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 Blog Cabresto

Publicado em 24/08/2021 - 09:05 / Clipado em 25/08/2021 - 09:05

“É possível planejar e já iniciar a terceira dose (dose de reforço), mas não podemos descuidar da prioridade: vacinação em duas doses é a medida mais fundamental”, afirma Soraya Smaili, farmacologista da Escola Paulista de Medicina da Unifesp e coordenadora do Centro SOU_CIENCIA


Profª Draª Soraya Smaili


Para a especialista, o otimismo exagerado com a redução no número de mortes pela doença no Brasil, fruto do avanço da vacinação, tem feito com que governos estaduais se apressem em seus planos de flexibilização, o que traz à população uma falsa sensação de fim da pandemia e um natural e perigoso relaxamento. “É preciso manter todas as medidas sanitárias e de distanciamento”.

A necessidade da terceira dose da vacina contra Covid-19 já está sendo discutida pelos especialistas. Apesar de ainda não ser consensual, por falta de evidências robustas, o tema já é alvo de debate, especialmente para as vacinas que requerem duas doses. Para a Profa. Dra. Soraya Smaili, farmacologista da Escola Paulista de Medicina da Unifesp, coordenadora do Centro de Saúde Global e do Centro SOU CIÊNCIA da Unifesp, e reitora no período 2013-2021. “É preciso fazer o planejamento da dose de reforço imediatamente e iniciar o quanto antes, mas também é importante garantir que a vacina continue chegando, com agilidade e que a segunda dose seja acessível a todos os brasileiros. As duas coisas precisam ser conduzidas conjuntamente. Já temos os primeiros estudos que apontam para essa necessidade.  O objetivo é reforçar a imunização, sobretudo por conta do avanço das variantes do vírus, como a delta.”, comenta a especialista.

Na última semana, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que a aplicação da terceira dose deve começar em breve. Porém, não está claro como será feito e por que a distribuição de vacinas ainda é lenta e difícil. “O anúncio é importante, mas só isso não basta. O que vai acontecer é que alguns municípios irão fazer por conta própria, pois a diretriz política não é centralizada. Um outro problema é que as vacinas não chegam e alguns lugares têm deficiências até para a segunda dose. É uma pena que o Plano Nacional de Imunizações (PNI) tenha se transformado em uma desorganização generalizada.

Nos últimos dias dados publicados pela universidade de Oxford e outros estudos nos EUA e Israel, demonstraram que os imunizantes com base no mRNA (como a vacina da Pfizer) têm uma queda na quantidade de anticorpos após 6 meses de vacinação. O Dr. Anthony Falci, uma das maiores autoridades da área nos EUA e no mundo, aponta de maneira precisa a necessidade de uma dose de reforço, especialmente para estas vacinas. “A dose de reforço da vacina da Pfizer pode elevar a um aumento de 10X na quantidade de anticorpos, o que parece conferir uma maior proteção contra a doença e contra a variante Delta. Estes dados são evidências suficientes para planejarmos a terceira dose aos profissionais de saúde e pessoas acima de 80 anos”, afirma Soraya Smaili.


Foco na segunda dose

As medidas e anúncios entre Ministério da Saúde e os Estados continuam desordenados. Fala-se em terceira dose, que será uma dose de reforço, porém, a distribuição das vacinas deveria ser agilizada para que todos os Estados acelerem as primeiras e segundas doses também. No Brasil atingimos apenas 55 milhões com esquema de vacinação completo, pouco mais de 26 % da população. “É muito pouco e estamos muito atrasados. Além disso, as pessoas já estão agindo como se a pandemia tivesse acabado, o que é uma enorme preocupação, pois as vacinas não impedem a transmissão. Veja o que está acontecendo no Japão agora, 2-3 semana após as Olimpíadas, há um aumento estrondoso no número de casos. Isso mostra que a instabilidade é grande, de uma hora para outra as coisas se descontrolam porque a transmissão pode aumentar rapidamente e se espalhar”, explica a professora Soraya.

Na cidade do Rio de Janeiro, a variante delta já está amplamente disseminada e esta semana o Estado atingiu mais de 90% de ocupação de leitos, sendo que a principal responsável por isso é a variante delta. Por conta da variante delta, o CDC – Centro de Controle e Prevenção de Doenças (Centers for Disease Control and Prevention), nos Estados Unidos, retomou a necessidade do uso de máscaras.


A pandemia não acabou

Neste contexto, porém, o otimismo exagerado com a redução no número de mortes pela doença no Brasil, fruto do avanço da vacinação, tem feito com que governos se apressem em seus planos de flexibilização, o que traz à população uma falsa sensação de fim da pandemia e um natural e perigoso relaxamento. Entretanto, Soraya alerta que os cuidados ainda são necessários. “O mais importante agora é entender que a pandemia não acabou, apesar da suspensão precoce de medidas de quarentena em vários lugares. Que devemos continuar a vacinação e principalmente, o uso de máscaras adequadas e sem aglomerações”, finaliza.


Postado por RAFAEL AMARAL


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