
Publicado em 07/07/2022 - 18:11 / Clipado em 07/07/2022 - 18:11
População de 4 cidades do ABC envelhece mais do que o índice estadual
George Garcia
A população do mundo está envelhecendo graças às melhores condições de saúde e as menores taxas de natalidade. Com isso sobra para os poderes públicos dar boas condições de vida dessa população idosa que está cada vez mais numerosa. Pesquisa da Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) mostra que, no Estado, o índice maiores de 60 anos em relação à população menor de 14 anos, está em 86,7, esse número é duas vezes e meia maior do que o registrado no início do século; no ano 2000 o índice era de 34,1. Atualmente no ABC quatro cidades – São Caetano, Santo André, Ribeirão Pires e São Bernardo – têm nível de envelhecimento maior do que o estadual.
De acordo com os números do estudo, a cidade com maior índice de envelhecimento é São Caetano que com índice de 166,34 se aproxima do dobro do índice paulista. Na sequência vem Santo André, com 109,45; Ribeirão Pires tem 100,73 e São Bernardo com índice de 89,27. Na outra ponta, a das cidades com índice abaixo do estadual, Diadema tem o menor índice, são de 61,43 idosos para cada grupo de 100 menores de 14 anos; Rio Grande da Serra tem índice de 65,24 e Mauá 72,48.
Para o reitor da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul) e diretor do Inpes (Instituto de Pesquisa da USCS), Leandro Prearo, é esperado mundialmente que a população idosa cresça conforme as condições de saúde da população aumente. Ele também aponta que na sociedade atual a taxa de natalidade também é muito menor. “Quando o índice supera o 100 significa que tenho mais pessoas com 60 anos ou mais do que crianças e jovens. É o caso de São Caetano, Santo André e Ribeirão Pires. São Caetano, entre as cidades com mais de 100 mil habitantes, é a primeira do Estado, com o índice de 166,34, ou seja, para cada 100 crianças eu tenho 166 pessoas com 60 anos ou mais”, detalha.
Para o professor uma população mais idosa implica em políticas públicas voltadas para esse público. Eu citaria um tripé importante. Primeiro vem a é saúde, por exemplo a presença maior de geriatras e home-care, ou seja, coisas específicas para essa população, então há de ter um investimento na área da saúde. O segundo item desse tripé seria o lazer, porque eu tenho pessoas que chegam nessa idade com boa saúde, mas que já não estão mais no mercado de trabalho, não são mais economicamente ativas, e o poder público tem de prestar serviço no sentido de que essa população possa ter entretenimento, lazer e esporte, o que também contribui para a saúde. O terceiro pé seriam as instituições de longa permanência, que também é algo importante, quanto mais a população envelhece, mais preciso de instituições de longa permanência, que possam dar conta do idoso que já não tem mais família para cuidar”, analisa Prearo.
Índice de envelhecimento da população paulista. (Fonte: Fundação Seade)
Questões como aparelhamento urbano e mobiliário das cidades são auxiliares e caminham junto com as citadas pelo professor, mas as prefeituras devem ficar muito atentas a essa evolução da população idosa. “A mobilidade urbana vêm como ferramenta para que esse tripé funcione. Inclusive é necessária até uma governança porque não uma secretaria do idoso ou coisa do tipo?”, indaga o professor.
O acesso a informação, o acesso e melhor qualificação da saúde fazem com que, por um lado, a população viva mais, mas por outro lado a condição da mulher no mercado de trabalho e o planejamento familiar fazem com que a outra ponta da equação, a taxa de natalidade, diminua. “A taxa de natalidade vem crescendo cada vez menos nos últimos anos, porque a mulher está inserida praticamente 100% no mercado de trabalho em comparação ao que era antigamente. Então essa mulher protela a gravidez, para uma idade mais próxima dos 30 anos. As pessoas se preocupam com o custo de cuidar adequadamente de um filho, isso faz com que tenham menos filhos e o acesso a informação traz maior acesso aos métodos contraceptivos. Nos anos 30 e 40 se tinha uma média de filhos de cinco, hoje na nossa região a gente já fala em algo em torno de 1,7, ou seja, diminuiu bastante. Com as pessoas vivendo mais e tendo menos filhos eu aumento a parte de cima da fração e diminuo a de baixo”, diz o diretor do Inpes.
O índice de envelhecimento do ABC mostra que os municípios devem pensar suas estratégias de atendimento dos jovens e dos idosos. “No caso de São Caetano, a cidade tem trabalhado há algum tempo de forma bastante assertiva em relação ao idoso, temos alguns clubes para o idoso que cobrem a área de lazer que já falamos, tem políticas públicas de atendimento a saúde da população mais idosa. No caso de Diadema, que é o outro extremo, as políticas continuam as mesmas, mas mesmo menor índice de envelhecimento é inevitável que ele vá crescer. Há um crescimento mais exagerado naqueles países ou municípios com melhor condição de renda média e escolaridade e esse crescimento é menor em municípios com menor renda, mas também é esperado que cresça. Então as políticas em Diadema continuam mais voltadas ao jovem, mas as políticas relacionadas à terceira idade também devem ficar no radar”, completa Prearo.
Veículo: Online -> Site -> Site Repórter Diário - Santo André/SP
Seção: Saúde