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 Site Repórter Diário - Santo André/SP

Publicado em 27/05/2022 - 07:46 / Clipado em 27/05/2022 - 07:46

ABC enfrenta falta de antibióticos e mães relatam saga para conseguir produto



Amanda Sakumoto


No período de maior incidência de doenças respiratórias, farmácias e serviços de saúde da região registram falta de medicamentos, principalmente antibióticos, utilizados para tratamento de doenças como pneumonia, inflamação de garganta ou ouvido e sinusite. Em Ribeirão Pires, há três meses falta amoxicilina 50 mg/ml (infantil) em todos os serviços municipais (unidade de pronto atendimento, saúde da família, básicas de saúde e hospital e maternidade São Lucas). As farmácias da região também apontam falta de antibióticos.

Em nota, a Estância afirma que o antibiótico foi substituído pela ampicilina 50 mg/ml, que é da mesma classe terapêutica e a falta se dá pela insuficiência da matéria-prima no mercado. A amoxilina é um antibiótico para tratar infecções bacterianas, causadoras de doenças como pneumonia, amigdalite e infecção urinária. A falta de antibióticos em serviços públicos e farmácias tem movimentado pais e mães na busca pelos medicamentos na região e Capital.

Região registra falta de antibióticos em serviços de saúde e redes farmacêuticas (Foto: Divulgação)

Mãe de trigêmeos, Amanda Nocera, moradora de São Bernardo, em entrevista ao RDtv desta quinta-feira (26), relata a luta para conseguir amoxilina com clavulanato, azitromicina (indicado para tratamento de infecções bacterianas que causam sinusite, pneumonia e infecções da pele) e desloratadina (indicado para o alívio dos sintomas associados à rinite alérgica), todos utilizados pelos filhos de 5 anos. “Eu percorri nove farmácias da região. Essa falta de medicamento acontece há algum tempo, e com a chegada do frio ficou mais difícil. Já cheguei a ir em uma farmácia no Jabaquara”, conta.

O RD fez uma busca entre as farmácias da região e verificou que algumas redes também estão sem estoque dos medicamentos. Na Drogaria Estação, com unidades em Ribeirão Pires e São Bernardo, em todas as lojas há falta de amoxicilina com clavulanato, azitromicina infantil e desloratadina, sem previsão de reposição.

Os mesmos medicamentos estão em falta em uma unidade da rede Ultrafarma, no bairro Nova Gerty, em São Caetano, também sem previsão de chegada. Em uma busca pelo site da rede, esses medicamentos, em dosagens diferentes, também estão indisponíveis para compras online. O site informa que não há os disponibilidade em nenhuma loja, por exemplo, os fármacos desloratadina xarope 600ml e 100ml, amoxicilina com devuclanato (em diversas dosagens), azitromicina 900mg e ciprofloxacina 500mg – 14 comprimidos (outro tipo de antibiótico), entre outros. Na maioria, os remédios em falta são genéricos.

Em uma unidade da Drogaria São Paulo, em Santo André, não foi registrada a escassez dos antibióticos, mas o medicamento desloratadina só há na opção original, o genérico está em falta.


Insumos da China

Amanda faz parte de um grupo de 42 mães, que trocam informações pelo Whatsapp na busca por remédios. “Nos conhecemos porque todas são mães de UTI, tiveram filhos prematuros e são mulheres do ABC e da Capital, e a dificuldade é geral. Os médicos e os farmacêuticos dizem que é problema na fabricação, causado pela China. É preocupante”, afirma a mãe, que relata momentos em que foi obrigada a retornar no médico e solicitar outro medicamento. “Mesmo assim foi difícil encontrar. O médico me disse que se eu não encontrasse, ele ia encaminhar a criança para atendimento direto em algum pronto socorro”, diz.

Com relação à falta de medicamentos, o problema que acomete boa parte do País, a Abrafarma (Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias) aponta alguns fatores pela escassez. Afirma que quase 95% dos medicamentos no País dependem de matéria-prima originária, principalmente da China, que teve as exportações afetadas porque está mais uma vez em lockdown para conter a nova onda de casos de covid. “Além da maior dificuldade para a chegada de insumos ao País, tivemos uma espécie de efeito dominó, pois outros produtos que faltavam exigiram mais dedicação da indústria, o que acarretou na redução da fabricação de outros produtos”, afirma Sérgio Mena Barreto, CEO da entidade.


Redes municipais 

Algumas cidades ainda não estão com falta de antibióticos no estoque, mas já observam a dificuldade entre os fornecedores, com relação à aquisição dos fármacos junto aos fabricantes. Diadema tem encontrado limitação momentânea para compra de alguns antibióticos injetáveis e orais, devido a problemas de mercado. “Em caso de falta de algum item, quando há possibilidade, o mesmo é substituído por outro medicamento da mesma classe terapêutica disponível na Relação Municipal de Medicamentos (Remume)”, diz a nota.

Em São Bernardo, a rede municipal não registra problema de abastecimento de antibiótico, mas informa que alguns fornecedores já encontram dificuldade para obter a amoxilina suspensão oral, por falta do item no mercado nacional, mas ainda não enfrenta falta do medicamento.

Santo André relata a dificuldade na aquisição dos antibióticos levofloxacino (comprimidos), metronidazol (bolsa) e sulfametoxazol trimetoprima FR. Em nota, a Prefeitura aponta que a dificuldade se dá por conta da falta de matéria-prima no mercado. Informa ainda que recentemente realizou a compra de amoxilina, amoxilina com clavulanato, cefalexina e azitromicina, para manter os estoques abastecidos e já fez novos pedidos de amoxilina (suspensão) e ciprofloxacino (comprimidos) e aguarda a entrega.

Até o fechamento desta matéria, São Caetano, Mauá e Rio Grande da Serra não enviaram informações.


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Seção: Saúde