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 Site Repórter Diário - Santo André/SP

Publicado em 14/07/2022 - 16:04 / Clipado em 14/07/2022 - 16:04

Criminalidade cresce no ABC; assassinatos, estupros, roubos e furtos aumentam



George Garcia


A sensação de segurança está cada vez pior para quem mora no ABC e os números oficiais da Secretaria de Segurança Pública mostram exatamente isso, os principais índices criminais tiveram aumento desde o ano passado. Como os números referentes a junho deste ano ainda não saíram, o comparativo foi feito de janeiro a maio que são os dados disponíveis no site da SSP. Assassinatos, roubos em geral, furtos e estupros subiram na casa dos 10%, mas o que mais chamou atenção foi aumento do roubo de veículos que ficou em 54,7%.

De acordo com os números foram registrados 45 homicídios nos primeiros cinco meses do ano passado e no mesmo período deste ano foram 51 casos, resultando numa alta de 13,3%. Se considerados os roubos em geral foram 7.974 ocorrências registradas em 2021 e 8.724 casos neste ano, alta de 9,4%. Aumentaram também os casos de estupro; foram 20 casos a mais neste ano chegando ao patamar de 249 ocorrências, uma alta de 8,73%.

Os celulares e os veículos são os principais itens roubados e furtados na região. O número de roubos de automóveis que somou 1.619 casos no ano passado saltou para 2.505 neste ano, o aumento foi o maior de todos os índices; 54,7%. O furto de veículo, aquele em que o criminoso leva o bem sem ter contato com a vítima, também subiu bastante no comparativo entre os dois períodos, 44,9%, passando de 2.971 casos no ano passado para 4.284 ocorrências este ano.

Rua Newton Prado, no Centro de São Bernardo, onde motocicleta foi furtada. (Foto: Google)

Relatos em redes sociais mostram que a sensação de insegurança, nos meses de junho e julho não melhorou. Um morador de São Bernardo, que pediu para não ser identificado, contou que deixou sua motocicleta parada na rua Newton Prado, uma travessa da avenida Marechal Deodoro, no Centro de São Bernardo na manhã do último dia 11 e foi trabalhar. Quando voltou, por volta das 17h50, não mais encontrou o veículo. “Peguei imagens de câmeras de segurança perto do meu trabalho e vi que minha moto foi levada por dois homens, que chegaram em outra moto. Fiz o boletim de ocorrência, mas até agora nada, minha moto não foi achada”, lamentou.

Nesta quarta-feira (13/07) câmeras de segurança flagraram um rapaz sendo abordado por dois homens em um ponto de ônibus no bairro Baeta Neves, também em São Bernardo. O jovem estava esperando o ônibus quando dois homens que estavam no ponto anunciaram o assalto e levaram seu celular, numa modalidade de crime que se tornou muito comum.

Em Diadema, também na quarta-feira (13/07), a moradora do bairro Serraria, Ana Paula de Souza, teve a casa invadida por bandidos enquanto estava fora. Diversos bens foram furtados da residência. “Eu e minha vizinha saímos de tarde para ir ao shopping, tranquei portas e portão, quando voltei, por volta das 16hs, o portão estava arrombado e a porta também. Quando entrei fui dando conta das coisas que faltavam, reviraram tudo, levaram meu microondas, panela elétrica, televisão, videogame, a bicicleta do meu filho, até a mistura que estava na geladeira eles levaram. A gente ficou em pânico, eu sou mãe de três crianças que estavam comigo e elas ficaram desesperadas. Ligamos para a polícia, mas eles disseram que não tinha o que fazer porque não tinha vítima e ficou por isso mesmo, não fizemos boletim de ocorrência”, relatou a vítima.

Agora a família vítima do furto já se prepara para mudar-se. “A segurança está péssima em todos os lugares, mas como conseguiram entrar aqui tão fácil e ninguém viu, então ficou difícil estamos traumatizados. A gente está sem segurança nenhuma, a gente se sente impotente, se sente invadido por uma pessoa entrar na sua casa, roubar suas coisas… é muito difícil”, lamenta a dona de casa.

O advogado David Pimentel Barbosa de Siena, professor de Direito Penal e coordenador do Observatório de Segurança Pública da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul) considera que o aumento dos índices de crimes contra o patrimônio podem estar diretamente ligados ao momento da pandemia; sendo que no primeiro semestre do ano passado a maior parte da população ainda não estava vacinada contra a covid-19, e tinha mais receio de sair à rua. “Essa grande variação compara momentos históricos bem distintos, até a chegada da primeira e segunda doses da vacina as pessoas estavam bem receosas de sair de casa. Na época quando os índices apontavam declínio dos crimes contra o patrimônio eu não fiquei animado porque era uma avaliação fora da curva, essa queda não seria sustentável, e viria um incremento que é o que vemos hoje”, analisa.

Professor David de Siena diz que USCS fará um levantamento sobre sub-notificação de crimes. (Foto: Pedro Diogo)

Com relação aos homicídios o professor da USCS lembra que esse tipo de crime já vinha demonstrando alta, o que tem preocupado o Observatório da Segurança. “Tenho percebido do ano passado para cá um incremento da taxa de homicídios na nossa região e no Estado. A gente tem uma série histórica muito longa, desde os anos 90 de queda dos homicídios, mas a gente vem percebendo que de 2021 para cá houve uma inflexão, pode ser uma mudança de direção. O fator que apontam para isso pode ser o maior número de armas em circulação, temos um maior número de posse de arma de fogo e isso pode estar incrementando os homicídios não só na nossa região”, disse Siena.

O Observatório também está atendo alta dos casos de estupro, que têm como maior número de vítimas crianças. “A gente sempre fica na dúvida se esse dado reflete a realidade, porque pode haver muita sub-notificação deste tipo de crime. A gente sabe que houve um aumento da notificação na região, mas analisando só a estatística oficial, não tem como medir qual foi a variação real. O Observatório tem como meta fazer uma pesquisa de campo, para medir a sub-notificação criminal na região”, anunciou o professor.

O RD tentou ouvir a Secretaria de Segurança Pública, que não se posicionou até o fechamento desta reportagem. Já a assessoria de imprensa da Polícia Militar informou que o coronel Marcelo Gonçalves Gaspar, comandante do CPA-M6 (Comando de Policiamento de Área Metropolitana Seis) correspondente à região do ABC, não poderia conceder entrevista por conta do período eleitoral. “O Centro de Comunicação Social da Polícia Militar informa que de acordo com a legislação que versa sobre período eleitoral, qualquer demanda de imprensa que não verse sobre assuntos factuais e que apresentem planos de atuação e possam representar assim ações de governo estão suspensas até o termino das eleições”, diz nota da PM.


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Seção: Polícia