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Publicado em 06/10/2022 - 18:34 / Clipado em 06/10/2022 - 18:34

Conjuscs prega integração de indústria e universidade pela reindustrialização




George Garcia


Estudo realizado pelo economista e coordenador do Conjuscs (Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo, Inovação e Conjuntura da Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Jefferson José da Conceição, mostra em números a queda da atividade industrial no ABC e aponta, para que a região volte a ser protagonista no país na área industrial, uma integração sistemática entre o setor empresarial, as instituições empresariais, o Consórcio Intermunicipal, a Agência de Desenvolvimento Econômico e as universidades da região. Essa integração, segundo explica o autor da nota técnica integrante da 23ª edição da Carta de Conjuntura, deve se tornar rotineira, com reuniões periódicas entre as empresas e os gestores dos cursos universitários para diminuir os gargalos da produção industrial.

De acordo com o estudo o valor adicionado a indústria do ABC chegou a R$ 40,8 bilhões em 2010 e nove anos mais tarde chegava a R$ 26,1 bi. O professor da USCS elogia a mobilização da Agência de Desenvolvimento Econômico em prol do Pacto pela Indústria do ABC. “É correta essa mobilização da região em prol do pacto industrial, que não é um problema só do ABC é um problema no Brasil, a indústria perdeu muito do PIB que era 25% nos anos 70 agora é 10%. As regiões industriais tradicionais como o ABC sofreram mais que outras. Acrescentávamos R$ 40 bilhões por ano e hoje nós estamos em R$ 26 bi, uma queda muito importante. Já tivemos 7,5% a 8% do total do PIB do Estado, hoje representamos perto de 5%. É uma preocupação muito grande com o que está acontecendo com o ABC”, diz o economista.

Para Jefferson José da Conceição é preciso “radicalizar” essa relação das empresas e as universidades com encontros periódicos e trimestrais entre empresas e pesquisadores. “O sistema regional de pesquisa, desenvolvimento e inovação tem que se conectar melhor e mais profundamente com a pequena, a média e a grande empresa. Com as universidades e os laboratórios vamos gerar competitividade das empresas, por isso é preciso radicalizar essa relação. Temos que ter reuniões trimestrais entre as universidades e os representações da indústria do ABC para saber quais são os desafios, quais as políticas em que as universidades e laboratórios podem ajudar, como desenvolver uma mão de obra mais adequada e aderente às necessidades da indústria, ou seja, uma política industrial bastante centrada em pesquisa, desenvolvimento e inovação”.

O economista defende que a universidade esteja presente dentro das empresas e ele lista diversas formas de cooperação.  “Temos que ter a universidade lá dentro, temos que ter pesquisadores, professores, trabalhando para o bem dentro da empresa. Isso se faz com um acordo regional em que cada parte expõe até onde pode se comprometer com um funcionamento novo. Por exemplo, como que representações empresariais podem participar mais periodicamente de reuniões com reitorias, gestores e coordenadores de curso; como a gente pode fazer um acordo de pesquisa de mestrado, doutorado e até de iniciação científica na área da graduação dentro das empresas; vamos fazer um acordo em que profissionais qualificados tenham algum tempo livre para fazer cursos de especialização e cursos temáticos bastante centrados no problema da empresa e vamos promover salas de cursos patrocinados pelas empresas dentro da universidade”, lista.

O economista que relata também o uso de laboratórios das universidades. “A gente pode fazer da região um espaço de inovações aceleradas, com isso também outras iniciativas como a construção de laboratórios, como por exemplo, laboratório de crash-test para a indústria automotiva, laboratório de som, de simulação de poluentes, de tal maneira que quando um empresário avalia a saída ou a vinda para o ABC ele considere isso. Essa é uma aposta de médio à longo prazo que envolve mudanças de funcionamento. Hoje funcionamos isolados e estou propondo uma revolução”.


Carta

A 23ª edição da Carta de Conjuntura da USCS conta com 26 notas técnicas e a participação de 51 autores, já são cinco anos de autuação do Observatório e a avaliação é que os estudos estão sendo bem recebidos. “Achamos que tem sido bem sucedido. É um espaço aberto e democrático para todas as visões da universidade, e de fora dela, sobre fenômenos que afetam a sociedade e a região. Temos conseguido promover um debate das questões mais relevantes com vários atores, com as mais diferentes áreas de conhecimento e também atores regionais. A gente conseguiu a geração de propostas, por exemplo, a Agência tem discutido propostas aqui no observatório, tem dialogado com organizações não governamentais, estamos apoiando o hub de inovação, então estamos muito contentes com os resultados alcançados até o momento”, disse Jeffferson José da Conceição, que coordena os trabalhos.

Nestas 23 edições a Carta de Conjuntura abriu espaço para inúmeros temas importantes para a região como a desindustrialização do ABC, saúde, urbanismo, habitação, enchentes, despoluição da billings, discussão sobre o SUS e o impacto da pandemia. A carta mais recente conta, inclusive com uma participação internacional, uma nota técnica que fala sobre a proteção da mulher contra a violência, nota que veio da Suécia.

Segundo o coordenador outra contribuição importante é a da nota que sugere uma lei de inovação regional e há também nota que fala sobre segurança pública e outra que fala sobre a legislação para os animais de estimação. “Mas todas chamam polêmicas”, diz o economista.


Projetos

Dentre a iniciativas do Observatório está a criação de um banco de dados regional através de um trabalho que envolveria outras instituições como a Agência e o Consórcio, além de outras universidades. “Para a gente sistematizar um banco de indicadores regionais, associado a ele, apoiar um inventário de oferta e demanda tecnológica atualizado, interativo, dinâmico e que pode ser muito útil nesse processo de aproximação entre universidades, empresas e sociedade em geral. Outra iniciativa é trabalhar novos indicadores que mensurem melhor as discussões da sociedade como, por exemplo, um indicador de inovação tecnológica e um indicador na área da participação social. Tudo isso faz parte de anseios e movimentos que a sociedade realiza, no processo de mudança constante, que precisam ser mensurados. Cabe ao observatório também discutir e estabelecer novos indicadores que apóiem essas métricas, estamos trabalhando também junto com o hub de inovação da USCS nessa aproximação com os empresários da região com vistas a identificar os desafios das empresa, sempre trabalhando com as novas ferramentas de comunicação, que ajudam a promover o debate. Todos que quiserem submeter reflexões na forma de notas técnicas podem enviar suas contribuições para jefferson.conceicao@online.uscs.edu.br que vamos analisá-las, submetê-las a uma avaliação da comissão”, conclui.


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Seção: Economia