
Publicado em 18/03/2022 - 20:02 / Clipado em 18/03/2022 - 20:02
Meio ambiente ganha apoio da arte em debate sobre o Dia Mundial da Água
Por George Garcia
Acontece na próxima terça-feira (22/03), data em que se comemora o Dia Mundial da Água, às 19 horas, um debate que vai envolver ambientalistas, pesquisadores e entidades como a SOS Mata Atlântica, o projeto IPH (Índice de Poluentes Hídricos), desenvolvido na USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul) entre outros órgãos ambientais. O encontro vai acontecer no Atelier Travessia, que fica na rua Minas Gerais, 201, próximo à avenida Paulista, na Capital, mas que será aberto, através das redes sociais, a todos que quiserem assistir e participar. Para falar sobre o encontro o RDTv desta sexta-feira (18/03) conversou com quatro mulheres envolvidas neste trabalho, aproveitando que março é também o mês da mulher.
Participaram do programa a bióloga Marta Marcondes, coordenadora do IPH; Malu Ribeiro, diretora de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica; Ana Amélia Rezende e Rúbia Mattos, ambas gestoras do Atelier Travessia. A apresentação foi do jornalista Leandro Amaral.
Para Malu Ribeiro, a preservação dos mananciais e consequentemente da qualidade da água tem grandes desafios. “A emergência climática que vivemos; extremos climáticos tanto de chuvas que causam enchentes, aos períodos de seca extrema revelam mudança de comportamento que vamos ter. Em paralelo temos o desmonte da legislação ambiental brasileira. O desmatamento da Amazônia e da Mata Atlântica, as queimadas nos biomas brasileiros têm consequências que nós sentimos na hora das chuvas. As queimadas na Amazônia diminuem as precipitações de chuva pelos rios voadores que chegam às regiões Sul e Sudeste. Enquanto o Brasil deveria estar caminhando no sentido de buscar soluções baseadas na natureza para enfrentamento da emergência climática, ou pelo menos perseguir os objetivos propagados pela Organização das Nações Unidas, nós estamos caminhando na contramão; desmontando as políticas públicas, favorecendo o desmatamento e trazendo a impunidade. Está se passando um pano e a boiada, como dizem lá em Brasília, sobre a legislação ambiental”, destacou.
Ana Amélia Rezende destacou o trabalho do artista Cacau, autor da escultura Olho D´Água que está instalada no Parque Portugal, em Campinas. “O Cacau vem sempre falando disso e fez uma escultura maravilhosa”, disse a gestora do Atelier Travessia. Rúbia Matos também destacou o trabalho do artista. “O Cacau abraça todas as causas, trazendo mais consciência e promovendo os debates. Estamos de portas abertas para fazer esse diálogo com a sociedade dentro de todas as temáticas importantes como arte, cultura, questões sociais e questões ambientais. A obra é uma escultura de 9 metros de altura trazendo essa conexão com a mãe Terra. A ideia nossa aqui é unir, através da cultura e da arte, esses projetos sociais e ambientais. Nesse projeto foi colocado um trabalho com a comunidade, de reciclagem, as crianças recolheram material que fez a base de toda a escultura. Surgiu também um livro de poesia e um troféu ações relevantes nesse processo de conscientização ambiental”.
A bióloga e ambientalista Marta Marcondes disse que o ABC tem um papel muito importante na preservação dos mananciais porque é uma região produtora de água. “Na região temos uma série de desafios porque estamos em uma grande área de proteção aos mananciais, por exemplo, Rio Grande da Serra, é um município que está totalmente inserido numa área de proteção aos mananciais; Santo André, praticamente 50%; São Bernardo de 40% a 50%; só São Caetano é que tem uma área muito urbanizada e não tem áreas de proteção. O desafio número um é que possamos proteger e recuperar os mananciais que temos. E são ações que estão inseridas na nossa lei específica do reservatório Billings. A lei é de 2010 e desde lá temos feito esforços hercúleos para que seja colocada em prática, seja cumprida. O braço do reservatório Billings, o Rio Grande, abastece parte do ABC e parte de São Paulo. A água do Rio Grande faz a transposição para o sistema Alto Tietê. Tem poucas ações para a efetividade dessa lei”, explica a professora da USCS.
De acordo com Marta Marcondes há muito pouco da lei específica que está sendo colocado em prática. “Isso nós discutimos muito no comitê do Alto Tietê, reativamos o subcomitê Billings-Tamanduateí e estamos na luta ativamente para que as ações da lei específica sejam cumpridas. Como por exemplo, a fiscalização integrada de proteção e fiscalização dos mananciais e tratamento de esgotos. Alguns municípios têm feito a lição de casa, São Bernardo, por exemplo, está com um grande projeto de coleta, afastamento e tratamento de esgoto, mas temos que avançar muito mais nesse processo. Isso tem que ser feito no nível do consórcio intermunicipal”, analisa.
Malu Ribeiro, diz que o projeto Observando os Rios, da SOS Mata Atlântica, já verifica que nos últimos cinco anos a qualidade da água melhorou na região metropolitana de São Paulo. “A gente costuma dizer que o nosso problema de escassez hídrica está muito mais ligado à falta de qualidade da água, a ausência de serviços de saneamento básico de boa qualidade e encarar o tratamento de esgoto e a água limpa como um direito humano, coisa negligenciada pelo poder público há muitos anos. Tem uma melhoria, mas ainda incipiente, distante do que a gente precisa. A gente tinha, por exemplo, vários rios monitorados no ABC, na região da Billings, com qualidade da água péssima durante todo o ano e agora, nos últimos cinco anos, a gente vem conseguindo manter média da qualidade da água regular”.
Serviço
Roda de Conversa – Dia Mundial da Água
Ateliê Travessia: rua Minas Gerais 201 (no fim da Paulista), Cerqueira Cesar – São Paulo
Horário: 19hs
Transmissão pelas redes sociais do IPH e do Atelier Travessia
Veículo: Online -> Site -> Site Repórter Diário - Santo André/SP
Seção: Meio Ambiente