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Publicado em 17/04/2022 - 07:32 / Clipado em 17/04/2022 - 07:32

Bullying coloca saúde mental de alunos em xeque



Por Amanda Lemos


Nos últimos meses, uma série de incidentes envolvendo crianças e jovens em escolas e faculdades públicas e particulares acendeu luz sobre a importância de trabalhar temas como respeito, ética e saúde mental, principalmente no momento de retomada das atividades presenciais, em que há intensificação das interações após dois anos de pandemia. Ao RD, o doutor em psicologia pela Fundação Santo André (FSA), Ednilton Santa-Rosa, fala sobre a importância das ações preventivas e dos reflexos na saúde mental dos alunos.

No período de isolamento social, boa parte da população mais jovem passou quase todo período em casa, com contatos restritos às redes sociais, o que impactou diretamente no aprendizado, nas habilidades sociais e saúde mental. Neste período, crianças e adolescentes apresentaram piora no estado emocional, com maior irritabilidade, tristeza, ansiedade e estresse. Como consequência, menos tolerância, mais impaciência, hostilidade e agressividade – o que intensificou as problemáticas em ambiente escolar.

Tendo em vista o risco de conflitos, aumento de desentendimentos e casos de bullying nas escolas, Santa-Rosa, que é também responsável pelo Centro de Orientação Educacional, Profissional e Psicológico da FSA explica: “O bullying é uma palavra inglesa: bully significa valentão, e o sufixo ing, indica ação contínua. Portanto, reflete um contexto de agressões repetitivas, caracterizadas como perseguição da pessoa agressora contra a vítima, diferente de uma agressão isolada, resultante de uma briga”.

Esses episódios agressivos podem ser tanto físicos, psicológicos ou até mesmo verbais, ainda que na maioria das vezes aconteçam de forma concomitante, segundo o psicólogo. “Essas pessoas são intimidadas, insultadas por suas características físicas, seus hábitos, sexualidade e até por sua maneira de ser, e então acabam expostas por situações vexatórias”, explica o especialista ao citar que a ação pode partir de um grupo ou de forma isolada. “Pode ter, ainda, aquela pessoa presente no ato como espectadora,  que contribui com a manutenção da violência”, salienta.


Traumas

Na medida em que o bullying consiste em um conjunto de práticas de violências repetitivas e sistemáticas, com humilhações, intimidações e traumas contra a vítima, os danos podem ser profundos, tais como o surgimento de depressão, distúrbio alimentar, de comportamento (isolamento e mudanças repentinas de humor), automutilação, formação de ideação suicida e até tentativas de suicídio. “Além do atraso no desenvolvimento, redução no rendimento e/ou evasão escolar”, frisa o docente.

Dentro de sala de aula, o especialista alerta para a importância de se construir, além do conhecimento geral e acadêmico, laços de humanidade, para que sejam reduzidos os problemas com saúde mental nos alunos. “Isso inclui a solidariedade, o respeito e a tolerância, entre os alunos e os profissionais. O ambiente escolar é cada vez mais necessário para o desenvolvimento do campo pessoal, social e afetivo”, reforça.


Escolas reforçam projetos de prevenção

Em São Bernardo, o combate ao bullying integra a política de formação continuada dos profissionais da Educação. A rede conta com psicólogos e docentes para atendimento dos alunos, além do Programa Escola de Pais, que trabalha os papéis da escola e família no desenvolvimento da criança. Em Rio Grande da Serra, as educadoras trabalham histórias específicas para a faixa etária.

Com intuito de prevenir atitudes descriminatórias, São Caetano desenvolve projetos relacionados ao tema bullying. Cada unidade escolar organiza de maneira interdisciplinar as discussões com alunos e, quando necessário, com as famílias. Em Diadema, há estimulo a criação de ações antibullying a partir da realidade de cada escola.


Santo André desenvolve estratégias pedagógicas

A Secretaria Municipal de Educação de Santo André criou estratégicas pedagógicas, educacionais e lúdicas com o dever das instituições de ensino de assegurarem medidas de conscientização, prevenção, diagnóstico e combate ao bullying. A partir disso, disponibilizará, ainda este ano, as seguintes ações:

Projeto amigo sim! Bullying não! – com adesão de 40 EMEIEFs (Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental) em que o público alvo é a Educação Infantil e Ensino Fundamental. A previsão de início das atividades se dará conforme planejamento de cada unidade escolar.

Programa Nenhum a menos – conta com equipe de Serviço Social nas unidades escolares com objetivo em atender e prevenir as situações de bullying e assegurando a frequência escolar. A proposta tem previsão de implantação para maio de 2022. O ciclo de formação é realizado anualmente com os professores da rede municipal.

Questionadas, as prefeituras de Mauá e Ribeirão Pires não responderam até o fechamento da reportagem.



https://www.reporterdiario.com.br/noticia/3089104/bullying-coloca-saude-mental-de-alunos-em-xeque/

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Seção: Educação