Clipclap

Aguarde ...

Site Repórter Diário

Publicado em 30/09/2024 - 17:30 / Clipado em 30/09/2024 - 17:30

Diferença salarial entre homens e mulheres é maior no ABC do que índice nacional


George Garcia

 

No ABC diferença salarial entre homens e mulheres é maior que o índice nacional e piorou entre 2022 e 2023. A conclusão é do estudo feito pelo professor de Economia, Sandro Renato Maskio, da Strong Business School, com base nos dados da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais) de 2023. Em nível nacional a mulher ganha em média 17,6% menos que o homem no mercado formal de trabalho.

O Ministério do Trabalho também divulgou dado de que as mulheres ganham 20,7% menos, porém no ABC a disparidade salarial entre homens e mulheres é de 27,6%.

As maiores diferenças foram notadas nas áreas administração pública e na indústria de transformação com 36,82% e 34,58%, respectivamente, em seguida vem comércio e serviços com cerca de 17% de diferença salarial entre homens e mulheres cada um. A menor diferença de salários foi observada justamente em uma área onde os homens são historicamente maioria, a construção civil. Segundo o levantamento, nesta área, a diferença da remuneração e uma mulher comparada com a de um homem foi de 0,78%.

O levantamento mostra ainda que na última década houve uma tendência de queda dessa diferença salarial entre homens e mulheres, porém, entre 2022 e 2023, essa diferença que tinha chegado a 24,07% subiu para 27,6%, ou seja, na média, a mulher passou a ganhar menos ainda que o homem, apesar de toda a movimentação de luta em torno da igualdade de direitos entre homens e mulheres que ganhou ainda mais força na última década.

Para Maskio o mercado de trabalho ainda vive com questões arraigadas que dão mens oportunidades e salários menores para as mulheres. “Existe esse preconceito do custo financeiro de contratação da mulher; o empregador pensa na licença maternidade e pensa em faltas ao trabalho em caso da funcionária ter alguma situação a resolver com filho ou ainda com a família, já que hoje, como as famílias tem menos filhos e a população está envelhecendo também há os cuidados com os idosos. O homem estaria, em tese mais disponível para o trabalho, como, por exemplo, se a empresa precisar que o funcionário participe de uma reunião que vá até mais tarde”, analisa.

 

O professor também considera que tanto homens como mulheres enfrentam dificuldade de ascensão profissional nas suas carreiras porque cargos de maior responsabilidade exigem mais dedicação e nesta conta a mulher, que tem jornada dupla, perde mais. “Acontece com muita frequência de uma empresa de uma empresa não ter problemas de contratar uma copeira ou uma faxineira, mas tem resistência em contratar uma mulher para cargo de direção. Isso tem a ver com o quanto ela consegue administrar o tempo do cuidado com a família e o trabalho. A empresa, na avaliação de promoções avalia aquele que pode se dedicar mais e aquele com o qual não pode contar após determinado horário. Vejo muito isso acontecer com quem tem um emprego diurno e outro como professor à noite. Já vi muitos colegas que tiveram que deixar de dar aulas por causa da exigência do seu emprego diurno”.

Sandro Maskio aponta que o governo tem um papel importante para tentar equilibrar essa balança de salários. A lei 14.611 que estabelece a igualdade salarial entre homens e mulheres tem esse condão, porém é necessário um tempo para a sua assimilação pelo mercado de trabalho, segundo o professor. “A empresa com mais de 100 funcionários tem que divulgar relatórios para deixar essa relação de salários transparente, mas isso é algo muito recente e ainda é preciso a fiscalização atuar para ver se teremos resultado ou não. Essa lei mexe diretamente no segundo setor mais afetado que é o da indústria de transformação”, diz.

Mas porque determinada área tem mais ou menos diferença no salário pago para as mulheres em relação ao dos homens, tem a ver com a presença da mulher nestas áreas e em que posições, se mais ou menos qualificadas. No setor público, onde a diferença salarial é gritantemente maior, isso se explica, porque a mulher está muito presente na área de educação, como professoras, e na área de saúde como enfermeiras ou técnicas de enfermagem que são profissões de menor remuneração. Já na área da construção civil quase totalmente dominada por homens, a diferença salarial é menor porque os operários, ou seja, a base da categoria ganha salários menores, porém as mulheres estão na área de engenharia, arquitetura e em cargos na área de finanças que são melhor remunerados, por isso, na média a diferença é menor.

Para Maskio, a redução do desemprego, que chegou a bater 14% da população economicamente ativa, para perto de 7% pode melhorar a condição salarial das mulheres ao passo que vai faltar mais mão de obra e, com isso, aumenta o poder de barganha da candidata à vaga. “Com a melhora desse poder de negociação para o trabalhador a gente deve ver o encurtamento dessa diferença salarial”, completa.

 

https://www.reporterdiario.com.br/noticia/3513966/diferenca-salarial-entre-homens-e-mulheres-e-maior-no-abc-do-que-indice-nacional/

Veículo: Online -> Site -> Site Repórter Diário

Seção: ABC