
Publicado em 03/12/2024 - 20:20 / Clipado em 03/12/2024 - 20:20
As 100 melhores cidades do Brasil para se viver
IDH é utilizado para calcular qualidade de vida nos municípios
Por Victoria Nogueira Rosa* , Valor — São Paulo
O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) é um indicador utilizado para calcular a qualidade de vida em determinada cidade, estado ou país. Três aspectos são considerados no cálculo: renda, educação e saúde.
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) contabiliza os dados referentes ao Índice de Desenvolvimento Humano. Os mais recentes são de 2010. Na ocasião, o levantamento coletou os dados de 5.565 municípios. Ao Valor, a entidade informou que os dados atualizados conforme o Censo 2022 ainda não estão disponíveis.
Cinco cidades que não eram consideradas municípios em 2010 devem ser incluídas ao próximo ranking. São elas: Pescaria Brava (SC); Balneário Rincão (SC); Mojuí dos Campos (PA); Pinto Bandeira (RS); e Paraíso das Águas (MS). O texto será atualizado quando as novas informações forem divulgadas. Confira as 100 cidades brasileiras com os maiores IDHM'S:
O que é IDHM?
O Índice de Desenvolvimento Humano foi criado pelo economista paquistanês Mahbub ul Haq com a colaboração do economista indiano Amartya Sen, ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 1998. O objetivo do indicador é ser uma medida geral do desenvolvimento humano. Na prática, o IDHM ajuda a entender a qualidade de vida de uma determinada cidade, estado ou país.
Fernando de Souza Coelho, professor de Administração Pública na Universidade de São Paulo (USP), explica que, antes, o conceito era atrelado exclusivamente ao conceito de desenvolvimento econômico.
"Se pensava crescimento econômico a partir do PIB. Ele era representativo do conceito de desenvolvimento. Nos anos 1980, começam os questionamentos sobre essa forma de pensar. O Mahbub ul Haq e o Amartya Sen propõe um indicador alternativo, com a ideia de separar o que é crescimento econômico do que é desenvolvimento humano", apontou.
Apesar de ampliar a perspectiva sobre o desenvolvimento humano, o PNUD destaca que o "o IDH não abrange todos os aspectos de desenvolvimento".
Além disso, a entidade afirma que também não é uma representação da "felicidade" das pessoas, nem indica "o melhor lugar no mundo para se viver", já que aspectos como democracia, participação, equidade, sustentabilidade não são contemplados no indicador --- embora integrem o desenvolvimento humano.
Como o IDHM é calculado?
Os municípios brasileiros tiveram o IDHM calculado pela última vez em 2010. Na época, foram considerados dados do Censo 2010. A escala de medição vai de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, melhor é o índice da cidade, estado ou país. Três aspectos são considerados no cálculo do IDHM: renda, educação e saúde.
No cálculo, os três parâmetros são somados e, então, divididos por 3:
Mas o que significa cada parâmetro?
Renda
Essa dimensão considera a renda per capita da população. Ou seja, a renda média mensal dos habitantes de determinado local. Nesse aspecto, é calculada a capacidade média de aquisição de bens e serviços por parte dos habitantes. E, então, estipular o padrão de vida capaz de assegurar suas necessidades básicas, como água, alimento e moradia.
Segundo o PNUD, a grande limitação desse indicador é não considerar a desigualdade de renda entre os habitantes da área de referência. Assim, um município, por exemplo, pode apresentar uma elevada renda per capita, mas, ao mesmo tempo, ter uma grande parcela de sua população vivendo na pobreza.
Os valores utilizados no cálculo são obtidos a partir das respostas ao questionário da amostra do Censo Demográfico e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio – PNAD Contínua para o período intercensitário (que ocorre entre dois Censos). Para chegar ao indicador final, é necessário dividir todos os rendimentos dos indivíduos residentes do local pesquisado no mês anterior à data do Censo ao número total desses indivíduos.
Educação
O fluxo escolar da população jovem é medido pela:
- Média do percentual de crianças de 5 a 6 anos frequentando a escola;
- Do percentual de jovens de 11 a 13 anos frequentando os anos finais do ensino fundamental regular;
- Do percentual de jovens de 15 a 17 anos com ensino fundamental completo;
- Do percentual de jovens de 18 a 20 anos com ensino médio completo.
