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 Site Repórter Diário - Santo André/SP

Publicado em 30/06/2022 - 07:25 / Clipado em 30/06/2022 - 07:25

Pandemia reduz reciclagem de lâmpada em 27,7% no ABC; setor quer retomada



George Garcia


O volume de lâmpadas recolhidas para reciclagem durante a pandemia da covid-19 caiu 27,7% no ABC. O total coletado, que chegou a 27 mil quilos em 2020, caiu para 19,5 mil quilos no ano passado. Os dados são da Reciclus (Associação Brasileira para a Gestão da Logística Reversa), responsável pela coleta e destinação correta de lâmpadas no país. A entidade tem 61 pontos de coleta na região. Para falar como funciona a logística reversa das lâmpadas o RDtv desta quarta-feira (29/06) conversou com Camilla Horizonte, responsável pela Prospecção e Marketing da Reciclus.

Segundo Camilla a pandemia fez com que o acordo setorial fosse ampliado em dois anos para que a Reciclus atingisse sua meta, tudo por conta do menor volume de coleta durante o período da emergência em saúde pública. “O impacto foi grande, muitas lojas deixaram de abrir e apenas faziam entregas por delivery. Teve loja fechada, loja que passou para delivery, loja que descredenciou, tudo isso no final acabou impactando bastante. Já é difícil a gente conscientizar que a pessoa saia de casa para fazer o destarte de lâmpadas, na pandemia isso se intensificou exponencialmente por isso ações como o drive-thru que a gente fez em Santo André no ano passado são positivos e a gente gosta de fazer porque a pessoa não precisa sair do carro; é mais fácil e seguro também”.




O maior desafio da Reciclus é cumprir o acordo setorial que é coletar 60 milhões de lâmpadas, mas foram recolhidas até agora 23,1 milhões, ou seja, pouco mais de um terço. “A gente sabe que as pessoas ainda compram lâmpadas que têm uma vida útil e muita gente ainda tem uma lâmpada em casa. A gente espera que esse número aumente com a retomada das atividades”, estima Camilla.

A Reciclus surgiu em 2010 junto com a política nacional de resíduos sólidos e o chamado acordo setorial. “Temos uma missão que é implementar coletores de lâmpadas em estabelecimentos comerciais que vendem como supermercados, home centers, ecopontos e eventualmente prefeituras ou secretarias de meio ambiente. Hoje estamos em 3.045 municípios, mas esse número vem aumentando. Temos uma meta a nível Brasil de recolher 60 milhões de lâmpadas e ter 3.804 pontos, mais 399 municípios do Paraná em um acordo com aquele estado, então faltam um pouquinho mais de 400 para a gente atingir essa meta”, explica Camilla. A gente está em fase de prorrogação desse acordo setorial e prevemos até o ano atingir todos esses pontos”, disse Camilla.

Os pontos onde os postos de coleta são instalados foram definidos por pesquisa socioeconômica e também o potencial de compra, em geral eles estão em locais onde há venda de lâmpadas. Segundo Camilla Horizonte, no ABC há maior concentração de pontos em São Bernardo e Santo André. A Reciclus está em grande parte dos municípios brasileiros, no ABC só não tem ponto de coleta em Rio Grande da Serra. Mas a coleta também é realizada em eventos como o drive-thru que aconteceu ano passado no paço de andreeense sob organização do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) e em eventos de educação ambiental.

O descarte de lâmpadas em lixo comum pode trazer grave contaminação no solo, fauna e flora por conta do mercúrio, uma das substâncias presentes nas lâmpadas. Esse produto tóxico pode contaminar humanos também. “Quando a gente joga a lâmpada em um lixo comum, ela vai parar em um lixão ou aterro e ela pode se romper com o calor do sol, ou com os animais passando por cima, e como ela tem mercúrio esse material adentra ao solo e pode contaminar rios, vegetação e os animais. Se alguém  consumir alimento que vem dessa região ela pode ter uma contaminação por mercúrio”, explica a representante da Reciclus.

Apesar dos pontos de coleta ficarem, em sua maioria, em locais que vendem lâmpadas, o consumidor não é obrigado a comprar nada para depositar os rejeitos no local. O serviço é gratuito, o único trabalho que o consumidor tem é de levar as lâmpadas até lá. “Essas lâmpadas vão até uma recicladora que é especialista na descontaminação e mais de 90% desses componentes vai ser reaproveitado em outras indústrias. A recicladora vai recuperar o mercúrio no seu estado elementar com toda a segurança necessária; o pó fosfórico que tem dentro da lâmpada, que também é prejudicial, é extraído e os componentes todos vão para outras indústrias e vão ser reaproveitados. Pinos de metal, podem ir para indústria automotiva, o vidro para a indústria de cerâmica ou vitrificação de azulejos, o mercúrio pode ir para a indústria química e o pó fosfórico para a indústria de asfalto, ou seja, vou evitar a extração de novos recursos naturais. Não vira uma nova lâmpada, mas vira outros produtos”, explica a representante da Reciclus.

A Reciclus é financiada por importadores de lâmpadas. “Somos uma empresa sem fins lucrativos então, para que a gente abraçasse 100% das lâmpadas, esse custo que a gente tem para subsidiar o programa não seria suficiente porque temos custo alto de transporte e também um custo alto de descontaminação”, diz Camilla.

Proteção

Para quem vai reciclar a orientação é deixar a lâmpada na embalagem original. Se quebrar a dica é deixar o ambiente arejado e depois de um tempo recolher esse material, colocar em uma caixa, deixando bem vedado. A Reciclus audita todo o sistema; da coleta ao transporte e o trabalho da recicladora. “Na transportadora o pessoal vai com todos os EPIs, uniforme, óculos e luva de proteção para manusear a lâmpada. A Reciclus audita o trabalho das transportadoras e das recicladoras para garantir a segurança e a homologação dos fornecedores”, diz Camilla. Ela também diz que as lâmpadas de led não fazem parte do acordo setorial, mas empresa leva para a recicladora da mesma forma. “Hoje a gente já tem de 20% a 30% de lâmpadas de led nos coletores. A gente vem trabalhando nos bastidores para formalizar esse recolhimento também”, explica.


Educação

Com meta de atingir todo o território, com ações educativas a Reciclus contratou o professor e  youtuber Samuel Cunha, que dá aulas de biologia para Enem para vestibulandos. “Gravamos duas aulas com ele, uma para cada faixa de idade, fundamental e médio, e os professores podem utilizar material de apoio também para utilizar como exercícios, trabalhos em sala de aula. A gente dá certificado para os professores fora isso, em parceria com a Abes (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental), a gente criou uma reedição da cartilha do bem que é a PNRS (Plano Nacional de Resíduos Sólidos) para crianças”, destacou Camilla. Escolas interessadas podem solicitar informações pelo email reciclus@reciclus.com.br.


Onde?

No site www.reciclus.org.br clicando em pontos de entrega o consumidor pode encontrar o ponto mais próximo para o descarte de lâmpadas. A busca pode ser feita pelo CEP ou endereço ou ainda, na mesma página, há um botão com a lista completa de pontos.


https://www.reporterdiario.com.br/noticia/3121105/pandemia-reduz-reciclagem-de-lampada-em-277-no-abc-setor-quer-retomada/

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Seção: Meio Ambiente