
Publicado em 14/02/2022 - 07:06 / Clipado em 14/02/2022 - 07:06
PM salva 12 bebês engasgados no ABC; saiba quais são os primeiros socorros
Amanda Lemos
Quando o bebê adquire firmeza para segurar um objeto, a primeira coisa que faz é levá-lo à boca. Justamente por ser uma imagem tão comum, se tornou frequente os noticiários que envolvem bebês salvos após se engasgarem – seja com leite materno ou outros alimentos. Para se ter ideia, desde julho do ano passado, pelo menos 12 bebês foram salvos por policiais militares no ABC, sendo nove ocorrências somente no último semestre de 2021 e outras três neste ano.
A última registrada pela PM (Polícia Militar) foi de uma bebê, de quatro meses, que estava engasgada com leite materno na rua dos Vianas, em São Bernardo. Durante patrulhamento, os agentes se depararam com um casal que pedia socorro diante da situação. Prontamente, um policial começou a realizar a manobra de Heimlich, uma técnica de primeiros socorros utilizada em casos de emergência por obstrução de corpo estranho provocada por líquido, pedaço de comida, e outros, para desobstruir as vias respiratórias.
O método utilizado pelo agente foi suficiente para a criança chorar e voltar a respirar normalmente. Após o momento de susto dos pais, a bebê foi levada até a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Baeta Neves, em São Bernardo, para análise clínica, mas segundo informações, passa bem.
Em entrevista ao RDtv, o capitão da Polícia Militar, Felipe Pinholi, que participou da operação, explica que o treinamento para resgate e salvamento dos bebês e crianças se inicia cedo, desde a formação dos policiais. “Os pais acabam entregando os filhos no nosso colo nesse momento de desespero, e é esse treinamento que faz com que consigamos reverter o caso, principalmente dos bebês, em que é muito comum acontecer”, explica.
Segundo o médico Carlos João Schaffhausser Filho, pediatra e gestor adjunto do curso de Medicina da USCS (Universidade de São Caetano do Sul), as causas desse tipo de acidente variam desde sufocação causada por vômito ou alimento regurgitado, até ingestão de alimentos ou líquido que causam a obstrução do trato respiratório. “O engasgo pode ser tanto parcial como total, ou seja, pode chegar a comprometer toda a passagem de ar anatômica do bebê e atrapalhar a via aérea até os pulmões”, explica.
Para o médico, as crianças menores (de um a dois anos) são os alvos mais fáceis de engasgo, uma vez que os líquidos também podem comprometer a via respiratória. “Diferente dos pequenos, as crianças maiores sufocam com alimentos maiores e/ou brinquedos que os pais entregam sem averiguar a faixa etária correta. Por isso, é importante tomar cuidado com o brinquedo que entregamos para nossos filhos e redobrar a atenção na hora da compra”, salienta.
Dados do Ministério da Saúde mostram que, em 2018, 791 crianças de até 14 anos morreram vítimas de sufocação – o equivalente a duas por dia em todo país. A maior prevalência de óbitos está nos bebês. Crianças com menos de um ano de vida responderam por 75% das mortes acidentais por este motivo. Em outras palavras, três a cada quatro mortes são de crianças com menos de um ano de vida, o que aumenta a necessidade dos cuidados nessa faixa etária.
Veja quais são os primeiros socorros:
Engasgo parcial
Em casos de engasgo parcial (quando as vias respiratórias não estão completamente obstruídas, ou seja, ainda há passagem de ar), a orientação dos profissionais é manter a criança calma, segurá-la no colo, virada de frente para você, e ligar imediatamente para a emergência (PM 190, SAMU 192 ou Bombeiros 193). Na maior parte das vezes, ao tossir, a criança consegue expelir o que provou o engasgo. Mas, atenção: jamais utilizar os tetos para tentar retirar o objeto, pois você pode empurrá-lo ainda mais fundo e piorar a situação. Também não é recomendado sacudir a criança.
Engasgo total
Já quando o objeto e/ou alimento obstrui completamente a passagem do ar e a criança não consegue falar, tossir e/ou chorar e começa a ficar com o rosto arroxeado, a orientação é que os pais liguem para a emergência (PM 190, SAMU 192 ou Bombeiros 193) e não tente retirar o objeto com os dedos. Enquanto espera socorro, as seguintes manobras podem ser tentadas:
Com os dedos indicador e médio segure a boca do bebê aberta, deite a criança com barriga para baixo em cima do seu antebraço e apoie o antebraço na coxa, para ter mais firmeza. Dê palmadas com a base da mão entre os ombros, no meio das costas da criança (com força, mas sem machucá-la) até que ela desengasgue.
Caso a primeira opção não resolva, faça compressão cardíaca contra o peito da criança. Para isso, coloque o bebê deitado de costas sobre o antebraço e apoiado sobre a coxa. Após isso, faça compressões com dois dedos no meio do peito, entre os mamilos. Cada compressão deve ter 4 centímetros, de 2 a 3 dedos de profundidade.
Se, após as manobras, o bebê chorar, vomitar ou tossir é sinal que desengasgou e sua cor voltará ao normal. No entanto, se ele continuar engasgado e consciente – tentando respirar – é importante repetir as manobras acima. Já se o bebê perder a consciência e ficar sem reação, é possível fazer ventilações na criança junto com as compressões.
“É importante lembrar que o tempo de recuperação da criança varia, de três a quatro minutos. Nesse meio tempo, é imprescindível que quem mais estiver perto dos pais ou de quem estiver ajudando a criança, acione o contato de emergência para fazer o resgate correto da criança”, aconselha o médico ao lembrar que, nos adultos, as estratégias e manobras de desengasgo mudam, com novos procedimentos de abertura das vias aéreas.
Veículo: Online -> Site -> Site Repórter Diário - Santo André/SP
Seção: Cidades