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 Site Valor Econômico - São Paulo/SP

Publicado em 07/04/2024 - 08:29 / Clipado em 07/04/2024 - 08:29

PSDB derrete, e PSD de Kassab chega a 320 prefeitos


Partido do secretário de Governo de Tarcísio é beneficiado na janela partidária

Por Cristiane Agostine — De São Paulo

 

Longe do poder e em meio a uma crise interna, o PSDB minguou no Estado de São Paulo e passou dos 173 prefeitos eleitos em 2020 para apenas 26. A maioria dos municípios paulistas governados hoje por tucanos tem menos de 100 mil eleitores. Em contrapartida, o PSD do secretário estadual de Governo, Gilberto Kassab, quintuplicou o número de prefeituras no Estado e deve fechar o período da janela partidária com cerca de 320 prefeitos, metade das cidades paulistas.

Atualmente, as 26 prefeituras comandadas pelo PSDB somam 3,17 milhões de eleitores, 9,3% do total do Estado. O cenário contrasta com o que saiu das urnas há quatro anos, quando o partido reelegeu o prefeito Bruno Covas na capital paulista (cidade com 9,3 milhões de eleitores), elegeu outros 172 prefeitos e comandava quase metade do eleitorado do Estado, com o maior número de prefeituras.

Contrasta ainda mais com o que foi registrado em 2022, quando o PSDB chegou a ter 238 prefeitos em São Paulo, depois de um movimento de filiação em massa comandado pelo então governador João Doria (ex-PSDB), que buscava ter apoio dentro do partido para disputar a prévia nacional da legenda e tentar ser candidato à Presidência contra o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. Sem respaldo dentro do PSDB, Doria não foi candidato e deixou a legenda em 2022. Seu sucessor no governo estadual, Rodrigo Garcia, disputou a reeleição, mas perdeu no primeiro turno e também se desfiliou do PSDB.

Dirigente nacional do partido, o prefeito de Ribeirão Preto, Duarte Nogueira, diz que o PSDB “derreteu” no Estado. “Chegamos no fundo do poço”, afirma. “Daqui para frente, é só crescer. Temos que saber gerenciar a reconstrução do partido, depois do derretimento”, diz Nogueira.

Das 26 cidades de São Paulo governadas atualmente pelo PSDB, oito têm mais de 100 mil eleitores. A maior delas é São Bernardo do Campo, com 642 mil eleitores, seguida por Santo André (583,3 mil eleitores) e Ribeirão Preto (475 mil). Nessa lista estão ainda Araçatuba, Carapicuíba, Guarujá, Jacareí e São Caetano do Sul.

As outras 18 cidades têm eleitorado que varia de 3 mil pessoas (Parisi) a 92, 6 mil (Votorantim). Os dados sobre as prefeituras comandadas por tucanos foram divulgados pelo PSDB paulista.

Na capital, o partido já elegeu três prefeitos (José Serra, João Doria e Bruno Covas) e conseguiu em 2016 uma vitória inédita na cidade, ao eleger Doria no primeiro turno. Agora, a situação é de penúria. O PSDB deixou o comando da cidade com a morte de Covas, em maio de 2021, poucos meses depois de se reeleger. O vice-prefeito eleito Ricardo Nunes (MDB) assumiu a gestão e não terá o apoio dos tucanos para disputar a reeleição.

Na eleição municipal passada, o partido elegeu a maior bancada da Câmara Municipal da capital, com oito vereadores, mesmo número eleito pelo PT. Os parlamentares tucanos decidiram apoiar a reeleição de Ricardo Nunes e, em meio a divergências com a atual direção municipal e estadual, decidiram deixar o PSDB. Com isso a legenda perdeu a representação no Legislativo da maior cidade do país. O maior beneficiário foi o MDB do prefeito, que filiou quatro dos oito ex-tucanos. O PSD filiou dois.

O PSDB ainda não formou a chapa que deve disputar a Câmara e calcula eleger um ou, no máximo, dois vereadores na cidade.

Em 2020, o partido teve cerca de 400 candidatos a prefeito nas 645 cidades do Estado. Para a eleição deste ano, o número de candidaturas tucanas será mais modesto. Até agora, há 70 pré-candidaturas em conjunto com o Cidadania, partido ao qual o PSDB está federado. Nem todas essas pré-candidaturas são lideradas por tucanos. Segundo Nogueira, a divisão entre os nomes do PSDB e do Cidadania está equilibrada. Nogueira é presidente da federação PSDB-Cidadania na cidade de São Paulo e no Estado, e segundo vice-presidente da Executiva nacional do partido.

“Depois que o PSDB perdeu o governo do Estado, o partido sofreu uma especulação violenta”, diz Nogueira. O PSDB comandou o Estado por sete mandatos consecutivas até a derrota de Rodrigo Garcia, em 2022. “Teve a saída em massa dos prefeitos do PSDB, em especial para o PSD, atraídos pelo governo.”

Um dos poucos a se filiar ao PSDB para disputar uma prefeitura foi o ex-deputado estadual Fernando Cury, que assediou a ex-deputada Isa Penna. Na época, os dois eram deputados e Cury apalpou os seios de Isa durante uma sessão da Assembleia Legislativa, em cena gravada e transmitida pela Casa, em 2021. O parlamentar foi afastado temporariamente do cargo, expulso do Cidadania, não conseguiu se reeleger em 2022 pelo União Brasil e foi condenado por importunação sexual. Agora, Cury entrou no PSDB para concorrer à Prefeitura de Itatinga, cidade vizinha a seu berço político, Botucatu.

O principal herdeiro do espólio eleitoral do PSDB no Estado é o PSD, que atraiu boa parte dos prefeitos, vice-prefeitos e vereadores tucanos e já quintuplicou o número de prefeituras em São Paulo. O partido tem hoje o maior número de prefeituras do Estado, com quase metade (49%) das cidades paulistas.

Em 2020, o PSD elegeu 66 prefeitos. Agora, calcula fechar o período de janela partidária, que terminou no sábado (6), com 320 prefeituras. O presidente nacional do partido, Gilberto Kassab, comanda a secretaria estadual de Governo, da gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos), e tem atraído prefeitos com a promessa de convênios, recursos e investimentos. O PL também tem feito uma forte investida nos tucanos e já atraiu lideranças do PSDB como o prefeito de Jundiaí, Luiz Fernando Machado. O Republicanos, partido do governador, PP, MDB e União Brasil também filiaram prefeitos, mas ainda não divulgaram um balanço do total de prefeituras comandadas atualmente.

 

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Seção: Política