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 Site Repórter Diário - Santo André/SP

Publicado em 23/10/2024 - 19:36 / Clipado em 23/10/2024 - 19:36

Falta de laudo da Prefeitura de S.Caetano mantém parque de escola fechado há 2 anos


Wilson Moço

Área foi interditada pela Defesa Civil após queda de galho de árvore (Foto: arquivo pessoal)

 

Os cerca de 500 alunos do ciclo 1 da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Leandro Klein, no bairro Nova Gerty, em São Caetano, estão impedidos de utilizar o playground, que também serve como espaço de convivência, há aproximadamente dois anos. Isso porque a área foi interditada pela Defesa Civil após queda de galho de árvore, que atingiu parte do alambrado, que cerca o espaço, e um dos brinquedos.

Professora concursada da rede municipal da cidade há 18 anos e que leciona prática científica na unidade, a bióloga Ana Paula Kordash aponta que o problema persiste há tanto tempo porque há divergências em torno da liberação da área, e que a Prefeitura não assume a responsabilidade de emitir laudo oficial sobre a condição da árvore.

Segundo a bióloga, após a interdição imposta pela Defesa Civil, a direção da escola encaminhou ofício à administração do prefeito José Auricchio Júnior (PSD) com pedido para que técnico da área ambiental fosse à escola avaliar a condição da árvore. Ou seja, se realmente oferece risco à comunidade escolar, a ponto de ser suprimida, ou a queda do galho foi fato isolado, resultado de forte ventania que atingiu a cidade na época do acidente e, portanto, pode voltar a ser usada pelos estudantes.

Dilema

Ana Paula conta que técnico disse à direção que a árvore não oferece risco e que o espaço poderia ser liberado. “No entanto, até agora não vimos nenhum documento oficial, porque o técnico disse que não faz por escrito nem gravou nada. Isso nos foi passado em reunião. Então, a escola achou prudente manter a área fechada, o que de fato é o mais acertado. Afinal, na cidade não temos profissionais capacitados para emitir um laudo, e quando temos, ele não se encontra apto para emitir um parecer técnico. Então, vivemos esse dilema”, reclama.

A bióloga disse estranhar o fato de que parte do espaço interditado é usada como estacionamento da direção da unidade e outra serve como ponto de parada de vans escolares, o que em tese não poderia ocorrer porque se os alunos estão proibidos de aproveitar a área, o mesmo deveria valer para todos os casos. “Não dá para entender, pois se existe risco, toda a área que fica embaixo da copa da árvore precisa ser interditada. E ali também param os veículos do transporte escolar. Ou seja, todos que utilizam a área correm risco. Então, deveria ficar fechada até que se tenha um laudo oficial liberando a área”, afirma.
 

(Foto: arquivo pessoal)

Na fila do SUS

Ana Paula também faz uma analogia que pode parecer estranha em relação ao dilema em torno da árvore que levou à interdição do playground, ao comparar a falta de fiscalização para mapear as reais condições das árvores existentes na Emef, assim como em outras escolas e no restante da cidade. “Podemos dizer que temos uma árvore na fila do SUS (Sistema Único de Saúde) há dois anos, à espera de uma avaliação médica para apontar quais suas condições. E ela pode ter chegado a uma doença que exigirá a supressão, o que impactará também no meio ambiente, na vida de pássaros. Como bióloga, vejo que há uma ausência por parte do poder público em relação a essa fiscalização”, critica.

Importância de brincar

Mãe da pequena Letícia, que está no último ano do Fundamental 1, Daniele (não informou sobrenome) lamenta que o parque que deveria servir para diversão e interação entre as crianças ainda esteja proibido, passados dois anos da queda do galho. Para a mãe, a situação já poderia ter sido resolvida há muito tempo, até pela importância que o brincar representa para as crianças, inclusive na formação, e que não há justificativa sobre o porquê de o espaço permanecer interditado.

“Sou Daniele, mãe da Letícia, do Fundamental 1. Vim do Rio de Janeiro faz pouco tempo e me deparei com o parquinho da escola quebrado, e minha filha e as outras crianças não podem usar, sendo que lá onde ela estudava, tinha parquinho onde brincava todos os dias. Mas quando chegou aqui ela se surpreendeu com a situação, de não poder brincar, e isso tem sido muito ruim para ela, ainda mais que é o último ano que vai poder brincar, porque a partir do ano que vem estará em uma série que não vai ter mais idade para usar os brinquedos. É uma situação chata, que já poderia estar resolvida. Só que as crianças estão aí, sem poder usar o parquinho”, relata a mãe.

Questionada na última terça-feira (22/10) sobre o fechamento do parque e da falta de laudo oficial que libere o espaço ou para que seja mantida a interdição, a Prefeitura solicitou prazo até esta quarta-feira (23/10), já que a Defesa Civil precisava de mais tempo para preparar um relatório, segundo informou a assessoria de imprensa. No entanto, não deu mais retorno até o fechamento desta reportagem.

 

https://www.reporterdiario.com.br/noticia/3527576/falta-de-laudo-da-prefeitura-de-s-caetano-mantem-parque-de-escola-fechado-ha-2-anos/

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Seção: São Caetano