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Portal O Globo - Rio de Janeiro/RJ

Publicado em 31/10/2024 - 18:38 / Clipado em 31/10/2024 - 18:38

Desemprego cai para 6,4% em setembro, o segundo menor da série histórica


Por Carolina Nalin

Desempenho no trimestre foi puxado pela indústria e comércio, que abriram mais de 700 mil postos de trabalho no terceiro trimestre. Massa salarial cresce 7,2% no ano

 

O desemprego caiu para 6,4% no trimestre encerrado em setembro. Trata-se da menor taxa para o período e a segunda menor em toda a série histórica do IBGE, iniciada em 2012. Atualmente, o país tem 103 milhões de pessoas ocupadas, o maior contingente já registrado. Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada pelo instituto nesta quinta-feira.

  •     O número de trabalhadores no setor privado também atingiu recorde, somando 53,3 milhões de trabalhadores, alta de 2,2% no trimestre
  •     O resultado foi puxado pelo desempenho da indústria e comércio, que abriram mais de 700 mil postos de trabalho no período
  •     A taxa de desemprego do trimestre encerrado em junho, que serve de comparação com o índice divulgado hoje, foi de 6,9%

O bom momento do mercado de trabalho no país fez o número de desempregados cair mais uma vez. Eram 7 milhões em busca de uma oportunidade em setembro - pelo critério da pesquisa, a pessoa deve estar procurando emprego para ser considerada desocupada.

O número é o menor desde o trimestre encerrado em janeiro de 2015 e representa um recuo de 7,2% em relação ao segundo trimestre e 15,8% frente a igual período de 2023.

Segundo Adriana Beringuy, gerente da pesquisa, o crescimento contínuo do emprego reflete a expansão das atividades econômicas, impulsionada pelo aumento do consumo das famílias.

Grande parte do rendimento familiar é direcionada para o consumo, o que intensifica a demanda por trabalhadores em diversos setores, explica ela. Além do aumento no número de vagas, houve um avanço na média salarial, com crescimento do rendimento médio real dos trabalhadores:

— Isso mostra que o mercado de trabalho não está observando apenas melhorias isoladas, mas uma recuperação que vem sendo observado desde a segunda metade do ano de 2022, e que vem ganhando uma robustez até o ponto da sua consistência a partir de 2023.

 

Evolução do desemprego no Brasil

O que dizem analistas?

Para especialistas, o bom desempenho do mercado de trabalho é reflexo de uma atividade econômica que tem crescido mais que o esperado este ano. A expectativa é que o desemprego encerre o ano no menor nível da série histórica. O Ibre/FGV projeta que a taxa chegue a 6,2% em dezembro, já a consultoria Tendências estima 6%. Se confirmado, será a menor taxa registrada pela pesquisa.

Apesar do quadro positivo, analistas alertam que o aquecimento do mercado de trabalho mantém os preços pressionados, principalmente de serviços, o que dificulta o controle da inflação pelo Banco Central. A autoridade monetária tem sinalizado que o mercado está apertado, e economistas esperam aumento da Selic - hoje em 10,75% ao ano -, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na semana que vem.

Fernando de Holanda, pesquisador sênior da área de Economia Aplicada do Ibre/FGV, avalia que a política fiscal do governo tem estimulado ainda mais a economia este ano.

— O Brasil está crescendo mais que o esperado, mas tem o lado ruim da história. A inflação vai fechar acima do teto da meta, de 4,5%, e o BC está aumentando os juros para frear a economia que dá sinais de estar acima do “pleno emprego” — explica ele.

Segundo Holanda, o único indício de um arrefecimento do mercado de trabalho e, consequentemente, de uma redução na pressão inflacionária, é o recuo de 0,4% no rendimento médio na comparação trimestral. Ainda assim, ele considera prematuro afirmar que há uma moderação em curso:

— Ainda não temos uma observação suficiente que permita falar que vai parar de crescer o rendimento. Por enquanto, ainda não tem um movimento que para de trazer pressão sobre a inflação.

