
Publicado em 08/07/2022 - 20:02 / Clipado em 08/07/2022 - 20:02
Pará tem as cidades menos sustentáveis do Brasil, e SP, as mais; veja ranking
Ferramenta monitora todos os 5.570 municípios; todas as dez melhores estão no estado de São Paulo
Thiago Bethônico
Das 10 cidades com o pior desempenho sustentável do Brasil, 8 estão na região da Amazônia —mais precisamente nos estados do Pará e do Amazonas.
É o que mostra o IDSC (Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades), ferramenta lançada nesta sexta-feira (8) para monitorar o engajamento regional com o tema.
A iniciativa foi criada pelo ICS (Instituto Cidades Sustentáveis) e avalia a performance de todos os 5.570 municípios. Com isso, o Brasil se torna o primeiro país do mundo a fazer esse acompanhamento, segundo o instituto.
O ranking utiliza como critério os ODS, que são os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável elaborados pela ONU em 2015. Trata-se de um chamamento global para enfrentar os principais desafios da humanidade, como redução da desigualdade, proteção do planeta e promoção da paz e da prosperidade.
Cidades menos sustentáveis - Nota
1º Santana do Araguaia (PA) - 30,10
2º Lábrea (AM) - 30,15
3º Boca do Acre (AM) - 30,71
4º Acará (PA) - 30,88
5º Cachoeira do Piriá (PA) - 30,95
6º Floresta do Araguaia (PA) - 30,98
7º Nova Esperança do Piriá (PA) - 31,04
8º Amarante do Maranhão (MA) - 31,10
9º Placas (PA) - 31,23
10º Bom Jesus das Selvas (MA) - 31,36
A partir de metodologia criada pelas Nações Unidas, o IDSC atribui uma pontuação para cada município, calculada com base em dados públicos. Entre os cem indicadores observados estão emissões de carbono, famílias inscritas em programas sociais, mortalidade infantil, acesso à internet nas escolas, e desigualdade salarial por gênero.
Cada variável é transformada em uma nota, que é usada para calcular a pontuação final, numa escala de 0 a 100. Quanto maior o valor, melhor o desempenho.
Santana do Araguaia, no Pará, é a cidade com os piores indicadores do país (30,10). Um dos fatores que mais pesaram na nota foi a escolarização. Apenas 8,8% dos jovens até 19 anos completaram o ensino médio. Além disso, o município tem uma taxa de feminicídio de 17,5 por 100 mil habitantes, sendo que o valor de referência é de 1 para cada 100 mil.
Os resultados apontam para disparidades regionais já conhecidas da realidade brasileira. Todos os cem municípios com o pior desempenho, por exemplo, estão nas regiões Norte e Nordeste do país. Além disso, as três capitais com menor nota estão na Amazônia Legal.
Macapá é a última capital no ranking (40,17). Só 37% da população recebe abastecimento de água potável, e a proporção de analfabetos com 15 anos ou mais é de 6,17%, o dobro da meta (3%).
Apesar dos números, a desigualdade de renda em Macapá consegue ser melhor do que a verificada em São Paulo, que teve a melhor performance entre as capitais (62,06).
Os destaques foram para os indicadores de abastecimento de água potável (99,3% da população é atendida) e de coleta seletiva (79%), além do orçamento com saúde.
São Caetano do Sul fica em 1º lugar
Enquanto 43 das 100 piores cidades ranqueadas ficam no estado do Pará, as dez melhores concentram-se no estado de São Paulo.
São Caetano do Sul foi a cidade que apresentou os melhores indicadores de ODS, com 100% da população atendida com abastecimento de água potável e coleta seletiva.
São Paulo não tem nenhum município com nível muito baixo de desenvolvimento. Apenas cinco estão abaixo da média nacional.
10 cidades mais sustentáveis - Nota
1º São Caetano do Sul (SP) - 65,62
2º Jundiaí (SP) - 65,44
3º Valinhos (SP) - 65,16
4º Saltinho (SP) - 64,51
5º Taguaí (SP) - 64,35
6º Vinhedo (SP) - 63,78
7º Cerquilho (SP) - 63,76
8º Sertãozinho (SP) - 63,64
9º Limeira (SP) - 63,53
10º Borá (SP) - 63,45
Boa nota pode esconder problemas
Estar no topo do ranking não é necessariamente um atestado de excelência. O índice também permite ver o desempenho dos municípios em cada ODS, jogando luz para problemas que podem ficar escondidos pela boa nota.
Analisando o ODS 10, por exemplo, que diz respeito à redução das desigualdades, há fragilidades até mesmo entre os melhores colocados da lista.
A primeira colocada do ranking, São Caetano do Sul, tem um coeficiente de Gini (indicador que mede a desigualdade na distribuição da renda) de 0,54, o que indica maior assimetria —a meta da ONU para o indicador é, no máximo, é 0,3. Na capital paulista o valor é ainda maior: 0,62.
A pior classificação entre as cidades brasileiras nesse índice é São Gabriel da Cachoeira (AM), com 0,8. A título de comparação, a Namíbia é o país com pior nota do mundo (0,7), ainda assim melhor do que a cidade amazonense.
No site do IDSC, é possível pesquisar o desempenho de todos os 5.570 municípios brasileiros.
De acordo com o Instituto Cidades Sustentáveis, a ferramenta pretende gerar um movimento de transformação na gestão pública municipal.
A intenção é orientar a ação de prefeitos e prefeitas no sentido de definir metas com base em indicadores e facilitar o monitoramento dos ODS em nível local.
Capitais mais sustentáveis - Nota
1º São Paulo - 62,06
2º Florianópolis - 60,37
3º Curitiba - 60,12
4º Belo Horizonte - 59,22
5º Goiânia - 58,32
6º Vitória - 58,18
7º Brasília - 57,52
8º Campo Grande - 56,6
9º Rio de Janeiro - 56,42
10º Porto Alegre - 55,53
11º Palmas - 55,09
12º João Pessoa - 54,53
13º Salvador - 54,52
14º Cuiabá - 52,41
15º Recife - 50,89
16º Fortaleza - 50,23
17º Manaus - 49,98
18º Aracaju - 49,59
19º Rio Branco - 48,85
20º Natal - 48,03
21º Teresina - 47,29
22º Maceió - 47,23
23º Boa Vista - 47,13
24º São Luís - 45,23
25º Belém - 42,58
26º Porto Velho - 40,92
27º Macapá - 40,17
Veículo: Online -> Portal -> Portal Folha de S. Paulo
Seção: Economia