
Publicado em 04/09/2022 - 10:55 / Clipado em 04/09/2022 - 10:55
Mais de 67 equipamentos públicos foram invadidos no ABC em 2022
Beatriz Gomes
Nos oito primeiros meses de 2022, mais de 67 equipamentos públicos foram invadidos, roubados ou vandalizados na região. Entre os equipamentos violados estão escolas, UBS (Unidade Básica de Saúde), centros culturais, CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) e CRAS (Centro de Referência da Assistência Social).
Fernando Luiz Monteiro de Souza, docente da Escola de Indústria Criativa da USCS (Universidade de São Caetano do Sul) e Doutor em Sociologia pela USP (Universidade de São Paulo), explica que os equipamentos públicos exercem um papel de distribuição de recursos. “Eles distribuem isto para todo o público, que precisa acessar estes equipamentos para garantir seus direitos como cidadãos”, diz o docente.
Na visão de Souza, os equipamentos públicos mais utilizados são aqueles ligados às áreas sociais, como saúde. “Todo o SUS (Sistema Único de Saúde), os sistemas de educação e aqueles locais que compõem a estrutura de uma cidade, como as vias públicas, os transportes, sistemas de água e energia”, explicita.
Protesto
O professor também afirma que a destruição de equipamentos públicos pode ser vista como uma forma de protesto, muitas vezes por questões de negligência ou falta de acesso. “Alguns não percebem a importância destes lugares para a vida das pessoas. Temos de analisar que a depredação dos equipamentos possui conotação política em muitos casos e não podem ser vista 100% do tempo como atos criminosos, mesmo em situações de pura criminalidade”, esclarece.
O município com o maior número de registros de vandalismo em equipamentos públicos é São Bernardo, com 27 casos em 2022.Os materiais mais furtados são torneiras e cabos elétricos. A última ocorrência foi na madrugada do dia 29 de agosto, quando ladrões furtaram a fiação elétrica da UBS no bairro Baeta Neves e deixou a unidade sem atendimento durante todo o dia. Até agosto do ano passado, foram 62 ocorrências na cidade. Para inibir o tipo de crime, a GCM (Guarda Civil Municipal) intensifica o patrulhamento preventivo e rondas ostensivas, com estacionamento de viaturas em locais estratégicos.
Diadema está em segundo lugar, com 25 casos, 10 de furto e 15 de vandalismo. Entre os locais vítimas de furto estão CAPS, UBSs, creches, EMEBs (Escolas Municipais de Educação Básica) e o Quarteirão da Saúde. Já nos casos de vandalismo, foram depredados CAPS, UBSs, EMEBS, o Centro Público Tereza Lino, o Centro Cultural Heleny Guariba e a Praça CEU das Artes.
Em Ribeirão Pires, seis locais foram alvos de vandalismo em 2022, entre escolas, ginásio, boulevard gastronômico e centros esportivos. As ações tiveram como alvo computadores e fiações elétricas.
Após as ocorrências, a Prefeitura providencia Boletim de Ocorrência e trabalha para recompor os ambientes danificados. Em alguns casos, quando há câmeras, colabora com as investigações com cessão das imagens à Polícia Civil. A GCM faz rondas ostensivas a fim de proteger os próprios públicos, porém não consegue estar em todos os locais o tempo todo, o que dá brecha à vulnerabilidade.
São Caetano teve quatro equipamentos invadidos nos oito meses deste ano, dois a menos do que no mesmo período de 2021. A Secretaria de Segurança tem seu efetivo de GCMs para fazer as rondas diárias em próprios públicos. O crime mais comum é o de vandalismo e, em casos de furto, torneiras e cabos elétricos são o principal alvo. A GCM conta com seu contingente para realizar a segurança de próprios público e rondas diuturnamente pela cidade, além de câmeras de monitoramento.
Rio Grande da Serra registrou 5 invasões e furtos em 2022, em escolas e UBSs. De acordo com a Prefeitura, botijões de gás, fios de energia, ferros e alumínios em geral são o principal atrativo dos criminosos. A cidade não possui os números de 2021.
Sem números
Santo André não informa quantos e quais equipamentos foram invadidos até agosto. Apenas diz que realiza monitoramento por câmeras em equipamentos públicos por meio do Centro de Operações Integradas (COI) e que está em andamento a ampliação no número de câmeras na cidade, o que vai colaborar na elucidação destes casos pontuais.
A cidade afirma que ainda que não há como aferir o número de ocorrências, haja visto que cada uma tem um direcionamento de acordo com a especificidade do problema. Existem ocorrências de invasões geralmente provocadas por crianças em busca de pipas e bolas que caem dentro de unidades e que são orientadas quanto aos riscos que correm. Nos casos em que o crime de roubo e furto são consolidados há em geral a constatação de subtração de peças metálicas, equipamentos de informática, ou mesmo de fiação elétrica.
Procurada, a Polícia Militar informa que não possui dados referentes à invasão, vandalismo e roubo de equipamentos públicos especificamente no ABC, mas afirma que em qualquer situação de crime, é necessário o registro de Boletim de Ocorrência.
Questionada, a Prefeitura de Mauá não se manifestou até o fechamento desta reportagem.
Veículo: Online -> Site -> Site Repórter Diário - Santo André/SP
Seção: Polícia