
Publicado em 21/05/2024 - 19:14 / Clipado em 21/05/2024 - 19:14
Prefeito chama vereadora de ‘tchutchuca’ e é denunciado
Redação
O prefeito de São Caetano do Sul (SP), Auricchio Júnior (PSDB), se tornou alvo de uma representação junto ao Ministério Público Eleitoral após supostamente se referir a uma vereadora como “tchutchuca”.
Na noite de segunda-feira (20), durante um evento público de prestação de contas promovido pela prefeitura, o tucano dirigiu críticas a uma parlamentar da Câmara Municipal local sem citá-la nominalmente.
“Este parlamentar, ou esta parlamentar, ela gosta de mentir para a população, ela mentiu em outras situações. É valente comigo, me xinga quando tem a oportunidade de falar com repórter. Quando vai no jornal lá [Diário do Grande ABC], no tal jornal que o dono ficou preso um tempão lá, ela vira uma tchutchuca”, afirmou o prefeito, que discursava para uma plateia.
“Ali, ela é amiga de todo mundo, conversa simpaticamente. Agora, quando está individualizado é agressiva. Às vezes, chega a faltar com modos de educação e probidade”, disse ainda. “Nada disso me preocupa. Nada disso. Mas tem vereadora que vai lá e que vira tchutchuca no jornal”, completou.
Bruna Biondi (PSOL), integrante do Mandato Coletivo das Mulheres Por + Direitos e autora da queixa apresentada ao órgão, diz ser o alvo da ofensa e acusa o chefe do Executivo municipal de praticar violência política de gênero.
A psolista afirma ser a única vereadora da Casa que faz oposição ao mandatário e que, portanto, só poderia ser ela a pessoa citada. Além de Biondi, a Câmara Municipal de São Caetano do Sul só tem mais uma parlamentar do gênero feminino, Thai Spinello (PSD), que integra a base de Auricchio Júnior e estava sobre o palco no momento em que ele discursou.
Na representação enviada ao Ministério Público Eleitoral, Biondi afirma que foi exposta a “uma situação vexatória e diminutiva” e que o prefeito teria tido a intenção de constrangê-la e humilhá-la por sua condição de mulher.
A vereadora da cidade do ABC Paulista recebeu o apoio jurídico do mandato da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) ao recorrer ao órgão.
“O termo ‘tchutchuca’ é socialmente utilizado para se referir, de forma humilhante, à condição agradável, dócil e domada da mulher em relação a um homem poderoso. Tendo muitas das vezes até mesmo conotação sexual, como referência de submissão sexual da mulher em relação a um homem”, diz a queixa.
“Seja qual for o contexto de utilização do termo ‘tchutchuca’, em nenhum deles haverá conotação positiva, já que este carrega necessariamente um teor de humilhação e de constrangimento que fazem parte do significante da palavra”, acrescenta.
Procurado pela coluna, o prefeito Auricchio Júnior diz que os fatos relatados pela parlamentar não correspondem à realidade. “Repudio veementemente a disseminação à imprensa de uma informação que não condiz com a realidade. O meu compromisso é e sempre será com uma gestão de excelência”, afirma o chefe do Executivo municipal, em nota.
A representação afirma que o tucano é a mais alta autoridade da cidade e que sua atitude mostraria aos demais vereadores, a agentes públicos e aos munícipes que todos teriam seu aval “para que esse tipo de comportamento machista e também criminoso aconteça”.
Ao Ministério Público, a vereadora sustenta que o prefeito poderia ter lançado mão de diversos outros termos para se referir à opositora em vez de optar “pelo desprezo ao aspecto feminino” e inferiorizar a sua condição de mulher.
“A conduta que está expressamente vedada pelo Código Eleitoral”, diz, se referindo à lei que versa sobre o crime de violência política de gênero.
Veículo: Online -> Site -> Site Notícias do brasil
Seção: São Caetano