A escolaridade da população adulta, por sua vez, é medida pelo percentual da população de 18 anos ou mais com o ensino fundamental completo.
Todos esses dados são obtidos a partir das respostas ao questionário da amostra do Censo Demográfico e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio – PNAD Contínua.
O PNUD, no entanto, ressalta as limitações metodológicas. Por exemplo, a medida da educação da população jovem não inclui toda a população em idade escolar e frequentando a escola, captando apenas determinados momentos da passagem da população jovem pelo sistema educacional.
Em outro ponto, a medida da educação da população adulta também limita a avaliação àqueles que completaram o ensino fundamental, não incluindo os que tiveram alguma passagem pelo sistema educacional sem completar ciclos.
Longevidade
A dimensão Longevidade do IDHM considera a esperança de vida ao nascer, ou seja, o número médio de anos que as pessoas que residem em determinado lugar viveriam a partir do nascimento, mantidos os mesmos padrões de mortalidade observados em cada período.
Segundo o PNUD, a esperança de vida ao nascer sintetiza as condições sociais, de saúde e de salubridade de uma população ao considerar as taxas de mortalidade em suas diferentes faixas etárias. Todas as causas de morte são contempladas para se chegar ao indicador, tanto doenças quanto causas externas, tais como violência e acidentes.
Dois blocos de indicadores do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil podem ser utilizados na avaliação das condições de saúde. O primeiro bloco, composto de indicadores de longevidade e mortalidade, inclui a taxa de mortalidade infantil, as probabilidades de morte até 5, 40 e 60 anos de idade e a esperança de vida ao nascer. O segundo bloco é composto pela taxa de fecundidade total.
Quanto mais desenvolvida for uma região, mais a mortalidade infantil se relaciona a causas do interior do organismo, determinadas pelos riscos de mortalidade neonatal (primeiros 28 dias de vida). Nas regiões menos desenvolvidas, o PNUD aponta desnutrição, doenças infecciosas e respiratórias.
A principal limitação deste parâmetro é o desconhecimento dos padrões de mortalidade dos recortes espaciais. A lacuna foi preenchida adotando o padrão de mortalidade de seu estado, determinado pelas Tabelas de Sobrevivência, desenvolvidas pelo Cedeplar/UFMG, para cada uma das unidades federativas.
As 10 cidades com os melhores IDH's do Brasil
1º São Caetano do Sul (SP)
São Caetano do Sul conta com 165.655 habitantes, aponta o Censo 2022. Ao todo, 98,8% da população é alfabetizada, o que corresponde a 138.689 pessoas.
As mulheres também são maioria, com 89.984. Os homens representam 75.671 da população. São Caetano do Sul ainda abriga a matriz das Casas Bahia e a sede da General Motors no Brasil.
A cidade paulista, por sua vez, tem IDHM calculado em 0,854. É a 1º quando considerada melhor renda (0,891). No critério de educação, São Caetano do Sul está em 2º lugar (0,811). Já na longevidade, está em 19º (0,887).
2º Águas de São Pedro (SP)
Com população estimada em 2.780 pessoas, Águas de São Pedro é o menor município no estado de São Paulo. A cidade é conhecida pelas águas hidrominerais. As fontes naturais são alguns dos atrativos turísticos.
O Censo 2022 aponta que 98,8% da população é alfabetizada, o que corresponde a 98,8% dos habitantes. Apenas 1,2% (30) não sabem ler e escrever. As mulheres também são maioria na população. São 1.491. Os homens correspondem a 1.289 da população.
Águas de São Pedro tem IDHM calculado em 0,854. É a 12º cidade quando considerada melhor renda. No critério de educação, a cidade paulista está em 1º lugar (0,825). Já na longevidade, está em 147º (0,873).
3º Florianópolis (SC)
A capital de Santa Catarina tem população de 537.211 habitantes, segundo o Censo 2022. O levantamento destaca que 98,6% dos moradores são alfabetizados --- 448.109 pessoas. Somente 1,4% não sabem ler e escrever (6.181). As mulheres são maioria na população --- 280.008 no total. Os homens, por sua vez, correspondem a 257.203.
Florianópolis tem IDHM calculado em 0,847. É a 5º cidade quando considerada melhor renda (0,870). No critério de educação, a cidade está em 5º lugar (0,800). Já na longevidade, está em 11º (0,890).
