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 Site Repórter Diário - Santo André/SP

Publicado em 18/05/2022 - 07:20 / Clipado em 18/05/2022 - 07:20

Polo tecnológico Embrapii é sugestão para o futuro da matriz econômica do ABC




George Garcia


O incentivo fiscal, coordenado regionalmente, e a criação de polos tecnológicos são apontados  como alternativas para o crescimento econômico do ABC pelos setores econômicos de Diadema que ouvidos pelo RDTv nesta terça-feira (17/05). O programa ouviu o professor e vice-diretor da Agits (Agência de Inovação Tecnológica e Social) da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), campus Diadema, Marcos Bizeto; o secretário adjunto de Desenvolvimento Econômico e Trabalho da prefeitura, Paulo Barbosa, e o vice-diretor do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), José Adolfo Gazabin Simões. Os polos Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial), seriam uma alternativa viável e já experimentada.

Para Marcos Bizeto o futuro da indústria está na inovação e esse é o ponto que merece uma atenção especial. “As tecnologias têm que ser desenvolvidas, dificilmente você consegue comprar tecnologias. Eu acho que isso é um problema do governo e tem que ser uma política de Estado, só assim terá uma alteração significativa no processo produtivo. A história mostra que tem que investir anos, ou décadas, para colher no futuro. Tem que ter parceria entre vários entes, a academia, os empresário e o político e tentar construir um caminho que leve a esse desenvolvimento. A gente está atrasado a nossa matriz de produção é de décadas atrás, a gente tem a mesma produtividade de décadas isso é um problema grave”, analisa.


Futuro

O vice diretor do Ciesp também concorda que falta uma política industrial nacional. “Isso tem que partir de uma política de Estado e não de governo, porque é perene e se estende qualquer que seja o governo que assuma o país. O papel que nós temos, como parte importante da cadeia, é de planejar e demandar o Estado através do poder público municipal estadual e federal. O emprego do futuro depende basicamente da educação, que agravou-se por conta da pandemia criando um gap bastante prejudicial à educação dos nossos jovens”.  educação.

O secretário adjunto de Desenvolvimento de Diadema, Paulo Barbosa diz que o município tem focado no incentivo fiscal para garantir que novas empresas cheguem à cidade. “Tem todo aquele contexto da questão geográfica e do potencial da nossa região que atrai as empresas para cá. Diadema tem trabalhado muito com a questão dos incentivos fiscais já temos números bem expressivos de empresas que estão aderindo. O município faz uma renúncia fiscal e desonera a empresa para que ela possa investir na sua planta. Importante discutir isso regionalmente, como o evento regional promovido pela Agência de Desenvolvimento Econômico do ABC e que está juntando essas pontas; universidades, poder público e as empresas para pensar em alternativas”.

Barbosa disse ainda que a cidade tomou uma série de providências para facilitar a abertura de empresas. “Formamos um comitê de desburocratização, para facilitar a instalação das empresas. Participam a Vigilância Sanitária, a Habitação, a Secretaria de Finanças, a de Meio Ambiente, todas essas secretarias para a gente pensar como fluir melhor o processo quando a empresa vem se instalar no município. Como uma ação também e acolhimento que a gente precisa trabalhar melhor é a questão dos Meis (Microempreendedores Individuais) porque hoje temos 39 mil empresas cidade, sendo que 25 mil são Meis. É um potencial de crescimento, a profissão do futuro eu diria que é o empreendedor por essa tendência. Mas a geração de riquezas passa pela indústria, no município a arrecadação vem, em grande parte, da indústria. Em breve vamos ter também a Sala do Empreendedor que vai dar um auxílio para as pessoas que têm seu pequeno negócio mas também precisam de um gás do Poder Público para poder seguir. Estamos pensando em todos os segmentos, do pequeno ao grande”, destaca.


Amiga

Para José Adolfo Gazabin Simões a região não pode ficar parada esperando que o governo Federal se mobilize em torno de uma política industrial. “Sem dúvida é importante uma política industrial nacional, mas isso não quer dizer que a gente tenha que esperar para se mobilizar, mas tem que ser uma mobilização regional. O ABC não pode ser pensado sob os interesses de uma só cidade. Cada uma tem a sua particularidade, Diadema tem a maior densidade populacional e a gente tem uma série de demandas sociais que estão sendo bem encaminhadas e que a gente sabe que se resolverão no futuro, mas a política federal vai acelerar o processo de avanço para a recuperação do tempo perdido. A gente já vem conversando com outros Ciesps e outras entidades e a intenção é que cada um ofereça o seu melhor exemplo para ser aproveitado para a região. Em Diadema temos a grata satisfação de ter a prefeitura como parceira. Quando se fala de política industrial sabemos das limitações da prefeitura e se sabe da importância de fazer o que é possível e tem sido feito. A gente tem como meta fazer com que cada vez mais Diadema seja conhecida como cidade amiga do empreendedor”.

Paulo Barbosa destacou reuniões com secretarias de desenvolvimento de Santo André e Mauá, onde esteve juntamente com a titular da pasta Patty Ferreira. Ele também destacou o papel dos sindicatos dos Metalúrgicos do ABC e dos Químicos como parceiros na busca por soluções para a indústria. Quanto a tecnologia ele destacou a reunião no Consórcio Intermunicipal sobre a chegada da internet 5G. Inicialmente só as cidades maiores receberiam primeiramente a tecnologia móvel, mas o pleito da região é para que todas sejam contempladas. “Ressaltamos que a região toda seja contemplada porque somos a quarta economia nacional. Importante que se traga tudo que é novidade para a região e a gente possa se fortalecer”, apontou.


Polos

Marcos Bizeto destacou os polos Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) e disse que a experiência é boa e já funcionou para alguns setores. Na opinião do professor essa proposta pode ser levada adiante de forma regional. “Já temos um polo, funcionando na Unifesp, ele é de São José e Diadema e já tem doze empresas participando. Essa é uma forma bastante interessante de inovação tecnológica, ocorrendo menos riscos porque parte é assumida pelo governo, a universidade entra com uma parte e a empresa com outra, e isso em prol de um desenvolvimento tecnológico. Esse é um modelo interessante da região conhecer. Tem o polo de materiais avançados e tem essa proposta de uma indústria de química verde, então tem várias possibilidades de polos, principalmente nesse modelo de Embrapii que é muito bem sucedido. Tem uma burocracia envolvida entre o ente privado e o público, mas a gente tem tentado diminuir o máximo e acelerar os processos. Hoje tem convênios firmados em menos de 60 dias, com esse trabalho começando rapidamente. Talvez valha à pena para o ABC pensar nessa mudança regional. Vale porque a região tem vocação de várias áreas, como cosmético, química, metalmecânica, ou seja, tem várias possibilidades de projeto envolvendo a academia. Esse é um exemplo, um caminho interessante de se olhar”, completa.

José Adolfo conclui dizendo que é preciso fazer um diagnóstico da atual vocação do ABC. “A gente precisa aprimorar a percepção que temos sobre as vocações da nossa região. Apesar de ter diminuído de 2007 a 2019, a indústria ainda tem uma participação muito relevante. Enquanto a transformação no Estado cresceu 36%, no ABC cresceu apenas 30%. Mas cresceu em ramos não esperados. A indústria de autopeças caiu quase 50% de 2007 a 2019, quando se fala do valor de transformação total da indústria, ao passo que a indústria de alimentos e outras cresceram significativamente. Acho que o primeiro passo é fazer uma análise crítica, quanto ao que tem o maior potencial e que a gente não vem aproveitando”.


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Seção: Economia