 22/04/2023 - 08:36 / Clipado em 24/04/2023 - 08:36
Estudantes de baixa renda das universidades federais reclamam da falta de assistência estudantil
Para professores e pesquisadores, a recuperação das universidades federais, mesmo com mais recursos, deve levar um tempo. E será preciso prever um orçamento mais robusto para o ano que vem.
Uma das maiores reclamações entre os estudantes de baixa renda nas universidades federais é a falta de assistência estudantil. Na última reportagem da série sobre a situação desoladora nessas instituições de ensino, o Jornal Hoje ouviu especialistas em educação e também o governo para entender os principais caminhos de solução para essa crise.
Muitos alunos que passaram pelo crivo e foram considerados em situação de vulnerabilidade social, e, portanto, aptos a receber uma bolsa, não conseguiram ajuda.
“A gente precisa de fato ter um orçamento que consiga ter políticas estruturantes de moradia, políticas de bandejão, de melhorias da estrutura do bandejão, mas também de expansão, né?”, diz Jefferson Roza, estudante de Estudos de Mídia da UFF.
Nos últimos cinco anos, as verbas de custeio e assistência estudantil das universidades caíram de R$ 8,6 bilhões, em 2018, para R$ 4,4 bilhões, em 2022, em valores corrigidos pela inflação. É uma queda de quase metade do dinheiro para pagar água, energia, bolsas de estudo e prestação de serviços, por exemplo.
Soraya Soubhi Smaili, coordenadora do Sou Ciência e professora da Unifesp, lembra que a falta de verba não afeta apenas o dia a dia dos estudantes do ensino superior, mas está minando o maior celeiro de produção científica do Brasil.
“Mais de 80% da pesquisa da ciência no nosso país é produzida nas nossas universidades, então, nós temos que lembrar que esta ciência só pode ser produzida se houver investimento, que não é gasto, é investimento”, diz.
No final de março, o presidente Lula encaminhou um projeto de lei ao Congresso Nacional para liberar R$ 4,1 bilhões do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Dinheiro para projetos nas áreas de ciência, tecnologia e inovação.
Para Helena Nader, presidente da Academia Brasileira de Ciências, os parlamentares precisam aprovar esse projeto de lei com urgência. “Porque se não, não vai ter recurso. Não terá financiamento para projetos que já estão aprovados”, explica.
O ministro da Educação, Camilo Santana, disse que o governo trabalha em regime de urgência para atender as universidades.
“Estamos garantindo uma recomposição orçamentária para as universidades, nós queremos construir um plano diretor, um planejamento para os anos futuros para que a gente possa garantir condições adequadas para atendimento nos campi para os estudantes, assistência estudantil, ampliação de cursos, definir quais são as vagas que nós temos que ofertar e ampliarmos para determinados cursos, portanto é um planejamento que está sendo construído tanto para as universidades federais quanto para os institutos federais também, que terão também a sua recomposição orçamentária. Portanto, é um compromisso do presidente Lula, do ministério de fortalecer e garantir a recomposição e a recuperação dessa situação crítica de algumas situações de infraestrutura em campi das universidades”, diz o ministro.
Para professores e pesquisadores, a recuperação das universidades federais, mesmo com mais recursos, deve levar um tempo. E será preciso prever um orçamento mais robusto para o ano que vem.
Autor: Jornal Hoje
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