
Publicado em 05/04/2022 - 07:21 / Clipado em 05/04/2022 - 07:21
Guerra traz reflexões geopolíticas e sociológicas a estudantes da região
Amanda Sakumoto
Nesta segunda-feira (4/4), a guerra entre Rússia e Ucrânia completou 41 dias de conflito em território ucraniano e repercute em grande escala em todo o mundo. Professores de história, geografia e sociologia da região têm aproveitado o atual contexto histórico para desenvolver importantes reflexões geopolíticas e sociológicas com estudantes em sala de aula.
A compreensão da complexidade da guerra é o primeiro desafio. “Minha preocupação inicial foi conseguir alfabetizá-los geograficamente, fazê-los entender os conceitos e o vocabulário para que eles possam compreender as informações divulgadas em toda mídia. Os alunos têm muito interesse em saber qual país tem uma justificativa nobre para o conflito, nesse momento entra o nosso papel de desconstruir narrativas e explicar que geopolítica envolve os interesses das duas nações, não há bandido e mocinho” explica Marcelo Guerra, professor de geografia do Colégio Stocco ao ressaltar que quem sofre com o conflito é a população, durante entrevista ao RDtv.
O contexto humanitário do conflito também é trabalhado por Paula Britto Agliardi, professora de sociologia do Colégio Fundação Santo André (FSA). “Tem alunos que ficaram muito empolgados, por conta da distância do conflito, por não estar conectado com aquelas pessoas. Há uma sensação de que o fato é um filme ou um videogame. Por isso, trago a situação de guerra para o cotidiano deles e de que como afeta a vida de todo planeta. Trouxe para eles o quanto isso é real, afeta vidas e traz um sofrimento humano. Temos que ter empatia” reforça a docente.
O professor Bruno José da Silva, professor de história da unidade de Santo André do Colégio Adventista, percebe a necessidade de cultivar a empatia e valores aos alunos. “É importante incentivar esse sentimento, combater às fake news e imagens distorcidas. Nós temos um papel fundamental na educação, que vai além de explicar os conceitos e a história, mas também de trazer as questões éticas e morais envolvidas”, afirma.
Quantos às fake news, os professores aproveitam a disseminação de informações falsas para exercitar o raciocínio dos estudantes. “É preciso dar autonomia para que eles consigam analisar as notícias, separar o fato dos desejos. Fiz esse processo de análise da guerra, para que eles mesmos pudessem traçar paralelos do conflito com realidades que eles conhecem. Isso permite que eles julguem os interesses de cada lado e percebam que é possível perceber as informações manipuladas, eles sabem agora que têm essa capacidade de análise “, explica Paula.
O debate da guerra entre Rússia e Ucrânia também traz ganhos para o trabalho de cidadania entre os estudantes. “Construimos essa noção de como essa situação toda afeta a nossa política institucional. As nossas decisões diante do cenário democrático do Brasil podem refletir na melhora ou piora de como a gente se relaciona com esse conflito e de como ele nos afeta”, afirma Guerra ao falar sobre o contexto de globalização, de como as culturas e vidas estão interligadas nos dias atuais e de como as decisões cotidianas podem ter reflexos futuros.
Silva aproveitou os debates em sala e levou um pedaço do muro de Berlim, que possui guardado, para exemplificar a divisão que a Guerra Fria causou. “Além de despertar o interesse pelo assunto, foi uma boa oportunidade para dar relevância ao passado e conectá-los com as notícias recentes. A história é muito teórica, por isso se torna distante, esse pedaço do muro eu mostro uma parte de concreto que é tão simbólica para a história mundial”, destaca. “É o símbolo da divisão de vidas e para contar a história da Ucrânia é preciso voltar e contar outros fatos, como o muro de Berlim ou a Guerra Fria, já que os protagonistas estão de volta na guerra atual”, afirma.
Veículo: Online -> Site -> Site Repórter Diário - Santo André/SP
Seção: RDtv, Educação