4º Vitória (ES)
Vitória, no Espírito Santo, está empatada com Balneário Camboriú no IDHM — 0,845. As duas cidades estão em 4º no ranking que mede a qualidade de vida nos municípios. Quando considerado o restante da pesquisa, a capital capixaba está em 3º quando considerada melhor renda (0,876). No critério de educação, aparece em 4º lugar (0,805). Já na longevidade, está em 551º (0,855).
Segundo o Censo 2022, 97,8% (263.472) da população de Vitória é alfabetizada, enquanto 2,2% (6.043) não sabem ler e escrever. As mulheres são maioria. Ao todo, são 173.415. Já os homens são 149.454 da população.
4º Balneário Camboriú (SC)
Balneário Camboriú, no litoral norte de Santa Catarina, abriga alguns dos prédios mais altos no Brasil. A população estimada é de 139.155, segundo o Censo 2022.
A cidade tem IDHM calculado em 0,845. É a 10º cidade quando considerada melhor renda (0,854). No critério de educação, a capital capixaba está em 6º lugar (0,789). Já na longevidade, está em 1º (0,894).
De acordo com o Censo 2022, 98,8% (117.237) da população é alfabetizada; 1,2% (1.407) não sabem ler e escrever. As mulheres representam 73.429 dos habitantes, enquanto os homens, 65.726.
6º Santos (SP)
Localizada no litoral sul de São Paulo, Santos tem o maior porto da América Latina. A população é de aproximadamente 418.608 pessoas.
O IDHM da cidade é calculado em 0,840. É a 9º cidade quando considerada melhor renda (0,861). No critério de educação, a cidade está em 3º lugar (0,807). Já na longevidade, está em 643º (0,852).
De acordo com o Censo 2022, 98,4% da população é alfabetizada (352.499), enquanto 1,6% (5.739) não sabe ler e escrever. As mulheres são 228.881 dos habitantes. Já os homens, 189.727.
7º Niterói (RJ)
Localizada a 13 quilômetros da capital fluminense, Niterói tem 481.749 habitantes, segundo o Censo 2022. A cidade tem IDHM calculado em 0,837. Além disso, é a 2º cidade quando considerada melhor renda (0,887). No critério de educação, a cidade está em 13º lugar (0,773). Já na longevidade, está em 581º (0,854).
Ao todo, 98,2% (404.198) da população de Niterói é alfabetizada, segundo o Censo 2022. Os que não sabem ler e escrever representam 1,8% da população (7.280). São 261.069 mulheres e 220.680 homens.
8º Joaçaba (SC)
Localizada no interior de Santa Catarina, Joaçaba tem 30.146 habitantes. O IDHM é calculado em 0,827. É a 31º cidade quando considerada melhor renda (0,823). No critério de educação, a cidade está em 15º lugar (0,771). Já na longevidade, está em 7º (0,891).
Quando considerada a população total, 97,5% (24.412) são alfabetizados, aponta o Censo 2022. Os não alfabetizados representam 2,5% da população (625). As mulheres são maioria --- 15.483. Já os homens, 14.663.
9º Brasília (DF)
A capital brasileira foi fundada em 1960. Hoje, a população é estimada pelo IBGE em 2.817.381 habitantes. Brasília tem IDHM calculado em 0,824. É a 8º cidade quando considerada melhor renda (0,863). No critério de educação, a cidade está em 73º lugar (0,742). Já na longevidade, está em 147º (0,873).
97,2% (2.219.866) da população é alfabetizada, enquanto 2,8% (63.282) não sabem ler ou escrever. São 1.474.595 mulheres e 1.342.786 homens.
10º Curitiba (PR)
A capital paranaense tem população estimada de 1.773.718 pessoas. O IDHM de Curitiba é calculado em 0,823. É a 11º cidade quando considerada melhor renda (0,850). No critério de educação, a cidade está em 17º lugar (0,768). Já na longevidade, está em 551º (0,855).
De acordo com o Censo 2022, 1.463.603 dos habitantes (98,5%) são alfabetizados. Por outro lado, 1,5% (22.710) não sabem ler e escrever. Ao todo, são 936.700 mulheres e 837.018 homens.
*Estagiária sob supervisão de Diogo Max
https://valor.globo.com/brasil/artigo/as-100-melhores-cidades-do-brasil-para-se-viver.ghtml
Veículo: Online -> Site -> Site Valor Econômico - São Paulo/SP
Seção: Cidades