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 Site Valor Econômico - São Paulo/SP

Publicado em 22/03/2022 - 08:30 / Clipado em 22/03/2022 - 08:30

Empresas ampliam monitoramento para diminuir a pegada hídrica



Grandes empresas investem em tecnologias de controle da qualidade e consumo


Por Paulo Vasconcellos — Para o Valor, de Porto Alegre


As empresas aceleram o monitoramento da água em uma corrida contra o tempo para evitar um impacto que pode ser fatal aos negócios. Investimentos em novas tecnologias de controle da qualidade e de consumo e até mudanças nas fórmulas de produtos se aliam a campanhas de uso consciente para evitar um cenário pior.

“Medimos o impacto ambiental e social de todos os nossos produtos”, afirma Maya Colombani, diretora de sustentabilidade e direitos humanos da L’Oreal do Brasil. Diante da perspectiva de que duas de cada três pessoas vão sofrer com a escassez hídrica até 2030, a multinacional francesa de cosméticos investe €50 milhões para regenerar ecossistemas.

As ações da L’Oreal miram diversos alvos, pois só 1% do uso do insumo cabe às fábricas, enquanto o consumidor responde por 40%. A maior parte cabe à produção de matéria-prima e transportes. Um dos focos é o desenvolvimento de xampus que demandem menos água do chuveiro na aplicação.

Até o ano que vem, a implantação de sistemas de produção em circuito fechado promete zerar o consumo nas fábricas. Segundo Colombani, a cadeia de valor é conscientizada da responsabilidade com a descarbonização e a sustentabilidade da água.

O consumo de água nas operações globais da HP, de acordo com o Relatório de Sustentabilidade de 2020, foi de 14,1 bilhões de litros. A pegada hídrica foi 11% menor que a de 2019. O aumento da eficiência energética e a mudança para desktops de formato menor explicam a melhora do indicador. O monitoramento foi uma das soluções da empresa, aliada a atualizações de infraestrutura e tecnologias como o Atlas de Risco de Água de Aqueduto do World Resources Institute.

A JBS, uma das grandes do setor agropecuário, exatamente o que mais consome água nos processos produtivos, estabeleceu como meta global até 2030 reduzir em 15% o uso de água em relação a 2019. No biênio 2019/2020, houve um investimento de R$ 328,1 milhões em gestão de água e efluentes, que resultou na reutilização de 5,5 bilhões de litros nas operações.

A Klabin, maior produtora e exportadora de papéis do país, estabeleceu entre as metas da Agenda Klabin 2030, uma redução de 20% no consumo específico de água industrial, atingir 100% das operações florestais sob gestão própria com manejo hidro solidário e aumentar a segurança hídrica em 100% nas localidades que sediam suas fábricas.

“Quem não monitora, não controla”, diz Júlio Nogueira, gerente de sustentabilidade e meio ambiente da Klabin. Em um segmento especialmente sensível à disponibilidade hídrica, a falta do insumo pode ter impacto irreversível nos negócios. Por isso, o monitoramento da água é tão abrangente quanto o da emissão de gases do efeito estufa.

A Klabin mede, com o auxílio da ferramenta WRI Aqueduct, a proporção entre retiradas anuais de água e o fornecimento renovável disponível, Em quatro unidades instaladas em áreas de estresse hídrico, onde a captação chega a 928,86 milhões de litros/ano, conseguiu uma redução de 23% em 2020 na comparação com 2019.

“O Brasil enfrenta ciclos de maior e menor abundância hídrica. Em regiões de carência e ciclo de precipitação deficiente, as empresas precisam se proteger, mas a necessidade de planejamento ambiental ainda não é unanimidade em todas”, diz Nelson Fontoura, diretor do Instituto do Meio Ambiente da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS).

A Softys, líder no desenvolvimento de produtos e soluções de higiene pessoal e limpeza, está no grupo das que fizeram a lição de casa. O monitoramento da água é um dos pilares da sustentabilidade. A meta é diminuir em 40% o consumo da água industrial em três anos.

Em 2020, houve redução de mais de 12% no uso do insumo nas fábricas. Máquinas que funcionam em circuito fechado mitigam a necessidade de reposição de água. “O monitoramento ajuda a garantir a qualidade dos produtos e a melhorar os processos de produção”, afirma Marcelo Zenni, diretor de operações da Softys.

Há empresas dedicadas a ajudar outras e até cidades na busca por sustentabilidade hídrica. A W-Energy ajudou a economizar em 15 anos quase 7 bilhões de litros. É água suficiente para nove meses de abastecimento de uma cidade do porte de São Caetano do Sul, no ABC Paulista, que tem mais de 160 mil habitantes e cerca de 30 mil empresas que consomem 36,3 milhões de litros/dia.

Quatrocentas cidades, padarias e pequenas lojas já usam a tecnologia de internet das coisas da W-Energy que monitora o consumo de água por uma assinatura mensal de R$ 200. “Em cinco anos a conta de água subiu 50% e vai subir ainda mais com os ciclos de escassez”, diz Wagner Carvalho, presidente da W-Energy.

“O impacto das mudanças climáticas e o crescimento da população mundial demandam mais consciência no uso da água”, diz Fabiana Castro, diretora de desenvolvimento de negócios da Amanco Wavin. A marca da multinacional mexicana Mexichem trouxe ao Brasil um pacote inédito de tecnologias. Uma é o WWNM, software de diagnóstico e solução inteligentes para a gestão das canalizações.


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