
Publicado em 13/05/2022 - 07:20 / Clipado em 13/05/2022 - 07:20
PIB da Indústria do ABC cai 37,2% e chama a atenção no Ciesp
Carlos Carvalho
Empresários, sindicalistas e representantes do Poder Público participaram nesta quinta-feira (12/5), em Diadema, da reunião plenária “Macrotendências 2040”, ministrada pelo presidente do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Rafael Cervone, que falou sobre o uso da tecnologia nos mais diversos setores. O que também chamou a atenção foi a divulgação de um estudo sobre o cenário da indústria do ABC. A pesquisa com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontou que o VTI (Valor da Transformação Industrial, que seria o PIB (Produto Interno Bruto) da indústria, no ABC caiu 37,2% entre os anos de 2007 e 2019.
O VTI é uma aproximação do Valor Adicionado (PIB). Levando em conta os dados de 99,9% das indústrias das sete cidades durante o período estudado, houve a percepção de uma queda na participação da região na indústria do Estado, saindo dos 13,3% em 2007 e caindo para 8,4% em 2019.
Foram computados os dados dos 20 principais setores da indústria. Eles foram divididos em quatro grupos. No primeiro, chamado de “Baixo Desempenho” (e que representavam 57,8% do VTI da região em 2019) entraram os setores que tiveram recuo nos dados tanto no ABC quanto nos dados do Estado (exceto o ABC).
Chamou a atenção o recuo do setor de Veículos e Autopeças, historicamente o principal da região, que nas sete cidades caiu 51,6% enquanto no restante do Estado recuou 17,5%. No setor de Máquinas, Aparelhos e Materiais Elétricos também houve uma grande diferença, com queda de 76,2% na região e 13,8% no Estado.
No cenário denominado de “Oportunidade Perdida” (que representa 36,2% do VTI de 2019), quando o ABC teve recuo e o Estado teve crescimento, os destaques foram os setores de Químicos com recuo de 21,1% no ABC e crescimento de 30,6% no Estado. Na área de Petróleo e Biocombustíveis, o recuo na região foi de 16,5% e no Estado o crescimento foi de 24,6%, mas neste caso deve se levar em conta a produção no etanol no interior paulista.
No cenário chamado de “Especializados” (que representa 0,2% do VTI de 2019), apenas um setor cresceu mais no ABC no que no restante do Estado, que foi a área de Outros Equipamentos de Transportes (que excluí as montadoras de carros), que subiu 59,9% na região e recuou 45,3% no restante do território paulista. Neste caso, a produção de partes dos caças da Saab em São Bernardo colaborou para estes números.
E por último ficou o grupo dos “Dinâmicos” (que corresponde a 5,3% do VTI de 2019), quando houve crescimento tanto na região quanto no Estado. Neste caso apareceram os setores de Alimentos; Manutenção, Reparação e Instalação; e a Fabricação de Produtos Diversos.
Os dados chamaram a atenção, principalmente levando-se em conta a busca de estudos regionais a partir da Agência de Desenvolvimento Econômico do ABC. Os integrantes do Ciesp pediram para a vice-prefeita de Diadema e secretária de Desenvolvimento Econômico e Emprego, Patty Ferreira (PT), para que o Poder Público auxilie nos números atualizados. Atualmente a Prefeitura diademense realiza estudos junto ao Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
Tecnologia
Representantes de Diadema, Santo André, São Bernardo, São Caetano e da Agência de Desenvolvimento Econômico do ABC participaram do encontro (Foto: Divulgação)
Rafael Cervone ministrou uma palestra falando sobre pontos essenciais para o futuro econômico e social do planeta, levando em conta o aumento da população e do consumo até 2040. O presidente do Ciesp destacou nove pontos que devem ser observados: Saúde; Alimentos; Energia; Infraestrutura; Urbanização; Perfil do Consumidor; Trabalho e Qualificação; Segurança; e Entretenimento e Turismo.
A apresentação levou em conta quais medidas já são tomadas em cada área para uso cada vez maior da tecnologia através da robótica e de softwares que visam dar mais eficiências ao trabalho, independente se no campo ou na cidade, e que cria uma mudança clara no trabalho humano, criando uma tendência de um uso cada vez menor do ser humano no trabalho braçal e maior na produção de novas tecnologias.
Questionado pelo RD sobre o assunto, Rafael deixou claro que existe uma importância grande no fator humano quando são relatadas as novas tendências econômicas e sociais. “A história mostra que novas tecnologias trazem novos empregos, novas profissões e novas oportunidades. Quando uma tecnologia disruptiva elimina negócios, elimina profissões, outras surgem e nessa média o equilíbrio se mantém”, começou.
“Então eu acho que a tendência é agregar mais valor nas profissões também, melhores salários e mais do que a tecnologia, mais do que a inovação, mais do que os recursos tecnológicos, são os recursos humanos, o maior patrimônio que nós temos são as pessoas. Nada disso vai dar certo se as pessoas não se integrarem”, completou.
Veículo: Online -> Site -> Site Repórter Diário
Seção: Economia