
Publicado em 02/09/2022 - 07:28 / Clipado em 02/09/2022 - 07:28
Furtos a residências sobem 36,8% no ABC e moradores se sentem inseguros
George Garcia
Sair de casa por poucas horas para quem mora no ABC é motivo de muita preocupação principalmente para quem já foi vítima de furto em casa ou que vê esse tipo de crime aumentando na vizinhança. Segundo a polícia o furto cresceu 36,8% comparando os meses de janeiro a julho deste ano com o mesmo período do ano passado. A Secretaria de Segurança Pública não distingue no seu levantamento mensal os tipos de furto, tirando os furtos de automóveis, que têm um índice próprio, os demais, sejam de casas, comércios, ou até furtos de celulares e de carteiras, ficam em um indicador único. Porém basta olhar nas redes sociais dedicadas aos bairros das sete cidades que é cada vez maior o número de casos publicados em que criminosos invadem residências para pequenos furtos, como o de uma bicicleta, até outros em que tudo de valor é levado.
O RD conversou com uma moradora do Jardim das Orquídeas, em São Bernardo, que preferiu que seu nome não fosse divulgado. Ela teve sua casa invadida há cerca de 20 dias e os bandidos levaram tudo de valor. Foram levados notebook, três televisores, roupas e perfumes. “Eles quebraram o miolo da chave do portão da entrada lateral e entraram na minha casa e na casa dos fundos”, disse a moradora que acredita que os bandidos monitoram as casas que pretendem atacar. “Eu sempre estou em casa durante o dia, e sempre passam pessoas na porta perguntando se temos coisas para dar, ou para recolher óleo usado. Eu desconfio que isso é só um pretexto para saber se tem gente em casa. Naquele dia eu vim do trabalho e fui para o cabeleireiro e fiquei praticamente o dia todo fora, o esposo estava viajando e minha filha não estava em casa. Acho que viram que ninguém respondeu e aproveitaram para invadir”, analisa.
A moradora disse que viveu praticamente toda a sua vida no bairro e diz que antes se sentia segura e que por isso não tinha dispositivos de segurança na casa. “A gente até vê as coisas acontecendo, mas sempre pensamos que não vai acontecer com a gente. De um ano para cá as coisas pioraram muito por aqui”, disse a moradora que já investiu na compra de equipamentos para monitorar a casa.
O morador do bairro Ferrazópolis, também em São Bernardo, disse que há exatamente um ano teve sua casa invadida por criminosos que levaram televisores, dinheiro e roupas. Há poucos dias as vítimas foram os vizinhos do morador, que são idosos, só que neste caso foi um roubo e não um furto, com os moradores feitos reféns enquanto criminosos fizeram a limpa em casa. Para ele a culpa é da inoperância da polícia. “No dia seguinte ao roubo da minha casa, eu vi as minhas coisas sendo vendidas na internet, falei com o cara que me deu até o endereço dele, levei na polícia e não fizeram nada, disseram que eu deveria fazer um boletim de ocorrência, passar as informações que eles iriam investigar. Não fizeram nada”, lamentou o morador que também já investiu em câmeras para monitorar a casa.
O morador do Ferrazópolis disse ainda que nos últimos dois anos já contabilizou 20 ataques a residências só nas imediações da sua casa, sendo os alvos mais comuns as casas das ruas Minas Gerais e José Bastos Thompson e as imediações da escola estadual Luiza Collaço. O morador estimou seu prejuízo em R$ 9 mil reais. Seus vizinhos, vítimas de roubo, perderam mais de R$ 20 mil.
O RD também já mostrou o caso da moradora do bairro Serraria, Ana Paula de Souza, teve a casa invadida no dia 13 de julho por bandidos enquanto estava fora. Diversos bens foram furtados da residência. “Eu e minha vizinha saímos de tarde para ir ao shopping, tranquei portas e portão, quando voltei, por volta das 16hs, o portão estava arrombado e a porta também. Quando entrei fui dando conta das coisas que faltavam, reviraram tudo, levaram meu microondas, panela elétrica, televisão, videogame, a bicicleta do meu filho, até a mistura que estava na geladeira eles levaram. A gente ficou em pânico, eu sou mãe de três crianças que estavam comigo e elas ficaram desesperadas. Ligamos para a polícia, mas eles disseram que não tinha o que fazer porque não tinha vítima e ficou por isso mesmo, não fizemos boletim de ocorrência”, relatou a vítima. Agora a família vítima do furto já se prepara para mudar-se de casa.
Em Santo André, no dia 22 de julho, na rua Caiçara, um homem simplesmente invade uma casa durante a madrugada, pulando o muro do vizinho e volta para a rua após ter furtado uma bicicleta e calçados da residência. (Veja vídeo do canal Viva ABC).
De acordo com os números da SSP a cidade com maior crescimento no número de furtos foi São Caetano, que passou de 654 registros de janeiro a julho de 2021 para 1.022 casos no mesmo período desse ano, uma alta de 56,3%. Em seguida vem São Bernardo que teve alta de 50,3%, os casos foram 3.234 nos sete primeiros meses de 2021 contra 4.862 neste ano. Mauá teve alta de 42,8%; Santo André 29,2; Ribeirão Pires 23,6%; Diadema, 22% e Rio Grande da Serra, 8,1%.
A Secretaria de Segurança Pública foi indagada sobre o número real de furtos à residência no ABC, mas não respondeu quantos foram. “Os delitos são analisados pelas Unidades Territoriais em Reuniões de Análise Crítica, oportunidade em que são observados os horários e características de cada delito constante nos boletins de ocorrência elaborados. Como resultados das análises dos diversos delitos, entre eles o furto de residência, são desenvolvidas as estratégias de emprego operacional”, informou a Polícia Militar, em nota. A PM disse ainda que mantém diálogo com outras forças de segurança, como as Guardas Civis Municipais para a redução dos indicadores criminais”.
Uma das formas de atuação que a PM tem implantado é o Programa de Vizinhança Solidária. De acordo com a nota a corporação informa que ele foi implantado em todas as companhias territoriais dos batalhões subordinados ao CPA/M6 (Comando de Policiamento de Área Metropolitana 6), que corresponde ao ABC e disse ainda que sua expansão é incentivada em reuniões com a comunidade. O RD também solicitou uma entrevista com o coronel Marcelo Gonçalves Gaspar, comandante da PM no ABC, mas a resposta foi de que há “restrições com relação à concessão de entrevistas que não sejam sobre ocorrências factuais e que possam ser entendidas como propaganda de governo”, conclui a nota da PM.
Veículo: Online -> Site -> Site Repórter Diário - Santo André/SP
Seção: Polícia