
Publicado em 12/03/2022 - 14:45 / Clipado em 12/03/2022 - 14:45
Aumento dos combustíveis afeta imediatamente o setor de alimentos
George Garcia
O aumento do preço dos combustíveis em 18%, no caso da gasolina, e em 24% no caso do diesel, anunciado pela Petrobras, chegou aos postos de combustíveis e já impacta em praticamente todas as cadeiras produtivas, porém os alimentos serão os mais rapidamente atingidos. Na Ceasa do ABC, o quilo do tomate já passa dos R$ 12 e o de pimentão é vendido a mais de R$ 20. Esses preços já são reflexo da alta do preço do diesel.
Para o engenheiro agrônomo da Craisa (Companhia de Regional de Abastecimento Integrado de Santo André), Fábio Vezzá Benedetto, o aumento nas bancas da Ceasa do ABC foi instantâneo; os preços já subiram. “O valor do transporte para frutas, verduras e legumes é muito importante na formação do preço e como o abastecimento é diário o consumidor já vai perceber o aumento já neste final de semana. Os preços já vinham bem altos no tomate, no pimentão e na alface por causa da chuva, agora com o aumento do combustível a alta foi imediata”, analisa.
Segundo Benedetto, toda cadeia de alimentos depende do transporte rodoviário. “As hortaliças folhosas estão mais perto da região metropolitana, mas as frutas não; a banana vem do Vale do Ribeira ou de Santa Catarina, o melão vem do Rio Grande do Norte, a batata vem do Sul assim como a cebola, que ainda pode vir da Argentina. Tudo vem de caminhão, então o preço vai subir bastante. Mas eu acredito que os aumentos serão maiores em outros grupos de alimentos, como arroz, feijão, carne e leite”, prevê. Para fugir dos preços o consumidor poderá optar por produtos mais duráveis, como trocar a salada de alface pela de repolho e ainda pode usar a abóbora, o milho verde e a mandioca.
Para o presidente da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de São Caetano, Alexandre Damásio, já na próxima semana os preços nas feiras e mercados já sofrerá os efeitos do aumento. “Todo o modelo de hortifruti é abastecido de forma temporal, a cada dois ou três dias, então já na semana que vem teremos impacto dos produtos que chegam ao Ceasa. O pequeno produtor, que abastece a região metropolitana, com as verduras, por exemplo, já vai sentir imediatamente porque usa o diesel no trator e tem o transporte”, analisa. “O fast-food vai ser também diretamente atingido por conta das entregas. A pizza que a gente pede no fim de semana deve ficar mais cara por conta do combustível para entrega”.
O setor de turismo é outro que pode voltar a sentir crise de pois de ser um dos mais impactados com a pandemia. “O consumidor vai viajar menos. As viagens de até 250 quilômetros, que são feitas de carro, vão diminuir, aquela viagem para a praia ou para o sítio vão ser menos frequentes e com isso as cidades turísticas como, por exemplo, Serra Negra ou qualquer uma do litoral vão sofrer mais”, avalia Damásio.
Outro setor bastante afetado, segundo Damásio, é o de vestuário, porque é muito dependente das lojas físicas e mesmo as vendas digitais dependem do valor do frete. “As operações vão ficar mais caras, porque o combustível é a variável nos contratos. Além disso, os reajustes afetam outras áreas por conta da sensação inflacionária; a expectativa de inflação vai atingir todos os segmentos”, conclui o presidente da CDL.
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Seção: Economia