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Publicado em 28/08/2022 - 15:58 / Clipado em 28/08/2022 - 15:58

Usuários reclamam da falta de conexão wi-fi no espaço público do ABC



Amanda Lemos


Segundo normas da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), a partir de 2025 a rede de internet 5G deverá estar disponível nas cidades do ABC. Mas o que esperar de uma região onde os pontos de wi-fi, com sinal gratuito oferecido pelas prefeituras nos espaços públicos, seguem limitados e até inativos, como em praças, parques e até Terminal Rodoviário? É o que apontam usuários de Ribeirão Pires e Santo André.

O estudante de Arquitetura e Urbanismo, Matheus de Souza, 27, ficou feliz quando soube da instalação da rede wi-fi, em 2015, no Terminal Rodoviário de Ribeirão Pires, uma vez que poderia economizar os dados móveis de seu celular. Acontece que a internet funcionou só nos primeiros anos, e hoje está inativa nos aparelhos de celular. “No começo, assim que instalaram, dava pra usar tranquilo. Agora nem conecta no wi-fi e mesmo assim tem placas na rodoviária com o indicativo que o local tem internet”, conta.

Souza lembra que a situação se repete no Jardim Oriental, na Praça Mitio Tanaka, de Ribeirão Pires. “Também instalaram um ponto de wi-fi ali na Prefeitura pro pessoal usar, mas simplesmente não funciona. Eles davam 30 minutos de sinal grátis, mediante um cadastro, mas agora nem entra no sistema pra cadastrar o perfil”, relata.

Em 2018, Santo André também implantou rede wi-fi gratuita nos principais parques, como Central, Pignatari, Regional da Criança, Cidade dos Meninos e no CEU Ana Maria. Em nota, a Prefeitura diz que para acessar, basta conectar o dispositivo na rede Wi-Fi Livre SA e fazer um cadastro rápido para liberar a conexão gratuita. Acontece que nem todos conseguem acessar a rede andreense.

Bárbara Pretel de Souza, 22, que frequenta o Parque Central aos finais de semana, conta que por muitas vezes não consegue acessar a rede wi-fi no espaço. “Muitas vezes o celular diz estar conectado na rede, mas a internet não funciona. E não é problema no meu aparelho, porque no celular das minhas amigas acontece o mesmo. Então temos que gastar nosso pacote de dados da internet”, reclama.

A administração lembra, em nota que, na segunda fase do projeto de instalação da rede na cidade, não há investimento público, pois foi feito convênio com a operadora para disponibilizar internet em troca de publicidade. A munícipe reforça a reclamação. “A Prefeitura deveria fiscalizar e ver o que está acontecendo, ou cobrar da empresa que fornece o serviço que contratou. O que adianta divulgarem algo que não funciona?”, questiona.

Além da média de 3 mil acessos ao dia nos pontos já instalados que Santo André diz contabilizar, a pretensão é que a rede seja ampliada para outros 34 locais da cidade, sendo parques, praças, calçadão, áreas de lazer e prédios públicos. Já a Prefeitura de Ribeirão Pires não se manifestou sobre o não funcionamento do wi-fi gratuito no município.

Em São Caetano, a Prefeitura instalou rede wi-fi de última geração (Wi-Fi 6) em todas as unidades da Secretaria de Educação, como escolas, bibliotecas, escolas de idiomas e Centro de Formação de Profissionais. Foram instalados 990 pontos de acesso de rede nas salas de aula e áreas comuns de todas as unidades escolares. Já em 2018, foi lançado programa Wi-Fácil nos parques e praças.

São Bernardo disponibiliza wi-fi gratuito nos parques Raphael Lazzuri (Vila Tereza), Engenheiro Salvador Arena (Rudge Ramos), Parque da Juventude Cidade Maróstica (Baeta Neves) e Praça Giovani Breda (Assunção). A média geral de acesso dos últimos três meses foi de 6.841 acessos/mês. Para acessar, o usuário deve localizar a rede WiFi-SBC e preencher o cadastro. A Prefeitura planeja expandir o sistema para todos os demais parques do município, além de praças, conforme programa de governo de 2021 a 2024.

Já Diadema anunciou este mês que vai oferecer internet livre e gratuita em 70 pontos da cidade entre praças, equipamentos públicos e os principais centros comerciais da cidade. O edital de chamamento público para contratar empresa interessada em oferecer internet banda larga em espaços públicos de Diadema foi publicado no Diário Oficial.


Sinal de wi-fi

Ao RD, o docente da Escola Politécnica da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Claudio Alexandre Ganança, explica que é comum que o sinal de internet em espaços públicos apresente problemas. Isso porque a rede wi-fi convencional usa pontos de acesso (roteadores sem fio) que dividem seus recursos com cada equipamento que se conecta. “Portanto, para atender muitos usuários, cada um fica com uma fatia dessa comunicação”, explica.

Segundo Ganança, até mesmo os pontos de acesso mais sofisticados não foram concebidos para o uso na larga escala que um local público, a exemplo de praça ou parque pode exigir. “Lembrando que o wi-fi é o primeiro ponto da comunicação, mesmo que tenha muitos pontos de acesso, a internet propriamente dita pode ser via cabo, 4G, onde os pontos de acesso wi-fi são conectados e sofrem efeito de gargalo dos vários pontos de acesso, cada um com várias pessoas”, diz.

Por ser um sinal de onda de rádio, embora se considere um alcance de 100 metros como padrão, o especialista analisa que todo tipo de obstáculo causa perdas de potência nesse sinal, desde uma parede de concreto a um vidro temperado, ou ainda outros aparelhos eletrônicos no caminho, como forno microondas. “Nos aparelhos convencionais existem duas faixas de onda de transmissão de dados, o 2,4GHz e o 5GHz (que não é o 5G: 5ª geração). O primeiro consegue atingir mais distância, com menos velocidade de transmissão e sofre mais interferência, mas atravessa bem os obstáculos. A onda de 5GHz não tem o mesmo alcance, sofre menos interferência e tem dificuldade com obstáculos, como paredes, mas tem em torno de 10 vezes mais velocidade – bastante usada quando se está a até 10 metros de distância, dentro de casa ou de um escritório”, explica.

Atualmente têm sido lançados roteadores “Wi-Fi 6” que, segundo Ganança, entregam velocidades muito superiores que os comuns: de 55Mbps para 574Mbps na faixa de 2.4GHz e de 50Mpbs a 2402Mbps na faixa de 5GHz – além de trabalharem sem dividir velocidade com quatro e 16 aparelhos conectados ao mesmo tempo nas faixas.


5G

O 5G é a nova geração de acesso a internet sem fio, direto com as operadoras de telefonia, sem precisar dos pontos de acesso Wi-Fi, assim como é hoje o 4G. Na comparação, a estrutura 4G é capaz de atender, em geral 10 mil dispositivos por quilômetro quadrado, enquanto o 5G pode suportar 1 milhão de equipamentos na mesma área, com velocidade que pode chegar a 100 vezes mais que o 4G, trazendo respostas em 1 a 5 milissegundos dos servidores para o seu aparelho, contra as atuais de 100 a 130 milissegundos – o que é chamado de tempo de latência.

Ganança alerta que, apesar das dificuldades de acesso wi-fi na região, é importante que a população se atente com a chegada da tecnologia 5G no ABC e verifique se o aparelho celular já está pronto para um chip 5G. Isso pode ser consultado no site da Anatel: (clique aqui)


https://www.reporterdiario.com.br/noticia/3146427/usuarios-reclamam-da-falta-de-conexao-wi-fi-no-espaco-publico-do-abc/

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Seção: Cidades