Publicado em 08/07/2022 - 07:59 / Clipado em 08/07/2022 - 07:59
A Ciência nos guiará ao Brasil que precisamos
Celebramos 1 ano do Sou Ciência e a atuação ímpar dos pesquisadores em todo país
Soraya Smaili
Maria Angélica Minhoto
Pedro Arantes
SÃO PAULO
O Dia Nacional da Ciência, comemorado em 8 de julho, foi criado por lei em 2001 e depois reafirmado como dia dos Pesquisadores e Pesquisadoras por outra lei em 2007. A data também celebra o aniversário da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), fundada em 1948, e, em 2022, marca o primeiro ano de existência do nosso centro de estudos, o SoU_Ciência.
Ainda que o 8 de julho seja lembrado todos os anos, talvez, neste ano em específico, a data seja celebrada de forma muito diferente em comparação às comemorações anteriores. Hoje, passados mais de 2 anos de uma pandemia que marcou nossas gerações, para a qual perdemos milhares de vidas no Brasil e que ainda nos ameaça, fazer ciência é resistir aos retrocessos e celebrar a vida.
Apesar de todas as tentativas de negar a ciência, de todos os esforços para negar a importâncias de nossas universidades e institutos de pesquisa, estamos de pé. Apesar de uma parte do governo federal e dos atuais governantes tentarem gritar, espernear e se sobrepor, seguimos trabalhando.
Certamente os custos desses esforços são altos para os pesquisadores e pesquisadoras, mas também carregamos a certeza de que somos fortes e que nossas instituições, que estão a serviço de nosso país e de nosso povo, não serão derrubadas.
Com alegria vimos, neste mesmo período, que quanto mais nos chamavam de "zebras gordas", entre outros ataques, mais mostrávamos à população a capacidade instalada de fazer ciência e contribuir com a sociedade - uma capacidade adquirida por anos de trabalho e investimentos de governos anteriores a este.
Ao celebrarmos o primeiro ano de estudos do SoU_Ciência, que congregou mais de 25 pesquisadores associados e 36 membros no seu Comitê Científico, de diferentes instituições, com o apoio de recursos do Orçamento Federal, da Fundação Tide Setubal e Instituto Serrapilheira, e na divulgação por parte da Folha de S. Paulo, estamos também realizando duas entregas significativas à sociedade.
Resultados de pesquisas que poderão auxiliar nos debates para o momento eleitoral que se aproxima. O painel das Universidades Federais em Defesa da Vida, por exemplo, foi desenvolvido em colaboração com a Andifes (Associação dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior) e mostra como boa parte de nossas universidades se organizou e atuou durante a pandemia.
Trata-se de um importante levantamento, que apresenta mais de mil ações realizadas em mais de 500 municípios e distribuídas em 5 grandes eixos. Ganham destaque as áreas de pesquisa, telessaúde, comunicação e combate à fome. Ainda em 2022, mais dados serão divulgados não só sobre as federais, mas também sobre as universidades estaduais e outras instituições de pesquisa, como a Fiocruz.
Já o segundo Painel, realizado com o apoio do Instituto Serrapilheira, compilou e analisou um levantamento sobre o financiamento das universidades federais ao longo dos últimos anos, mostrando a derrocada que estas instituições sofreram, com mais de 50% de queda nos recursos de custeio e de 96% nos recursos de investimentos.
A plataforma mostra também o papel importantíssimo das Fundações de Amparo à Pesquisa dos Estados e como auxiliaram a manutenção neste período de extremas dificuldades. Mas, o mais surpreendente, foi a constatação não só do brutal corte nos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), mas também o seu desvio de finalidade.
Ou seja, recursos que foram arrecadados especificamente para serem investidos na Ciência, foram "confiscados" por uma manobra do atual governo e redirecionados para o Tesouro. Mais uma vez, a Ciência e Educação foram prejudicadas em detrimento de outros interesses.
Apesar disso, grande parte da população confia nas universidades públicas e na ciência, como mostrou pesquisa de opinião do SoU_Ciência. Prova disso é que a credibilidade dos cientistas brasileiros, especialmente os das instituições públicas, aumentou em mais de 40% nos últimos 3 anos. Enquanto os cientistas ganharam credibilidade, os políticos profissionais caminham no sentido oposto e ainda precisam melhorar muito o seu desempenho para ganhar força junto à sociedade.
Quem conseguir realmente entender esta mensagem e a importância do fazer científico para o desenvolvimento do país, estará entendendo o que está em jogo. Nós, como brasileiros e brasileiras, merecemos e devemos eleger políticos verdadeiramente comprometidos com a Educação e com a Ciência. Que essa seja uma das lições aprendidas com a pandemia.
Neste Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador e Pesquisadora, vamos celebrar nossa capacidade de atuar e transformar mesmo diante das condições mais adversas. Vamos celebrar a vida!
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