
Publicado em 15/04/2022 - 16:16 / Clipado em 15/04/2022 - 16:16
FMABC mantém ambulatório específico para tratamento de Parkinson
George Garcia
No dia 11 de abril é celebrado o Dia Mundial de Conscientização da Doença de Parkinson, que a maioria das pessoas conhece como uma doença degenerativa que causa problemas motores, mas poucos sabem que ela pode ser tratada e, se descoberta com mais antecedência, o tratamento pode fazer com que o paciente tenha uma vida absolutamente normal. A FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) mantém um serviço específico para tratamento, é o Ambulatório de Distúrbios do Movimento, que fica em Santo André. Margarete de Jesus Carvalho, neurologista e coordenadora do ambulatório, falou ao RDTv desta quinta-feira (14/04) sobre a doença, seus sintomas e o tratamento.
O serviço funcionava dentro do ambulatório de Neurologia da FMABC havia 15 anos, mas por conta do alto índice de pacientes com Doença de Parkinson foi criado um ambulatório específico. A doença pode provocar lentidão nos movimentos, tremores, rigidez muscular, desequilíbrio e alterações na fala e na escrita. O diagnóstico da doença de Parkinson é clínico, por meio da história do paciente e avaliação neurológica. É mais comum em idosos, com os primeiros sintomas geralmente a partir dos 50 anos. Estima-se que 1% da população mundial com mais de 65 anos sofra com o problema.
Segundo a médica, um dos sintomas da doença é a manutenção do tônus muscular mesmo enquanto o paciente dorme. “O paciente sonha, mas não perde o tônus muscular. Sonha que está batendo no bandido, e acaba batendo quem está dormindo do lado. Uma situação diferente do sonambulismo. Eu tenho um paciente que trato há anos e sempre perguntava a ele, que dizia não passar por isso. Um dia ele apareceu e disse que sonhou que estava na Pedra da Gávea, no Rio de Janeiro, pronto para saltar de asa delta, e acordou quanto bateu o rosto em um armário e fraturou o nariz. Essa é uma coisa muito frequente. A doença de Parkinson é um conjunto de sintomas e motores e não motores”, explica.
“O Parkinson não tem cura, é a segunda doença neurodegenerativa mais comum no mundo, a primeira é o Alzheimer. Tem muita gente que não está sendo diagnosticada. Apesar de não ter cura tem medicação que pode melhorar a qualidade de vida”, explica a médica em entrevista ao jornalista Carlos Carvalho. Segundo Margarete o tratamento envolve vários tipos de profissionais e o remédio é apenas uma parte dele. “O remédio é 40% do tratamento o resto é tratamento multidisciplinar. Tem pessoas com 30, 40 anos de idade, que estão no auge da vida e percebem que têm Parkinson. O médico neurologista é o melhor para diferenciar e iniciar o tratamento que pode garantir uma ótima qualidade de vida, eu tenho paciente com Parkinson há 20 anos e ninguém diz que ele tem”, comenta.
Entre as personalidades com Doença de Parkinson mais conhecidos estão o já falecido papa João Paulo II, e o ator Michael J. Fox, o Marty Mcfly da franquia De Volta para o Futuro. O ator parou de atuar e fundou uma ONG através da qual levanta dinheiro para pesquisas sobre a doença. Segundo Margarete as medicações para o tratamento da doença são caras, mas é possível consegui-las nas farmácias de alto custo do governo do Estado. Na região há três farmácias como esta, uma funciona no Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André, outra fica no Poupatempo de São Bernardo e a terceira no Atende Fácil de São Caetano. “São medicações caras, mas que se consegue gratuitamente na farmácia de alto custo. Tem uma burocracia, mas a partir do momento que entra com toda a documentação, toda ela é gratuita. São as mesmas medicações receitadas tanto no atendimento privado quanto no SUS”, aponta a especialista.
Não se sabe ao certo ainda o que desencadeia a doença que afeta os neurônios. Uma pequena parte é genética, entre 2% e 3%, mas independente da origem o tratamento é o mesmo. No ABC o ambulatório da FMABC é a referência no tratamento. “A população carente acaba não chegando até nós por desconhecimento, por isso no Dia Mundial de Conscientização do Parkinson a gente procura divulgar para levar esse o assunto para a maior quantidade de pessoas, para que a gente consiga dar uma melhor qualidade de vida”, diz Margarete. “A gente não sabe a causa, acredita-se que seja por stress oxidativo, acontece uma oxidação desses neurônios que produzem a dopamina e que acabam morrendo. A doença começa lá atrás, quando a gente faz o diagnóstico, porque o paciente começa a ter a rigidez, o tremor e a oligocinesia, que é a diminuição dos movimentos, a gente já está trabalhando com 20% a 30% dos neurônios remanescentes, ou seja, já morreram de 70% a 80% dos neurônios. As pesquisas atuais estão tentando marcar quando que realmente começa a Doença de Parkinson, buscando drogas para que essa neurodegeneração seja brecada lá atrás, antes de dar os sintomas”, detalha a neurologista.
A equipe do ambulatório além de atender a demanda de pacientes também faz capacitação para outros médicos para que eles consigam identificar a doença em estágios iniciais e encaminhar para o tratamento. O ambulatório atende por encaminhamento das UBSs (Unidades Básicas de Saúde). A FMABC também atende casos de Alzheimer no Ambulatório de Distúrbios Cognitivos também por encaminhamento das UBSs.
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Seção: Saúde