
Publicado em 16/03/2022 - 07:10 / Clipado em 16/03/2022 - 07:10
Queremos contar a história verdadeira dos negros, pede presidente do Conescs
Por Amanda Sakumoto
O Conescs (Conselho da Comunidade Negra) de São Caetano apresentou propostas para fomento de políticas públicas voltadas ao enfrentamento do racismo e outras formas correlatas de discriminação étnico-racial e étnico-cultural, em reunião com a Prefeitura, realizada no início deste mês. Dentre os temas apresentados na reunião está a inclusão da história da população negra e indígena na rede municipal de ensino.
A presidente do Conescs, Sandra Cassiano, defende que é preciso contar a verdadeira história do negro, desde a saída da África até a chegada ao Brasil. “É preciso mostrar como ele foi vendido como mercadoria aqui e depois descartado. Aqui em São Caetano, por exemplo, se conta muito sobre os italianos, mas também tínhamos negros e índios trabalhando com cerâmica na cidade. Esses foram nossos primeiros trabalhadores e temos que contar a história deles”, conta a presidente, em entrevista ao RDtv.
Além das ações de inclusão da história na grade curricular, o Conselho da Comunidade Negra também propõe a capacitação dos profissionais da educação, tanto para conscientização ao tema racismo quanto para lidar com os casos que possam existir da rede municipal.
Presidente do Conescs pede a inclusão da verdadeira história do negro na grade curricular da rede municipal de ensino (Foto Reprodução)
O Conescs também pede por ações voltadas à cultura, como a inclusão de nomes de personalidades negras que foram importantes na história da cidade. “Há apenas uma praça em São Caetano, que recebe o nome de uma pessoa negra. Não há mais outro patrono negro e temos muitas pessoas que foram importantes para a nossa formação”, defende Sandra. “Temos que valorizar e buscar a inclusão desses personagens. Temos que lutar por uma cidade menos preconceituosa”, afirma.
Outra proposta apresentada ao município é a inclusão da questão racial nos atendimentos médicos da rede municipal de saúde. “Precisamos de dados estatísticos da população negra. Queremos que na ficha de atendimento constem informações de raça e cor, pois existem doenças específicas dessa população, como a anemia falciforme”, explica Andreia Miguel Pinto, vice-presidente do Conescs. “Precisamos dar encaminhamento às propostas retiradas da Conferência, para garantir uma cidade contra o racismo”, defende e explica que por meio dos dados estatísticos será possível planejar políticas públicas de saúde mais eficientes à população negra.
Ainda na questão da saúde, um dos pontos pede a garantia de um programa destinado ao atendimento de pacientes com anemia falciforme. “Na maioria dos casos, a população negra não sabe que tem a doença e não realiza o tratamento adequado. É preciso promover a orientação, conscientização e fortalecimento do atendimento”, afirma Andreia.
Anemia falciforme
Dados do Ministério da Saúde apontam que a doença, com causa hereditária e caracterizada pela alteração dos glóbulos vermelhos do sangue, que ganham a aparência de uma foice ou meia-lua, afeta cerca de 100 mil brasileiros. O problema é predominante entre indivíduos negros.
Por conta do formato das hemácias, há dificuldade no transporte de oxigênio entre as células e até obstrução nos vasos sanguíneos. A doença também pode provocar anemia e outros sintomas, que vão desde dores nos ossos e nas articulações até infecções recorrentes e atraso no desenvolvimento. Após o diagnóstico da doença, o paciente necessita de acompanhamento médico regular.
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Seção: Cidades