
Publicado em 30/11/2023 - 17:38 / Clipado em 30/11/2023 - 17:38
Dia Mundial da Luta Contra a AIDS: Brasil tem mais de um milhão de pessoas vivendo com a doença
País teve 16,7 mil casos da HIV no ano passado, com com distribuição similar entre os sexos masculino (52,4%) e feminino (48,4%)
GABRIEL PAZ
Da Redação*
No dia 1 de dezembro, é celebrado o Dia Mundial da Luta Contra a AIDS. Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil ultrapassou a marca de um milhão de pessoas vivendo com o HIV. Em 2022, houve o registro de mais de 16,7 mil casos da infecção, sendo a maior concentração entre os jovens, de 25 a 39 anos, e com distribuição de 52,4% no sexo masculino e 48,4% no feminino, de acordo com o boletim epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde.
A edição mais recente do Boletim Epidemiológico de HIV/AIDS mostrou que, entre 2011 e 2021 o número de diagnósticos saltou 198%, passando de 13,7 mil para 40,9 mil no país. O infectologista Hilton Luís Alves Filho explica como o vírus se propaga. "É predominantemente transmitido por relações sexuais desprotegidas, compartilhamento de utensílios como seringas, agulhas, canudos e da pessoa gestante para criança durante a gravidez, parto ou durante a amamentação".
O doutor infectologista Mateus Ettori Cardoso fala sobre como as pessoas podem reduzir o risco de contrair o HIV. "Uso de preservativos e gel lubrificante, a realização da Profilaxia Pré Exposição (PrEP) e Pós Exposição (PEP), testagens regulares, tratamento como prevenção, imunizantes para Hepatite A, Hepatite B e HPV".
Os sintomas iniciais da infecção pelo vírus, chamada Síndrome Retroviral Aguda, não são específicos e podem simular uma gripe, incluindo febre, fadiga, dor de garganta, ínguas no pescoço (nódulo) e manchas na pele. No entanto, estes sintomas podem variar significativamente entre os indivíduos, podendo ser sem nenhum sinal ou sintoma, o que torna essencial a testagem frequente (anualmente ou a cada seis meses).
A AIDS é uma doença que não tem cura, porém existem alguns tipos de tratamento, como os medicamentos antirretrovirais (ARV), que ajudam a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico, eles são distribuídos gratuitamente no Brasil. Atualmente, existem 22 medicamentos em 38 apresentações farmacêuticas.
Adriano Lopes, 48, é morador da cidade de São Paulo e faz 38 anos que convive com a doença. Ele não mudou sua mudança na alimentação ou estilo de vida e esclarece a dedicação ao realizar os procedimentos médicos. "A única coisa que eu nunca deixei de fazer foi tomar as minhas medicações, por pior que fossem os efeitos colaterais eu nunca interrompi meu tratamento".
Além dos remédios, também existem as Intervenções Biomédicas (ações voltadas à redução do risco de exposição), Intervenções Comportamentais (incentivos a mudanças de comportamento da pessoa e da comunidade ou grupo social em que ela está inserida) e as Intervenções Estruturais (atos focados nos fatores e condições socioculturais que influenciam diretamente a vulnerabilidade de indivíduos ou grupos sociais específicos ao HIV, envolvendo preconceito, estigma, discriminação ou qualquer outra forma de alienação dos direitos e garantias fundamentais à dignidade humana).
"Eu lidei com muito preconceito, eu sempre procurei não deixar que me afetasse. Isso só me incentivou a lutar contra. Não me afeta mais, mas eu me preocupo muito com as outras pessoas". Ressaltou Adriano sobre os estigmas sofridos por ele e por pessoas que lidam com essa enfermidade.
No Grande ABC - No mês de maio, o Diário do Grande ABC entrou em contato com as prefeituras da região que concluíram que os municípios acumulam 6.117 pacientes em tratamento do HIV. Porém São Bernardo e São Caetano não encaminharam os dados, e Rio Grande da Serra não tem nenhum paciente na rede municipal de saúde.
Na ordem das cidades com maior número de pessoas soropositivas, Santo André aparece em primeiro, com 2.857 casos na rede municipal de saúde, seguida por Diadema, com 1.564 pessoas com a doença, Mauá (1.307) e Ribeirão Pires (389). Estes números representaram um aumento de 20,15% em comparação a dezembro do ano passado.
A infectologista Elna Amaral explica quais são os testes existentes e como funcionam. "A gente tem os testes rápidos, que já dão o diagnóstico em 40 minutos, seja negativo ou positivo. E tem os testes de laboratório, que devem ser solicitados pelo médico, a desvantagem é que demora no mínimo 24 horas".
As três cidades do ABC realizam testes para o HIV, Santo André oferece em todas as Unidades Básicas de Saúde, no Serviço de Atenção Domiciliar, nos Centros de Especialidades, Unidades de Pronto Atendimento, hospitais, no Caps AD (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas), CDP (Centro de Detenção Provisória) e Ambulatório da Fundação do ABC. O tratamento é feito no Centro Médico de Especialidades, Referência em Infectologia, na Vila Vitória.
São Bernardo realiza testes rápidos para HIV nas 33 UBSs disponíveis. E, em São Caetano, as testagens são feitas em todas as UBSs, Pronto Atendimento e Cepadi (Centro de Prevenção e Atenção às Doenças Infecciosas).
*Esta reportagem foi produzida por estagiários da Redação Multimídia do curso de Jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo.
Veículo: Online -> Portal -> Portal Universidade Metodista de São Paulo
Seção: São Caetano