
Publicado em 09/11/2022 - 07:24 / Clipado em 09/11/2022 - 07:24
ABC possui mais de 2 mil alunos com autismo nas redes municipais
Gabriel Negri
O transtorno do espectro autista (TEA) é um transtorno neurológico altamente variável. Geralmente, é identificado na infância ou adolescência e tende a seguir um curso estável. O distúrbio é caracterizado por afetar, principalmente, a comunicação e interação. Atualmente, Santo André, São Bernardo e São Caetano possuem cerca de 2,1 mil alunos assistidos na rede pública de ensino.
Rubens Wajnsztejn, neuropediatra e professor da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), explica que as causas do autismo são, em sua maioria, fatores genéticos determinados. “Não necessariamente são genes hereditários, mas a base para o surgimento do transtorno é toda genética”, explica. Fatores ambientais podem interferir também, especialmente no período da gravidez. “Alimentação da mãe e o crescimento da criança na barriga podem influenciar no surgimento do TEA”, diz.
Sobre a identificação do distúrbio, Wajnsztejn explica que os critérios devem ser preenchidos até os três anos. “Hoje em dia, temos estudado muito o diagnóstico precoce. No primeiro ano e meio de vida, já é necessário um exame para aproveitar as fazes de maturação e começar os tratamentos”, diz o neuropediatra ao contar que a avaliação médica após os três anos é considerada tardia.
A professora e psicopedagoga Alessandra Catuarani, coordenadora do Núcleo Especializado em Aprendizagem da FMABC, explica que o diagnóstico do TEA deve ser feito por uma equipe multidisciplinar. “É fundamental, que seja identificado da forma mais precisa possível, para saber se de fato é autismo e não outra comorbidade (psicológica)”, diz.
A professora explica ainda que, quanto mais cedo isso ocorrer, melhor será o prognóstico, e melhor será o resultado de interação, inclusão e adaptação do paciente no contexto escolar e social. Catuarani ainda ressalta que o nível do transtorno deve ser considerado durante o tratamento.
TEA nas redes municipais
Em Santo André, todas as unidades escolares possuem uma organização de trabalho para atender aos alunos com deficiência. Além disso, a cidade oferece, ainda, assessoria da Professora Assessora de Educação Inclusiva (PAEI) e ao professor que possui o aluno TEA em sala de aula. Há, também, atendimento no contraturno escolar nas Salas de Recursos Multifuncionais (SRM.); atendimento no Núcleo de Natação Adaptada de Santo André (Nanasa), para alunos de a partir dos 4 anos; e equipe técnica itinerante, que visita os alunos nas unidades escolares. Na rede municipal são 872 alunos matriculados atualmente.
São Bernardo informa que a cidade oferece suporte aos estudantes, como no caso de atendimento especializado no contraturno escolar com professores especialistas, além de equipe multidisciplinar, com fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, psicólogo, assistente social e fonoaudiólogo, que acompanham o desenvolvimento dos alunos. Há, ainda, atendimento individualizado e com acompanhamento de equipe, além de cuidadores que apoiam individualmente até 3 crianças, conforme orientação da equipe técnica. Atualmente, a cidade tem cerca de 800 alunos com TEA na rede municipal.
Em São Caetano, o Centro de Triagem Neonatal e Estimulação Neurossensorial e a USCA (Unidade de Saúde da Criança e do Adolescente) fazem o diagnóstico, por meio de equipe multiprofissional, e as crianças são encaminhadas para tratamento e acompanhamento no Centro de Especializado em Reabilitação, onde têm acesso a terapias. Para atender aos alunos com TEA, a rede conta com 46 professores, 18 salas de Recurso Multifuncional e 200 cuidadores. A cidade possui também um núcleo de Educação Especial, que acompanha todos os professores e o trabalho feito. Atualmente, são 445 crianças com o distúrbio na rede de ensino.
Em Diadema, as crianças com transtorno do espectro autista (TEA) são atendidas pela rede municipal de saúde e a porta de entrada é a Unidade Básica de Saúde (UBS). Além disto, a Rede de Atenção Psicossocial municipal conta com os Centros de Atenção Psicossocial (CAPSs) – entre eles o CAPS InfantoJuvenil -, unidades especializadas no cuidado multiprofissional, não somente dos casos de autismo, mas das condições de sofrimento mental. Os pais podem procurar esses serviços para avaliação e cada caso é avaliado na sua individualidade, a partir das demandas apresentadas. A cidade não forneceu dados sobre o número de crianças com TEA na rede pública.
Ribeirão Pires apenas afirmou que o município cumpre a legislação federal e municipal de emissão da Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista para prioridade no atendimento. A cidade também não forneceu outras informações.
Até o fechamento da matéria, Mauá e Rio Grande da Serra não retornaram.
Veículo: Online -> Site -> Site Repórter Diário
Seção: Saúde