Publicado em 25/10/2022 - 14:53 / Clipado em 25/10/2022 - 14:53
Às vésperas do 2º turno, divulgadores científicos lamentam cortes e falta de verba
Nas redes do meio científico, não deixaram passar em branco as decisões erradas da gestão de Bolsonaro em relação à ciência #NúcleoNasEleições
Mellanie Dutra
Na reta final das eleições, divulgadores científicos usaram as redes para lembrar dos cortes nas pesquisas e da falta de investimento em áreas importantes, como educação e saúde, que marcaram o atual governo.
Uma série de problemas que vão além do menor repasse à ciência. A professora e coordenadora no Blogs de Ciências da Unicamp, Ana Arnt, lamentou a falta de critérios técnicos para o Plano de Ações Articuladas (PAR), o qual faz parte do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
ALGUÉM VIU O REPASSE PARA A CIÊNCIA?
Levantamentos recentes realizados pelo Sou Ciência, uma iniciativa da Unifesp, revelam que quase R$ 35 bilhões não foram repassados para a ciência durante o período de 2010 a 2021.
Com isso, diversos editais de fomento a pesquisa foram diretamente impactados e prejudicados, como comentou o professor e neurocientista Vinicius Ribas.
A situação se agrava ainda mais porque parte desse dinheiro vai para o pagamento das bolsas de pesquisa, que garantem que muitos pós-graduandos deem seguimento aos seus mestrados e doutorados.
A falta desse repasse também impossibilita os próprios projetos de pesquisa, como lembrou a professora da UFRGS, Marcia Barbosa.
O biomédico e divulgador científico Lucas Zanandrez, do canal Olá Ciência, reforçou que os cortes impedem a abertura de editais de apoio a pesquisa e inovação, prejudicando diretamente a ciência brasileira.
O neurocientista Stevens Rehen não deixou de notar que mesmo a arrecadação tendo crescido, o repasse para a ciência durante o governo Bolsonaro reduziu.
O biologista e mestrando em biodiversidade e conservação, Edenilson de Souza, reforçou que a solução de problemas que tanto assolam a nossa sociedade atual passa pela ciência, a qual precisa de investimento e que cortes sucessivos como os observados nos últimos anos comprometem diretamente a formação de novos cientistas e a continuidade de projetos de pesquisa relevantes para todos os setores da sociedade.
POLÍTICA E CIÊNCIA PRECISAM CONVERSAR MAIS
Diante desse cenário e com o problema do negacionismo, a professora da UFRJ, Tatiana Roque, escreveu na última edição do Polígono, sobre a proposta de uma Bancada da Ciência no Congresso Nacional.
“O debate científico torna-se cada vez mais presente nas disputas sobre políticas públicas. Daí a importância de termos pessoas qualificadas debatendo o tema na arena política”, afirmou Roque.
De fato, quando ciência e política passam a conversar, decisões melhores têm mais chances de serem tomadas para o bem-estar e o progresso da sociedade.
Essa discussão, aliás, vem ganhando espaço em revistas científicas como a Nature Ecology & Evolution. Sim, cientista também tem que falar sobre política.
Porque investimento em ciência só traz vantagens.
No contexto da saúde, a iniciativa de divulgação científica Olá Ciência deu exemplos disso com uma série de cinco vídeos na temática "Saúde é investimento", pois não só ajuda a lidar com emergências de saúde pública como a reduzir reduzir os impactos das mudanças climáticas.
https://nucleo.jor.br/poligono/2022-10-25-cortes-ciencia-eleicoes/
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