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 Site Repórter Diário - Santo André/SP

Publicado em 10/05/2022 - 07:21 / Clipado em 10/05/2022 - 07:21

Análise aponta substâncias químicas em reservatórios de SP; 5 cidades do ABC foram afetadas



Amanda Sakumoto


Dados do Mapa da Água, ferramenta que monitora índices de substâncias químicas em reservatórios no Brasil, aponta que no Estado de São Paulo, cerca de 132 cidades receberam água, pelo menos uma vez, entre 2018 e 2020, com substâncias acima do nível permitido pelo Ministério da Saúde. No ABC, cinco cidades tiveram amostras com níveis acima do limite de segurança, ao menos uma vez no período: Santo André, São Caetano, São Bernardo, Diadema e Rio Grande da Serra. Os resultados utilizam como base o Sisagua (Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano), gerenciado pelo governo federal e os dados mostram que a água coletada para análise apresentou substâncias como ácidos haloacéticos e trihalometano.

Os testes foram realizados pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo). Ao todo, foram coletados 235 mil amostras, e em 759 foram encontradas as substâncias, o que representa cerca de 0,3% do material coletado. A companhia informa que os testes são realizados para monitoramento da água dos reservatórios e controle de qualidade, bem como a detectação de possíveis problemas. “O histórico das medições aponta a conformidade com os padrões de potabilidade e a qualidade da água fornecida pela Sabesp. A presença de eventuais não conformidades detectadas pela Companhia é corrigida imediatamente, dada a seriedade e transparência com que trata o assunto, pois a Sabesp realiza o monitoramento permanente da qualidade da água produzida e distribuída à população”, escreve em nota.

Os dados disponíveis no Mapa da Água mostram que na água fornecida em algumas cidades do ABC também foram encontradas substâncias inorgânicas, além dos ácidos haloacéticos e trihalometano. No período analisado, ao menos uma vez, foi encontrado nas amostras de São Bernardo substâncias como urânio, cadmo e arsênio, que estavama cima do nível de segurança.

Em Santo André, também foram encontrados as substâncias aldrin e dildrin, benzo[a]pireno e dicloroetano. Em Diadema e Rio Grande da Serra, foi constatada a presença, pelo menos uma vez, de trihalometano. Já em São Caetano, as amostras coletadas apresentaram níveis acima do limite de segurança, ao menos uma vez, de cadmo e chumbo.

Em Mauá e Ribeirão Pires, as amostras coletadas entre os anos de 2018 e 2020, não apresentaram substâncias acima dos níveis seguros para consumo humano.


Qualidade da água

A bióloga Marta Marcondes, pesquisadora do IPH (Índice de Poluentes Hídricos) da USCS (Universidade de São Caetano) e membro do Comitê do Alto do Tietê avalia os dados apontados pelos testes. “Os ácidos haloacéticos e trihalometano são subprodutos do tratamento de água realizado pela Sabesp. São originados do contato de agrotóxicos com o cloro utilizado no tratamento da água. Não é culpa da Sabesp que haja agrotóxico na água, mas é preciso atenção das autoridades para rastrear de onde e como essas substâncias chegam às represas e geram esses poluente emergentes, que causam danos à saúde”, explica.

Marta ainda reforça que a companhia não é culpada pela presença desses produtos, mas é responsável por auxiliar na solução do problema, bem como alertar aos consumidores quando esse tipo de detecção é feita. “Mesmo sendo um problema pontual e que foi resolvido, quando o teste mostra que há substâncias nocivas na água que será consumida, a Sabesp precisa ter mecanismos para avisar as pessoas, que pagam pelo abastecimento, e orientar o que elas devem fazer até que o problema seja resolvido”, afirma.

A pesquisadora ainda reforça que a companhia realiza um trabalho sério e eficiente, mas peca na falta de comunicação com o consumidor. “Em algum momento, mesmo que breve, essa água foi consumida e trouxe problemas agudos, que são aqueles em que a pessoa tomou a água e sentiu mal, teve dor de barriga ou se sentiu enjoada, e melhorou rapidamente. Por mais leve que seja, é um direito da pessoa saber que ela pode evitar isso e se proteger”, defende.

O professor Odair Ramos da Silva, coordenador do curso de gestão em saúde ambiental do Centro Universitário FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) afirma que o tratamento de água com a utilização do cloro, que é feito pela Sabesp, além do baixo custo tem alta eficiência na desinfecção e oxidação da água nas estações de tratamento, mas pode gerar subprodutos que, em alta concentração, podem ser prejudiciais à saúde humana. “Segundo a OMS, a ingestão de água a longo prazo com a presença destes contaminantes podem desencadear câncer vários tipos de câncer, tais como câncer de pele, pulmão, bexiga e rins, bem como outros problemas na pele e tecidos”, explica.

Em nota, a Sabesp afirma que há transparência e qualidade da água fornecida. “Todos os resultados são divulgados e estão disponíveis para consulta pública e para os órgãos de fiscalização, que são capacitados tecnicamente para essa função. Não existe risco à saúde na água distribuída pela Sabesp, e isso pode ser confirmado pelos órgãos de saúde que fazem a fiscalização constante da água distribuída pela Companhia”, escreve.


Filtros de água em casa

Para minimizar os riscos dentro das residências, Silva orienta aos consumidores instalarem filtro de carvão ativado na entrada das torneiras. “É de baixo custo e esses filtros são eficazes na absorção de substâncias como o cloro e partículas coloidais presentes na água, como ferrugem, sedimentos de barro, areia e outras partículas sólidas presentes na água”, explica e reforça que as caixas d’águas das residências devem receber a cada seis meses uma tampinha de cloro para eliminar microorganismos existentes.

Marta também indica a utilização de filtros de barro. “São aqueles que lembram muito casa de avós e eles são muito eficazes. Além disso, é preciso observar e ficar atento. Muitas vezes um problema de ppele ou problemas intestinais e gástricos sem explicação, podem estar sendo causados pela água, seja por algum problema na residência ou pelo abastecimento. Vale ficar atento e verificar”, orienta.


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Seção: Meio Ambiente