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 Site Diário do Grande ABC - Santo André/SP

Publicado em 12/07/2022 - 18:04 / Clipado em 12/07/2022 - 18:04

Hospital São Luiz São Caetano realiza procedimento inédito para tratar câncer



Conhecida por Quimioterapia Intraperitoneal Hipertérmica, abordagem permite infundir diretamente no abdome uma solução com alta concentração de quimioterápicos para destruir o tumor


Da Redação


Um procedimento realizado pela primeira vez no Hospital e Maternidade São Luiz São Caetano, no ABC paulista, salvou a vida de uma paciente de 47 anos diagnosticada com um tumor raro no apêndice, uma pequena extensão do intestino grosso como se fosse uma bolsa em formato de um dedo.

Tratou-se de uma intervenção cirúrgica complexa chamada Quimioterapia Intraperitoneal Hipertérmica, conhecida em inglês como HIPEC (Hyperthermic Intraperitoneal Chemotherapy).

Essa modalidade de quimioterapia é uma maneira de infundir diretamente dentro do abdome uma solução com alta concentração de quimioterápicos, aquecida a 40ª-42ºC, que fica circulando pelo peritônio, membrana que recobre a parede abdominal e a superfície dos órgãos pélvicos e abdominais. O tempo da quimioterapia intraperitoneal pode variar de 30 a 90 minutos conforme o tumor e o medicamento utilizado.

“A solução quimioterápica aquecida torna a membrana da célula cancerígena peritoneal mais permeável. Assim, há uma maior penetração e concentração no interior das células tumorais, facilitando sua destruição”, explica Pedro Chiaramelli, cirurgião oncológico da Rede D’Or São Luiz responsável pelo procedimento.

Segundo o especialista, a HIPEC é mais eficaz e permite aplicar uma dose bem mais alta de quimioterápico do que o modo convencional que utiliza a via venosa. “Essa abordagem tornou-se o padrão no tratamento de diversos tumores que se disseminam pelo peritônio”, diz Chiaramelli. “Seus efeitos costumam ser curativos até mesmo para tumores metastáticos na região do peritônio, tratados, na maioria das vezes, com quimioterapia por via venosa com intuito apenas paliativo.”

O tratamento com a HIPEC é considerado um procedimento de alto risco, podendo haver complicações tanto durante como após o procedimento. “Depois da intervenção, o paciente vai para a UTI e fica sendo monitorado porque o organismo produz uma resposta inflamatória sistêmica que pode durar até 72 horas”, explica o cirurgião.

A paciente atendida por ele recebeu alta do hospital e passa bem. Agora, tem que fazer o seguimento com exames periódicos para verificar os resultados do tratamento.

As neoplasias malignas de apêndice são raras e correspondem a 0,2% –0,5% de todos os tumores do trato gastrointestinal. O tipo de tumor que a acometeu chama-se pseudomixoma peritoneal ou tumor mucinoso do apêndice. É um câncer que começa com uma lesão que cresce e passa a produzir mucina, um muco gelatinoso capaz de espalhar células cancerígenas pelo peritônio.

O diagnóstico não costuma ser fácil. Em boa parte dos casos, os primeiros sintomas podem ser notados somente depois que a cavidade peritoneal foi afetada, pressionando o intestino e causando obstrução intestinal. Além do inchaço abdominal, outros sintomas frequentes são dor abdominal ou na pelve, aumento do volume abdominal, perda de apetite e perda de peso, sensação de estufamento depois de comer e dificuldade de engravidar no caso das mulheres.

Antes de ser submetida à quimioterapia intraperitoneal, a paciente passou por uma cirurgia para a retirada de todos os focos do tumor. Por conta disso, seu apêndice, ovários e parte do intestino grosso foram retirados. “O objetivo dessa primeira intervenção, chamada de citorredução, é retirar a maior parte do que é possível visualizar do tumor”, afirma Chiaramelli. “A HIPEC, por sua vez, tem o intuito de atacar o câncer em nível microscópico, as células malignas que não são visíveis a olho nu.”  


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