
Publicado em 06/12/2023 - 08:06 / Clipado em 06/12/2023 - 08:06
Ambientalista prevê perda de controle sobre mananciais com privatização da Sabesp
George Garcia
Nesta terça-feira (5/12) o segundo dia em que os debates sobre o projeto de lei de autoria do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) são travados na Assembleia Legislativa, novamente a oposição foi protagonista, com discurso contrário à aprovação da proposta que tem uma enxurrada de emendas propostas. O projeto, que tramita em regime de urgência, precisa de seis horas de discussão, parte ocorrida durante a sessão de segunda-feira (4/12) e o restante nas duas sessões extraordinárias desta terça. A previsão é que o projeto de lei 1501/2023 seja colocado em votação nesta quarta-feira (6).
Para a bióloga, ambientalista e coordenadora do IPH (Índice de Poluentes Hídricos) da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Marta Marcondes, a entrega da Sabesp à iniciativa privada pode fazer com que o Estado perca o controle das áreas de mananciais e a piora da qualidade da água nas represas, como a Billings e Guarapiranga.
“Eu espero que não ocorra essa privatização. Espero que repensem porque isso não tem cabimento, pois nada que pagarem pela Sabesp será o que ela vale. Se hoje temos dificuldade em cobrar ações da companhia quando a preservação dos mananciais imagina se ela se tornar uma empresa privada. O saneamento é um investimento, cada real gasto resulta em doze reais economizados na atenção básica de saúde, mas a iniciativa privada não vai investir para o Estado ter retorno, o lucro tem que ser dela. Para mim a privatização é um disparate. Os documentos que temos mostram que a Sabesp tem lucro e não é pouco”, diz.
A Sabesp tem 28,4 milhões de clientes em 375 cidades e neste grupo estão os municípios do ABC, exceto São Caetano. A empresa tem ações na bolsa de valores de Nova York e no ano passado teve um lucro superior a R$ 3 bilhões. A Sabesp é de economia mista e 50,3% das ações são do Estado que tem o controle.
De acordo com a bióloga as obras em andamento que são prioritárias para a região são as das estações elevatórias, responsáveis por bombear o esgoto para que ele seja enviado às estações de tratamento. “Essas são obras que não podem parar jamais. Além de terminar as elevatórias elas precisam de modernização. Projetos como o Córrego Limpo, que contribui para a qualidade da água das represas, a despoluição dos rios Pinheiros e Tietê, e o programa Se Liga Na Rede, que visa regularizar a distribuição nos locais onde as ligações são clandestinas, são coisas que tem que continuar. Se privatizar o governo tem que impor obrigações como a continuidade desse trabalho”, diz Marta.
A ambientalista prevê que o trabalho de cobrança e aferição da qualidade da água, caso a desestatização da Sabesp ocorra, aumente. “A situação dos mananciais só não está pior porque nós cobramos e conseguimos conversar. Com toda a dificuldade, como a empresa é pública, nós conseguimos falar com representantes, eles precisam prestar contas, se for uma empresa privada eles não terão essa mesma obrigação, daí o nosso trabalho fica mais difícil”, completa.
O RD questionou a Sabesp sobre as obras em andamento no ABC e também as que estão planejadas para a região. Até o fechamento desta reportagem não houve resposta.
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Seção: São Caetano