Lucas Assis, analista da Tendências Consultoria, também observa que o mercado de trabalho surpreendeu positivamente este ano, com uma taxa de desemprego abaixo das expectativas e um aumento da ocupação superior ao projetado. No entanto, ele acredita que, a partir de 2025, esse crescimento será mais moderado.

Assis calcula que a massa salarial deverá crescer 4% em 2025, após uma alta que gira em torno de 7% este ano.

— Até o fim desse ano, é possível que haja uma desaceleração importante, mas ainda deve se manter um ritmo de crescimento considerável. É um cenário ainda de sustentação da massa salarial. Não há perspectiva de reversão de tendência de curto prazo. A renda ainda tem espaço pra crescimento — afirma.

 

Indústria e comércio puxam vagas

A queda do desemprego reflete o recorde de ocupados tanto no setor privado como no público. No privado, a a expansão das vagas decorre principalmente do desempenho da indústria. O setor teve incremento de 416 mil profissionais, alta de 3,2% na comparação com os três meses anteriores.

O comércio, por sua vez, absorveu 291 mil trabalhadores - alta de 1,5% no trimestre - e chegou ao recorde de 19,6 milhões de pessoas ocupadas. Os demais setores permaneceram-se estáveis.

Embora indústria e comércio tenham puxado a abertura de vagas, o perfil dos novos postos de trabalho foi diferente nas duas áreas.

— Em particular, a indústria registrou aumento do emprego com carteira assinada. Já no comércio, embora a carteira assinada também tenha sido incrementada, o crescimento predominante foi por meio do emprego sem carteira — explica Adriana Beringuy, gerente da pesquisa.

 

Recorde de emprego com carteira

No setor privado, o número de empregados formais cresceu 1,5% no trimestre e 4,3% no ano, chegando ao maior patamar da série (39 milhões). Já o número de empregados sem carteira aumentou 3,9% no trimestre (mais 540 mil pessoas), alcançando 14,3 milhões.

O contingente de trabalhadores no setor público também atingiu seu maior nível: 12,8 milhões de trabalhadores. Apesar de ter se mantido estável no trimestre, o setor público apresentou um crescimento anual de 4,6%, com mais 568 mil pessoas empregadas.

O crescimento de vagas no setor público costuma acontecer em anos com eleições.

 

Massa de rendimentos avança 7% no ano

Mais emprego significa mais dinheiro injetado na economia. O rendimento médio real das pessoas ocupadas foi de R$ 3.227 no trimestre encerrado em setembro, um recuo de 0,4% considerado estabilidade pelo IBGE em relação aos três meses anteriores, mas com alta de 3,7% na comparação com 2023.

Isso fez a massa de rendimentos (soma das remunerações de todos os trabalhadores) atingir R$ 327,7 bilhões, avanço de 7,2% na comparação anual - na comparação com o segundo trimestre, o indicador ficou estável.

Segundo Adriana, do IBGE, será preciso acompanhar os próximos meses para ver se a massa de rendimentos, após o registro de estabilidade, sinalizará uma reversão de tendência:

— Por ora, o rendimento está estável. No ano, permanece a tendência de crescimento — diz ela.

 

Pnad x Caged

A Pnad traz informações sobre trabalhadores formais e informais. A pesquisa é divulgada mensalmente, mas traz informações trimestrais. A coleta de dados é feita em regiões metropolitanas do país.

Já a pesquisa do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho só traz informações sobre trabalho com carteira assinada, com base no que as empresas informam ao ministério. Os dados são mensais.

Os números mais recentes do Caged foram divulgados na quarta-feira e mostraram que o Brasil abriu 248 mil postos de trabalho em setembro, acima das estimativas.

 

https://oglobo.globo.com/economia/noticia/2024/10/31/taxa-de-desemprego-cai-para-64percent-em-setembro-aponta-ibge.ghtml

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Seção: São Caetano