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Publicado em 01/09/2024 - 08:12 / Clipado em 01/09/2024 - 08:12

Procura por cursos EaD cresce até 50% nas faculdades do ABC


Amanda Lemos

 

Desde a pandemia da covid-19, o ABC tem testemunhado crescimento significativo na demanda por cursos de educação a distância (EaD). Em algumas universidades, a procura pelos cursos chegou a aumentar até 50% de um ano a outro. O fenômeno pode ser atribuído a fatores, como maior flexibilidade oferecida pelo online, necessidade de atualização profissional e a busca por alternativas de ensino durante períodos de incerteza econômica e sanitária.

A Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), que oferecia 19 cursos EaD até 2023, ampliou a oferta para 28 cursos este ano. O número de estudantes ativos na modalidade também subiu, de 471 em 2023 saltou para 708 este ano, com 202 novos ingressos apenas no segundo semestre de 2024.

A Anhanguera, com polos no ABC, oferece atualmente 96 cursos de graduação e 650 de pós-graduação. O número de alunos da modalidade EaD da Cogna, que detém a Anhanguera, cresceu de 793 mil no ano passado para mais de 945 mil neste ano.

Ainda na região, a Universidade Metodista também foi alvo da maior demanda pelo EaD. Com polos em São Caetano, Mauá, São Bernardo, Santo André e Diadema, a instituição ofereceu 35 cursos em 2023, mas precisou ampliar a oferta para 38 este ano, e hoje tem cerca de 1,8 mil alunos inscritos.

Egressos do ensino médio

Já o Senac, com unidades em Santo André e São Bernardo, registrou um aumento de 14% na graduação e 16% na pós-graduação, se levado em conta o período de janeiro a agosto desde ano, em comparação ao ano passado. Os cursos de extensão também tiveram demanda 10% maior, o que indica que cada vez mais egressos do ensino médio acessam o ensino superior EaD.

Miguel Samori de Azevedo, de 51 anos, é um exemplo da tendência. Atualmente na segunda graduação EaD pelo Senac São Bernardo, Samori considera o método de ensino inovador e flexível, ideal para quem precisa conciliar estudos, capacitação profissional, trabalho e tratamento médico. “Não podia ficar parado; precisava estudar para não ficar para trás”, afirma.

A primeira graduação, em Programação, começou em 2021, e, antes mesmo de terminar o curso, Samori engatou a segunda graduação em Tecnologia da Informação (TI). Diante de um mercado cada vez mais competitivo, o estudante, que também é professor na modalidade EaD pelo Senai, observa mudança significativa na percepção sobre o EAD. “Antigamente, o EaD era mal compreendido e associado a algo de baixa qualidade. Depois da pandemia, com o aumento da adesão, as pessoas passaram a valorizar e entender melhor a dinâmica de ensino, até levando isso mais a sério no momento da contratação”, afirma.

Embora veja mais pontos positivos que negativos no EAD, Miguel acredita que ainda há áreas a serem aprimoradas. “Percebo que muitos professores ainda mantêm uma didática tradicional e têm pouca familiaridade com a tecnologia. Por isso, acho que é essencial investir no treinamento e aperfeiçoamento para que, somente depois, adaptem os docentes às ferramentas online”, defende.

Mudança no cenário

A mudança no cenário educacional não está restrita a um único setor. Para além da maior procura para os cursos EaD, é perceptível a tendência na diversificação das áreas de estudo, que vai desde as formações técnicas e de graduação até especializações e MBAs.

Entre os cursos mais procurados entre as instituições estão os cursos voltados à tecnologia, como Desenvolvimento de Sistemas, Tecnologia da Informação (TI), Marketing Digital, Design Gráfico, Segurança Cibernética, Produção Audiovisual e Engenharia da Computação, até cursos voltados para a área de exatas, como Gestão Financeira, Engenharia Civil e Gestão Comercial.

Para a coordenadora de pós-graduação do Senac EaD, Zilma Maria Cavalheiro de Carvalho, quem cursa o EaD, por ser uma atividade que exige dedicação, desenvolve habilidades importantes que tendem a aprimorar o desempenho pessoal e profissional, como autonomia, foco, organização e comprometimento. “Existem outros benefícios, como a economia de tempo de deslocamento, acesso a professores com experiência de mercado e networking com colegas e professores que atuam em diferentes mercados nacionais e, muitas vezes, internacionais”, frisa.

A alta na procura por cursos EaD também reflete nas demandas do mercado de trabalho. Profissionais que buscam se atualizar ou mudar de carreira recorrem a essas opções de ensino para adquirir novas competências e se destacar em um cenário cada vez mais competitivo.

Desafios

No que se refere aos desafios, fica evidente que a pandemia da covid-19 acelerou a necessidade de adaptação ao ensino remoto e, embora o cenário tenha mudado, com muitas pessoas que descobriram a eficácia e conveniência do EaD, é preciso reciclagem, formação e capacitação dos professores, assim como a disciplina do estudante.

“A tecnologia evoluiu rapidamente, proporcionando experiência de aprendizagem única e cada vez mais interativa, mas é preciso muito foco e disciplina para assumir o compromisso do EaD”, defende Alexandra Alves da Silva, professora particular em Ribeirão Pires e pesquisadora em Educação a Distância.

Na visão da profissional, a escolha e implementação de plataformas tecnológicas adequadas também são cruciais. “Problemas técnicos e a falta de integração entre diferentes ferramentas podem prejudicar a experiência de aprendizado, e os professores precisam acompanhar essa atualização”, defende ao citar que, apesar da grande procura, essa ainda é uma defasagem observada em grande parte das instituições de ensino.

Marco regulatório

Com a entrada no Novo Marco Regulatório para EaD, grande parte das universidades tem trabalhado para alinhar-se aos quesitos propostos, principalmente os relacionados com a qualidade de um ensino que possa formar profissionais de excelência nas mais diversas áreas e assim contribuir com redução da desigualdade social que ocorre no País, uma vez que a EaD, por meio da tecnologia, chega nos mais diversos pontos do Brasil e do Exterior.

Outro ponto chave que muitas instituições investem, a exemplo da Metodista, é a implementação de mais polos de apoio presencial, a fim de exista a maximização da educação a distância.

 

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Seção: Educação