Publicado em 14/07/2022 - 08:29 / Clipado em 15/07/2022 - 08:29
Pesquisas do SoU_Ciência mostram onde foram parar os R$ 35 bilhões desviados da Ciência e Tecnologia
Universidades sofreram com mais de 50% de queda nos recursos de custeio e de 96% nos recursos de investimentos nos últimos anos
SALA DA NOTÍCIA Andreia Constâncio
Pesquisas do SoU_Ciência mostram onde foram parar os R$ 35 bilhões desviados da Ciência e Tecnologia
Universidades sofreram com mais de 50% de queda nos recursos de custeio e de 96% nos recursos de investimentos nos últimos anos.
Apesar disso, muitas delas realizaram mais de mil ações nesta pandemia em mais de 500 municípios.
As Universidades Federais e Estaduais têm papel fundamental no desenvolvimento da pesquisa e na produção de Ciência e Tecnologia em nosso país. Em 2020, 53,3% dos estudantes de Mestrado e Doutorado, 52,2% dos Programas de Mestrado e Doutorado e 54,9% dos docentes que atuavam na pós-graduação estavam nas Universidades Federais. Isto significa que mais da metade da pós-graduação e da pesquisa do país é realizada nas Universidades Federais.
No entanto, nos últimos tempos, constantes cortes de verbas e remanejamentos para outros órgãos por parte do governo federal continuam atingindo o funcionamento das instituições e a oferta de bolsas para os alunos mais pobres.
Tentando trazer a público informações sobre estes e outros problemas, o Centro Sou_Ciência divulgou nas últimas semanas pesquisas que poderão auxiliar nos debates e projetos para o setor de educação e ciência no país.
O painel das Universidades Federais em Defesa da Vida, por exemplo, foi desenvolvido em colaboração com a Andifes (Associação dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior) e mostra como boa parte de nossas universidades se organizou e atuou durante a pandemia.
O levantamento apontou que mais de mil ações foram realizadas nesta pandemia em mais de 500 municípios, com destaque para as áreas de pesquisa, telessaúde, comunicação e combate à fome. De acordo com os pesquisadores do Sou_Ciência , ainda em 2022, outros dados serão divulgados, não só sobre as universidades federais, mas também sobre as estaduais e outras instituições de pesquisa.
Já o segundo painel divulgado, realizado com o apoio do Instituto Serrapilheira, compilou e analisou um levantamento sobre o financiamento das universidades federais ao longo dos últimos anos, mostrando a derrocada que estas instituições sofreram, com mais de 50% de queda nos recursos de custeio e de 96% nos recursos de investimentos.
A plataforma mostrou também o papel importantíssimo das Fundações de Amparo à Pesquisa dos Estados e como auxiliaram a manutenção neste período de extremas dificuldades. Mas o mais surpreendente foi a constatação do brutal corte nos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) e também seu desvio de finalidade. Foram quase R$ 35 bilhões (R$ 34.887.579.013,69) dos R$ 64 bilhões arrecadados pelas fontes financiadoras do FNDCT que deixaram de ser destinadas às políticas de Ciência e Tecnologia nos últimos anos no Brasil (em termos nominais), e grande parte desta verba utilizada para amortização da dívida pública por dois anos.
Ou seja, recursos que foram arrecadados especificamente para serem investidos na Ciência foram "confiscados" por uma manobra do atual governo e redirecionados para o Tesouro. Mais uma vez a Ciência e Educação foram prejudicadas em detrimento de outros interesses.
Atualmente, já estão contingenciados R$ 2,5 bilhões do FNDCT. O PLN nº 17/2022, de autoria do governo federal e votado nesta terça-feira (12/07) no Congresso Nacional, visava cortar ainda mais os recursos do FNDCT, mas a mobilização de pesquisadores de várias universidades e instituições conseguiu apoio dos parlamentares e, por 10 votos de diferença, foram suprimidos os dispositivos referentes ao fundo da ciência.
Apesar das dificuldades, grande parte da população confia nas universidades públicas e na ciência, como mostrou pesquisa de opinião do SoU_Ciência. Prova disso é que a credibilidade dos cientistas brasileiros, especialmente os das instituições públicas, aumentou em mais de 40% nos últimos três anos.
A Profª Dra. Soraya Smaili, farmacóloga da Unifesp e coordenadora do SoU_Ciência, faz questão de ressaltar que, ao lançar publicamente suas pesquisas, o centro tem como objetivos contribuir com a defesa da ciência, das universidades e institutos e aportar subsídios a agendas e programas de governo em debate neste ano de eleições presidenciais.
“São dados importantíssimos para que toda a sociedade conheça o trabalho das universidades públicas e dos institutos de pesquisas, além dos problemas reais que hoje enfrentamos de cortes e repasses de verbas, que atrasam as pesquisas e o próprio crescimento econômico e social do Brasil”, frisa Soraya.
Os painéis Universidades Federais em Defesa da Vida e Financiamento das universidades federais estão à disposição da sociedade no site do SoU_Ciência.
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