Publicado em 21/05/2024 - 19:10 / Clipado em 21/05/2024 - 19:10
Após ser chamada de 'tchuchuca', vereadora denuncia prefeito ao MP
Evaldo Novelini e Wilson Guardia
A vereadora de São Caetano Bruna Biondi (Psol) denunciou nesta terça-feira (21) o prefeito José Auricchio Júnior (PSDB) ao MP (Ministério Público) por violência política de gênero. A pena para o crime prevê prisão de um a quatro anos. A legisladora argumenta que o tucano incitou ataques contra ela durante prestação de contas realizada na noite de segunda-feira na Paróquia Nossa Senhora Aparecida.
Bruna, uma das duas vereadoras na Câmara de São Caetano, e a única da oposição, alega que o prefeito se referia a ela quando disse em seu discurso haver no Legislativo parlamentar que “gosta de mentir”. Auricchio também chamou-a de “tchutchuca” e acusou-a de ser agressiva. O Diário obteve gravação da audiência e confirmou os termos utilizados pelo chefe do Executivo.
“É um completo absurdo e nós não vamos permitir que passe batido. É a típica postura de quem quer atacar uma mulher se escorando no machismo. Tentou me pintar de raivosa, desqualificar o debate, quando todas as críticas que faço são políticas. Quando o prefeito faz isso num evento público, ele incentiva e autoriza que outros possam fazer até pior”, declarou Bruna.
Durante a prestação de contas, sem citar nenhum nome, Auricchio atacou “parlamentar” que estaria falando “o que não deve” sobre o programa tarifa zero no transporte público, implantado pelo município em 1º de novembro, e que necessitaria de mais ônibus, já que a demanda de passageiros aumentou em 320% após a liberação das catracas.
“Esta parlamentar, ela gosta de mentir, mentiu em outras situações. É valente comigo, me xinga quando tem oportunidade de falar com repórter. Quando vai no jornal (…) ela vira uma tchutchuca. Agora, quando tá individualizado, é agressiva, às vezes chega a faltar com modos de educação”, disse Auricchio, sem mencionar o nome de Bruna.
A vereadora, todavia, não tem dúvidas de que Auricchio se referia a ela. “Denunciamos ao MP e vamos até o fim para que ele seja responsabilizado”, alegou. A lei federal 14.192, sancionada em 2021 pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL), tornou crime a violência política de gênero no Brasil.
Segundo o texto, está sujeito à pena de um a quatro anos de prisão quem assediar, constranger, perseguir ou ameaçar candidata a cargo eletivo ou detentora de mandato, utilizando-se de discriminação à condição de mulher.
A reportagem do Diário entrou em contato com a assessoria de Auricchio para ouvi-lo, mas não obteve resposta.
Veículo: Online -> Site -> Site Diário do Grande ABC - Santo André/SP
Seção: São Caetano