Clipclap

Aguarde ...

 Site Repórter Diário - Santo André/SP

Publicado em 31/08/2022 - 07:30 / Clipado em 31/08/2022 - 07:30

Preço da cesta básica no ABC está perto de ‘engolir’ salário mínimo




George Garcia


Apesar do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de julho ter registrado deflação -0,68 no país e de 0,07 na região metropolitana de São Paulo, no grupo de alimentos os preços ainda estão em alta. E um detalhe importante; o índice de preços da cesta básica, medido pela Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André) mostra que o pacote, que conta com 34 itens de alimentação, limpeza e higiene pessoal, está perto como nunca do valor do salário mínimo.

Em julho a cesta básica somou R$ 1.141,01 enquanto que o salário mínimo está em R$ 1.212,00. “Essa é uma comparação interessante, a cesta básica está quase batendo o salário mínimo”, aponta o economista e coordenador do Observatório Econômico da Universidade Metodista, Sandro Renato Maskio. O engenheiro agrônomo da Craisa, Fábio Vezzá Benedetto, também concorda com a afirmação do professor de economia. “Nunca (a cesta básica) esteve tão perto do salário mínimo. Em meados de 2011 a relação salário mínimo versus cesta básica era de 1,6, ou seja, o salário mínimo comprava mais do que uma cesta básica e meia, igual a essa que nós pesquisamos, hoje está quase um para um”, diz o engenheiro.

De acordo com Maskio a inflação dos alimentos diminuiu, mas ela ainda é positiva, mesmo com a redução do preço dos combustíveis. “Tem um fator que é muito importante, o mercado externo juntamente com o câmbio. Essa variação compete ao mercado internacional, se o dólar baixar pode ter algum efeito. O produtor tem dois caminhos, vender a R$ 100 no mercado interno ou a R$ 150 para o mercado externo, e claro que vai vender para quem paga mais. Apesar da redução de tributos, a própria variável do preço do combustível também está ligada ao mercado externo e a Guerra na Ucrânia não é favorável à redução do preço do barril de petróleo”, explica o economista da Metodista.

Para o engenheiro agrônomo da Craisa, os preços foram de alguma forma impactados no mês de julho, mas isso não se deve apenas à redução do preço dos combustíveis que, por sua vez, impactou no custo do transporte. “Além do preço do combustível, que já contribuiu para baixar alguns preços, houve também a queda de alguns commodities (produtos cujos preços são regulados pelo mercado internacional), como soja, milho e trigo, causada pela desaceleração de consumo na China e países da Europa. Tem também o momento político pelo qual o país passa e que favoreceram medidas de redução de preços, tudo isso junto contribuiu”, disse Benedetto.

Segundo o engenheiro só no grupo de alimentos, tanto da cesta básica, como frutas, verduras e legumes nas feiras livres houve recuo entre julho e agosto entre 3% e 4%. Ele também acredita que o arroz, o feijão, a carne e o leite, devem ser influenciados também pela queda das commodities agrícolas. “O arroz deve cair mais porque estamos no período em que o produtor vende o que tem armazenado para investir em nova plantação, com mais produto o preço deve cair. Também estamos no fim da entressafra de carne e leite, quando o gado passa a consumir menos ração, que é cara”, analisa.

Tanto Maskio quanto Benedetto, não esperam grandes quedas nos preços, mas pelo menos uma queda no ritmo frenético de aumentos. “Eu apostaria mais na tendência de estabilização do que de queda”, analisa o professor de economia. “Eu quero acreditar que esse seja um mecanismo de redução de preços, pois em 20 anos de acompanhamento das pesquisas esses dois anos fazem o pior momento e isso é muito ruim sobretudo para as famílias de baixa renda”, completa o engenheiro agrônomo.


https://www.reporterdiario.com.br/noticia/3147926/preco-da-cesta-basica-no-abc-esta-perto-de-engolir-salario-minimo/

Veículo: Online -> Site -> Site Repórter Diário - Santo André/SP

Seção: Economia