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Publicado em 17/04/2022 - 07:30 / Clipado em 17/04/2022 - 07:30
Indústria do ABC gerou apenas uma em cada 10 vagas de empregos no último ano
George Garcia
No último ano apenas um em cada 10 empregos gerados no ABC foi da indústria. Em 12 meses, contados desde fevereiro de 2021, a região gerou 38.121 vagas no mercado de trabalho. Do total, 4.683 postos foram criados nas fábricas, ou seja, 12,28% destas vagas foram industriais; os 87,72% restantes foram divididos entre comércio e serviços. O temor quanto ao enfraquecimento do parque industrial das sete cidades aumenta quando uma empresa anuncia que vai fechar as portas, como fez a Toyota neste mês de abril. A montadora anunciou a saída de São Bernardo, onde emprega 580 funcionários.
Números da Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) mostram que nos 12 meses o melhor período para a indústria foi fevereiro de 2021, com saldo de 1.787 vagas geradas, mas 10 meses depois essa alta foi praticamente anulada com saldo negativo de 1.530 vagas.
Apesar dos números, nenhuma surpresa, já que a participação do setor no nível de emprego tem caído desde os anos 1990. Mas ainda assim especialistas ouvidos pelo RD consideram que o ABC deve manter seu perfil industrial e, com investimento em inovação, continuar sendo motriz da economia regional. O professor Lúcio Flávio da Silva Freitas, docente de Ciências Econômicas da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul) e economista do Grupo Euro 17, contextualiza o ABC dentro do cenário nacional de mudança de perfil econômico nos últimos anos. “A indústria representava 40% do PIB (Produto Interno Bruto) nos anos 1980 e hoje mal passa de 11%, então é claro que o ABC, região mais industrializada que outras, sofre mais intensamente o processo”. Assista a entrevista completa em: https://rd.abc.br/3087056/.
Para o economista e coordenador do Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo, Inovação e Conjuntura da Universidade Municipal de São Caetano do Sul, Jefferson José da Conceição, a queda da participação da indústria no PIB aconteceu no mundo inteiro, exatamente o que ocorre no ABC desde os anos 1990. Para Jefferson, a indústria é, apesar de empregar menos do que já empregou, o setor mais importante no ABC.
Jefferson lembra que o ABC tinha 310 mil empregos e hoje possui um terço do total, ao mesmo tempo em que cresce a participação no emprego dos setores de comércio e serviços. Diz que, nos anos 1990, a indústria participava de 50% dos empregos e atualmente responde por 20%. A questão é que os setores que têm capacidade de puxar a economia para frente e para trás, com produtos de maior valor tecnológico, maior valor agregado e de faturamento, ainda são os setores industriais, então, ainda que a participação no emprego tenha caído, têm um peso muito grande na capacidade de alavancar a economia nacional e regional. “Me preocupa menos o total de empregos que se tem na indústria, quanto a capacidade da indústria de ter maior qualidade, de ser forte, competitiva e puxar outros setores que sejam geradores de emprego, como comércio e serviços”, comenta.
Sinergias políticas
Para o coordenador do Observatório, o ABC tem como criar um ambiente mais propício para o crescimento da industria com incentivos à implementação de laboratórios e centros de tecnologia e parcerias com universidades. “O Consórcio Intermunicipal e a Agência de Desenvolvimento Econômico do ABC têm limitações, mas não uma restrição plena, eles podem fazer alguma coisa que ajude”, diz.
Para Jefferson, no caso dos governos, mais importante que a redução de tributos, é o papel de coordenação de uma aproximação das empresas entre si e delas com as universidades para que se criem sinergias políticas e soluções tecnológicas que aumentem a melhoria do produto, do processo local e da qualificação da mão de obra. “Os governos podem batalhar para atrair laboratórios, centros de pesquisa fazendo, por exemplo, a isenção completa de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e ISS (Imposto Sobre Serviços) para qualquer laboratório de pesquisa, desenvolvimento e inovação que for implantado na região, fazer uma isenção completa dos impostos por certo período, porque isso vai trazer e vai manter empresas no ABC”, completa.
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Seção: Economia